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PF vai indiciar alvos da Carne Fraca e alerta sobre esquema

A Polícia Federal considera ter reunido elementos para indiciar na próxima semana os 37 alvos da Operação Carne Fraca

Frigoríficos suspeitos serão indiciados por supostos crimes de corrupção, advocacia administrativa e fraudes em fiscalizações federais (Paulo Whitaker/Reuters)

Frigoríficos suspeitos serão indiciados por supostos crimes de corrupção, advocacia administrativa e fraudes em fiscalizações federais (Paulo Whitaker/Reuters)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 2 de abril de 2017 às 17h19.

Última atualização em 3 de abril de 2017 às 09h37.

A Polícia Federal considera ter reunido elementos para indiciar na próxima semana os 37 alvos da Operação Carne Fraca, por supostos crimes de corrupção, advocacia administrativa e fraudes em fiscalizações federais e vai individualizar os apontamentos de supostos crimes à saúde pública e contra o consumidor.

Os investigados são funcionários do Ministério da Agricultura, executivos e donos de frigoríficos e empresas de alimentos processados, entre elas, nomes da JBS e da BRF, alvos das prisões e buscas do dia 17 de março, realizadas em 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

Comandada por três delegados da PF, em Curitiba, a equipe da Carne Fraca tem a convicção de ter descoberto um esquema criminoso de indicações políticas, em cargos chaves do Ministério da Agricultura, em especial no Paraná e Goiás, que tinha como contrapartida a obrigação de arrecadar propinas para partidos como PMDB, PP e PDT com empresários do setor de carnes e embutidos.

O delegado Maurício Moscardi Grillo - que trabalha junto com os delegados Roberto Biasoli e William Tito - iniciou o relatório parcial de indiciamento dos alvos para apresentar ao juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal, em Curitiba, até o dia 17 - dos alvos, 26 estão presos preventivamente.

Os policiais trabalham na conclusão do cruzamento de dados das quebras de sigilos bancários e fiscais dos investigados - ainda não tornadas públicas - e dos 13 mil grampos telefônicos e telemáticos feitos em 2016, com o material apreendido nas buscas. São 195 malotes carregados de documentos, agendas, anotações, provas que estão sob análise.

O relatório de indiciamento dos alvos deve trazer, entre outros elementos, as análises de alimentos produzidas pelo Ministério da Agricultura, nas 21 empresas alvos da Carne Fraca, que apontam adulteração em produtos, bem como os grampos que revelam tratativas dos empresários com os fiscais para liberar cargas de produtos enviados para China, Espanha e Itália.

Corrupção sistêmica

A suspeita da polícia é que o esquema descoberto envolvendo fiscais do Paraná, Goiás e Minas Gerais, pode ter sido espelhado nas demais superintendências do Ministério da Agricultura, nos Estados, e nos serviços de inspeção de produtos de origem animal (Sipoas). Nas duas últimas semanas foram ouvidos depoimentos de produtores rurais, agentes públicos e outras testemunhas que indicaram nomes de fiscais, políticos que seriam os responsáveis por suas indicações e fatos específicos de fraudes. O material será enviado aos Estados de origem dos fatos, para abertura de novas investigações.

“É como se fosse uma Lava Jato da área de Agricultura”, afirmou um investigador, com acesso aos inquéritos. O ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, apontado na Carne Fraca como um dos líderes do esquema e preso desde o dia 17, iniciou negociação com a polícia para fazer um acordo de delação premiada e pode ampliar o foco da Carne Fraca.

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