Alessio Alionço, CEO do Pipefy: empresa entra definitivamente no mercado de ferramentas de IA generativa (Divulgação/Pipefy)
Repórter
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 07h00.
O empreendedor Alessio Alionço tinha um objetivo claro quando fundou a plataforma Pipefy em 2015: criar uma ferramenta acessível para os "fazedores". Para o curitibano, era essencial ajudar aqueles profissionais que lidam com tarefas operacionais, como pagamentos e reembolsos, mas não têm o suporte adequado para agilizar os processos.
Antes, Alionço tinha uma carreira voltada à consultoria de empresas. Focava em melhorias operacionais, mas percebia gargalos: as ferramentas disponíveis eram robustas, mas caras e dependiam de equipes de TI, dificultando o acesso das áreas de negócio.
Em 2012, vendeu sua primeira startup e percebeu que empreender sempre esteve no DNA. A Acesso Zero era um marketplace que oferecia descontos de serviços na região, estimulando o consumidor a conhecer novos lugares.
“Se você quiser tirar uma ideia do papel, disparado eu vou ser a melhor pessoa para te ajudar. É quase uma obsessão minha entender como entregar a melhor experiência”, afirmou. Hoje, ele dedica parte de seu tempo a mentorear outros empreendedores.
Tudo isso levou a criação do Pipefy, uma plataforma descrita como um "Lego de fluxos de trabalho", em 2015. A lógica é que é possível criar planilhas intuitivas e fáceis de entender, divididas em fases, tarefas ou pessoas. Não é necessário um programador, só é preciso mexer as "peças de Lego" que aparecem na tela.
O conceito da startup de Curitiba com pegadas no Vale do Silício (ou vice-versa) atraiu gigantes como Visa, IBM, Volvo e Itaú, e mais de 4.000 clientes em 150 países. Em 2021, o Pipefy chegou a captar US$ 150 milhões de fundos como SoftBank e Founders Fund. Na época, virou um "potencial unicórnio", mas desacelerou sua busca pelo valuation bilionário para focar na eficiência operacional.
O breakeven só veio em 2024, com uma receita de US$ 40 milhões. “Ser unicórnio é só um número, uma fotografia do momento. Nossa meta é construir algo que dure, impacte nossos clientes e continue relevante a longo prazo”, explica Alionço.
A aposta para continuar relevante em 2025 é o aquecidíssimo mercado de inteligência artificial generativa. “Sabíamos que, para crescer, precisaríamos estar no eixo onde a inovação acontece”, diz Alionço.
Hoje, tanto gigantes como a Microsoft quanto pequenos players como ClickUp, Notion e Trello contam com IA generativa em suas ferramentas de trabalho. Estima-se que até 2026, 80% das empresas adotem tecnologias de inteligência artificial para a otimização de processos.
Para Alionço, o diferencial do PipefyAI está na possibilidade de pedir qualquer coisa ao chatbot em uma linguagem totalmente natural (o que é comum em ferramentas da competição). “Você não precisa saber programar ou ser da área de TI. Basta dizer o que precisa, e nossa IA faz o resto”, explica.
Lançado em 2025, a ferramenta utiliza a tecnologia da OpenAI para que os usuários nem precisem mais conectar os "blocos de Lego". Agora, é só enviar alguns comandos e o chatbot cria qualquer coisa dentro da plataforma do Pipefy.
Um recrutador pode, por exemplo, subir dezenas de currículos na plataforma e pedir para a IA analisar os dados, organizá-los em fichas e sugerir os melhores perfis para a vaga.
A equipe de financeiro pode automatizar o reembolso aos funcionários com ajuda da IA, por exemplo. Ela consegue verificar as notas, aprovar ou negar os reembolsos e criar um relatório com o resultado.
Além disso, a ferramenta acaba sendo um centralizador de dados internos: é só perguntar ao chatbot para descobrir, por exemplo, onde estão organizadas as informações sobre as vendas de maio de 2023.
O Pipefy, que também tem sede nos Estados Unidos, projeta uma receita de US$ 50 milhões para 2025. A pergunta sobre alcançar o status de unicórnio ou abrir capital inevitavelmente aparece no fim da conversa, mas Alionço é categórico: não é prioridade.
“Esses marcos são importantes, mas não são o que define nosso propósito. Estamos focados em ajudar nossos clientes a crescer e, se isso nos levar ao IPO, ótimo. Mas não vamos sacrificar nossa visão por um rótulo”, diz.