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'Chegar ao status de unicórnio não é o que nos move', diz fundador do Pipefy

Startup brasileira presente em mais de 150 países chegou perto do valuation de US$ 1 bilhão em 2021; hoje, foca no crescimento sustentável da plataforma que substitui as planilhas de trabalho

Alessio Alionço, CEO do Pipefy: empresa entra definitivamente no mercado de ferramentas de IA generativa (Divulgação/Pipefy)

Alessio Alionço, CEO do Pipefy: empresa entra definitivamente no mercado de ferramentas de IA generativa (Divulgação/Pipefy)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 07h00.

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O empreendedor Alessio Alionço tinha um objetivo claro quando fundou a plataforma Pipefy em 2015: criar uma ferramenta acessível para os "fazedores". Para o curitibano, era essencial ajudar aqueles profissionais que lidam com tarefas operacionais, como pagamentos e reembolsos, mas não têm o suporte adequado para agilizar os processos.

Antes, Alionço tinha uma carreira voltada à consultoria de empresas. Focava em melhorias operacionais, mas percebia gargalos: as ferramentas disponíveis eram robustas, mas caras e dependiam de equipes de TI, dificultando o acesso das áreas de negócio.

Em 2012, vendeu sua primeira startup e percebeu que empreender sempre esteve no DNA. A Acesso Zero era um marketplace que oferecia descontos de serviços na região, estimulando o consumidor a conhecer novos lugares.

“Se você quiser tirar uma ideia do papel, disparado eu vou ser a melhor pessoa para te ajudar. É quase uma obsessão minha entender como entregar a melhor experiência”, afirmou. Hoje, ele dedica parte de seu tempo a mentorear outros empreendedores.

Tudo isso levou a criação do Pipefy, uma plataforma descrita como um "Lego de fluxos de trabalho", em 2015. A lógica é que é possível criar planilhas intuitivas e fáceis de entender, divididas em fases, tarefas ou pessoas. Não é necessário um programador, só é preciso mexer as "peças de Lego" que aparecem na tela.

O conceito da startup de Curitiba com pegadas no Vale do Silício (ou vice-versa) atraiu gigantes como Visa, IBM, Volvo e Itaú, e mais de 4.000 clientes em 150 países. Em 2021, o Pipefy chegou a captar US$ 150 milhões de fundos como SoftBank e Founders Fund. Na época, virou um "potencial unicórnio", mas desacelerou sua busca pelo valuation bilionário para focar na eficiência operacional.

O breakeven só veio em 2024, com uma receita de US$ 40 milhões. “Ser unicórnio é só um número, uma fotografia do momento. Nossa meta é construir algo que dure, impacte nossos clientes e continue relevante a longo prazo”, explica Alionço.

Plataforma do Pipefy: a organização do fluxo de trabalho pode ser dividida em "cards" (Captura de tela/YouTube)

Novo momento

A aposta para continuar relevante em 2025 é o aquecidíssimo mercado de inteligência artificial generativa. “Sabíamos que, para crescer, precisaríamos estar no eixo onde a inovação acontece”, diz Alionço.

Hoje, tanto gigantes como a Microsoft quanto pequenos players como ClickUp, Notion e Trello contam com IA generativa em suas ferramentas de trabalho. Estima-se que até 2026, 80% das empresas adotem tecnologias de inteligência artificial para a otimização de processos.

Para Alionço, o diferencial do PipefyAI está na possibilidade de pedir qualquer coisa ao chatbot em uma linguagem totalmente natural (o que é comum em ferramentas da competição). “Você não precisa saber programar ou ser da área de TI. Basta dizer o que precisa, e nossa IA faz o resto”, explica.

Lançado em 2025, a ferramenta utiliza a tecnologia da OpenAI para que os usuários nem precisem mais conectar os "blocos de Lego". Agora, é só enviar alguns comandos e o chatbot cria qualquer coisa dentro da plataforma do Pipefy.

PipefyAI: exemplo de pedido simples ao chatbot do Pipefy (Captura de tela/Site)

Um recrutador pode, por exemplo, subir dezenas de currículos na plataforma e pedir para a IA analisar os dados, organizá-los em fichas e sugerir os melhores perfis para a vaga.

A equipe de financeiro pode automatizar o reembolso aos funcionários com ajuda da IA, por exemplo. Ela consegue verificar as notas, aprovar ou negar os reembolsos e criar um relatório com o resultado.

Além disso, a ferramenta acaba sendo um centralizador de dados internos: é só perguntar ao chatbot para descobrir, por exemplo, onde estão organizadas as informações sobre as vendas de maio de 2023.

E o IPO?

O Pipefy, que também tem sede nos Estados Unidos, projeta uma receita de US$ 50 milhões para 2025. A pergunta sobre alcançar o status de unicórnio ou abrir capital inevitavelmente aparece no fim da conversa, mas Alionço é categórico: não é prioridade.

“Esses marcos são importantes, mas não são o que define nosso propósito. Estamos focados em ajudar nossos clientes a crescer e, se isso nos levar ao IPO, ótimo. Mas não vamos sacrificar nossa visão por um rótulo”, diz.

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