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Pipoca repaginada: esta chef criou um império gourmet e prevê faturar R$ 29 milhões em 2025

Com a PopCorn Gourmet, Elaine Moura une propósito, inovação e sustentabilidade em mais de 60 unidades no Brasil – e expande o negócio com as marcas Pop Coffee e a Pop Milky

Elaine Moura, fundadora da PopCorn Gourmet: “Transformamos o que seria descarte em uma nova frente de atividade, que gera valor e reforça nosso compromisso com sustentabilidade”

Elaine Moura, fundadora da PopCorn Gourmet: “Transformamos o que seria descarte em uma nova frente de atividade, que gera valor e reforça nosso compromisso com sustentabilidade”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 29 de julho de 2025 às 14h00.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 17h38.

Criatividade, inspiração familiar e propósito marcam a trajetória de Elaine Moura. Goiana de origem simples e criada em uma família de cozinheiros, ela cresceu entre receitas, panelas e histórias. Mas, por muito tempo, a gastronomia não foi uma opção óbvia. “Minha mãe era merendeira e meu avô, cozinheiro. Sempre amei esse ambiente, mas a profissão não era valorizada na época, nem vista como uma boa escolha”, conta. Mesmo assim, foi justamente essa herança afetiva que impulsionou seu futuro.

Atualmente, está à frente da PopCorn Gourmet, rede especializada em pipocas premium que soma 55 franquias e seis lojas próprias. Os produtos também estão no varejo, como em cinemas, supermercados e padarias, e a meta é ultrapassar 2 mil pontos de venda até o fim deste ano. Em paralelo, lançou duas novas frentes: a Pop Coffee, em 2023, e a Pop Milky, no ano passado. A previsão é que o grupo atinja um faturamento de R$ 29 milhões em 2025, ante os R$ 18 milhões registrados no ano anterior.

Entre as metas de crescimento, estão a expansão das franquias para o Chile e os Estados Unidos, com inaugurações previstas para o início de 2026, além de negociações em andamento com varejistas do Paraguai e de Portugal. Países africanos também estão no radar.

A empresária também é palestrante, líder do Entre Raízes, movimento de empreendedoras e executivas pretas, e recentemente foi jurada do quadro Jogo de Panelas, no programa Mais Você, da Globo.

Repertório plural e o início de uma ideia milionária

Apesar de a culinária acompanhar Elaine desde cedo – aos 12 anos fazia doces com frutas do pomar de sua casa e vendia aos vizinhos –, estudou economia e jornalismo antes de se formar em Gastronomia. Com essa bagagem técnica e prática, abriu um buffet em 2000. À frente da empresa por quase duas décadas, conquistou reputação como chef, assinando eventos de alto padrão.

A virada veio em 2014, ao criar uma pipoca gourmet para presentear clientes do estabelecimento. O sucesso foi imediato e os pedidos começaram a surgir. “Percebi que tinha uma fórmula especial nas mãos e decidi estruturar a marca”, conta.

Antes de lançar a empresa, no entanto, promoveu degustações com diferentes públicos, pesquisou modelos internacionais e realizou testes em lojas-piloto para desenhar um plano de negócios com base em experiências reais. “Foi quase um ano até chegarmos à receita ideal, com sabor e crocância, e um bom prazo de validade, sem conservantes artificiais”.

A transição foi feita com cautela. Até 2019, ela conciliou os dois empreendimentos. “Só vendi o buffet quando percebi que o modelo da PopCorn era escalável, padronizável e mais lucrativo”, afirma. Foi nessa época também que estruturou o modelo de franquia.

O desafio seguinte foi garantir a padronização dos produtos, desenhar a cadeia logística e formar uma rede de parceiros para executar o modelo comercial. “O crescimento foi orgânico, e quem vende nossas franquias são os próprios franqueados – apaixonados pelo produto e conscientes do suporte que oferecemos.”

Crescimento com propósito e parceria de peso

Em uma década, a PopCorn Gourmet se consolidou como a maior franquia de pipocas do Brasil. Para Elaine, esse avanço é reflexo de uma trajetória pautada por credibilidade e valores sólidos. “Nossa premissa sempre foi a política do ganha-ganha. As pessoas se conectam com a minha história e com a forma transparente com que conduzo a operação. Não temos problema em nos retratar quando erramos, por exemplo. Também não temos medo de criar campanhas ousadas e estabelecer parcerias”, afirma. “Nosso propósito é produzir as melhores pipocas do mundo, em um ambiente diverso, acolhedor, divertido e lucrativo.”

A diversidade, aliás, é um tema que acompanha a marca desde o início, mas que ganhou mais intencionalidade a partir de 2022, quando a empresária começou a participar de programas sobre o tema. “Percebi que podíamos fazer mais e começamos a abrir vagas afirmativas de forma deliberada”, conta. Hoje, cerca de 80% dos franqueados são mulheres, e o time de liderança é majoritariamente composto por mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+.

Outro pilar fundamental é a inovação, presente nos processos e nos produtos. Um bom exemplo são os sabores exclusivos criados em parceria com a Nestlé. “No início da marca, criamos uma pipoca trufada com chocolate branco e leite Ninho. Quando a companhia experimentou, nos convidou para um processo de licenciamento. Foi um grande passo relançá-la com o selo Ninho”, conta. A aprovação veio após uma auditoria internacional rigorosa. Em seguida, vieram novos sabores, como Alpino e Sensação.

Oportunidades que surgiram de desafios

Durante a pandemia, com o isolamento social, a chef voltou à cozinha para resolver um problema interno: o desperdício de insumos. Elaborou receitas com ingredientes como pipocas quebradas, leite em pó e cacau. O primeiro experimento resultou no Pop Cappuccino, que deu origem à Pop Coffee, rede de cafeterias com cardápio temático e receitas exclusivas.

Na sequência, nasceu a Pop Milky, linha de milk shakes feitos com pipoca. Hoje, a marca consegue reutilizar 100% dos insumos. “Transformamos o que seria descarte em uma nova frente de atividade, que gera valor e reforça nosso compromisso com sustentabilidade.”

Coragem, consistência e comunidade

Para quem está começando, especialmente mulheres e pessoas de grupos sub-representados, Elaine recomenda analisar a afinidade com o negócio que está criando, estudar o mercado e realizar um bom planejamento estratégico. “Mas não espere validação de espaços que nunca foram abertos para você. Tenha coragem, crie seus próprios espaços e cerque-se de pessoas confiáveis que possam ser sua rede de apoio”, finaliza.

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