O presidente-executivo da Petrobras, Aldemir Bendine: "Vamos buscar um esforço forte na rentabilização da companhia", afirmou (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2015 às 16h54.
São Paulo - O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, voltou a defender nesta segunda-feira, 6, o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 apresentado na semana passada pela estatal.
Segundo ele, o planejamento da companhia considera a nova realidade do mercado, com preço do petróleo mais baixo e um dólar mais valorizado, e tem como foco garantir a rentabilidade da empresa.
"Vamos buscar um esforço forte na rentabilização da companhia", afirmou Bendine, que participa da abertura do Ethanol Summit 2015, em São Paulo.
Além da rentabilidade das operações, o plano também visa garantir geração de caixa à estatal, ao mesmo tempo em que são previstos investimentos de US$ 130,3 bilhões entre 2015 e 2019.
"Queremos trazer o nível de endividamento da companhia a um padrão mais satisfatório", disse Bendine. "Falamos de uma empresa que, mesmo mais enxuta, possa trazer retorno a seus acionistas", complementou o presidente da Petrobras.
Política de preços e etanol
Bendine reafirmou que a política de preços da Petrobras seguirá a tendência do mercado, um discurso que vem sendo praticado pelo executivo desde que assumiu o cargo, em fevereiro passado.
Qualquer ajuste de preço, segundo o executivo, deve ser feito no "momento exato", o que é considerado essencial para que não haja pressão sobre a importação de gasolina. Ele destacou também a importância do etanol para reduzir a importação do derivado de petróleo.
A uma plateia de executivos do setor sucroalcooleiro, Bendine destacou que o momento se caracteriza por uma "baixa demanda", e por isso a companhia precisa saber o "momento correto" para uma possível adequação de preços.
Ao discursar sobre o preço dos combustíveis produzidos pela Petrobras, Bendine fez questão de dar um recado direto à indústria sucroalcooleira, responsável pela produção de etanol. O combustível gerado a partir da cana de açúcar tem sua competitividade atrelada à oferta de gasolina pela Petrobras - uma vez que o preço e a demanda pelo combustível renovável estão vinculados ao mercado da gasolina.
"Não queremos a Petrobras em posição excessiva de importação de gasolina. E o etanol é fundamental para que a gente reduza cada vez mais a dependência do refino", pontuou Bendine.
"Temos a dependência do bom trabalho de vocês para equilibrar esse ponto que é muito caro em relação ao abastecimento do País", complementou o executivo, solicitando o apoio da indústria sucroalcooleira.
A preocupação do executivo com o mercado de combustíveis é explicada pelo Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, divulgado na semana passada pela estatal.
O planejamento da companhia não prevê a construção das refinarias Premium do Nordeste e ainda sinaliza a postergação do cronograma de construção da refinaria a ser instalada no Rio de Janeiro, conhecida como Comperj.
Sem tais projetos, o balanço futuro entre oferta e demanda por combustíveis pode enfrentar algum desequilíbrio.
Kátia Abreu
Em vídeo transmitido na Ethanol Summit 2015, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que a recomposição da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e o aumento da mistura de anidro na gasolina "ainda não são tudo" o que é necessário fazer para ajudar na recuperação do setor sucroenergético.
"Precisamos fazer mais, precisamos de segurança jurídica, de planejamento estratégico e mostrar que o etanol está, sim, na matriz energética brasileira", afirmou.
A ministra não pôde participar do evento, porque está em Tóquio, no Japão, onde trata da abertura de mercados a produtos agropecuários brasileiros.