Os acionistas da Petz representarão 52,6% da nova empresa, enquanto os da Cobasi ficarão com os 47,4% restantes (Getty Images/Getty Images)
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Publicado em 17 de junho de 2025 às 17h20.
Última atualização em 17 de junho de 2025 às 18h55.
No começo de junho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a união das duas maiores marcas do varejo pet brasileiro: Petz e Cobasi.
O faturamento combinado das duas empresas é de quase R$ 7 bilhões, e, juntas, têm mais de 480 lojas no Brasil. A nova companhia, que surge após a fusão, projeta margens de lucro entre R$ 220 milhões e R$ 330 milhões por ano.
Os acionistas da Petz representarão 52,6% da nova empresa, enquanto os da Cobasi ficarão com os 47,4% restantes. Paulo Nassar, da Cobasi, irá assumir como CEO, enquanto Sergio Zimerman, da Petz, assumirá a presidência do conselho.
Marcas concorrentes, como a Petlove, expressaram preocupação quanto ao tamanho da fatia de mercado a ser representada por essa união.
Apesar da liberação do Cade, especialistas ressaltam que a operação ainda precisa passar por um bom processo de integração para ser bem-sucedida.
Na análise de Giacomo Diniz, economista pela USP e professor da Saint Paul Escola de Negócios, a fusão entre Petz e Cobasi marca uma das mais relevantes movimentações estratégicas no varejo brasileiro. “Trata-se da união entre os dois maiores players desse setor”, analisa o professor.
O especialista espera que dessa fusão surja uma empresa mais eficiente e competitiva, “o que pode beneficiar o consumidor por meio de preços mais atraentes e melhores serviços”.
Quanto ao receio dos concorrentes, Diniz afirma que a fusão entre Petz e Cobasi não configura um monopólio, mas representa um claro movimento de consolidação em um setor ainda bastante fragmentado.
Embora juntas as empresas possam atingir até 20% de participação no varejo pet nacional, segundo estimativas de mercado, o Cade entendeu que essa concentração não compromete a livre concorrência em nível nacional.
Segundo o Cade, essa decisão foi tomada levando em consideração que o setor pet no Brasil é caracterizado por poucas barreiras de entrada, com a presença de pequenos pet shops e o crescimento de canais digitais como Amazon, Mercado Livre e a própria Petlove.
Por outro lado, o especialista pondera que a operação impõe uma pressão adicional sobre concorrentes menores. “Eles precisarão se diferenciar e inovar para manter relevância”, afirma.
Diniz explica que essa operação é conhecida como M&A: Mergers and Acquisitions, ou “Fusões e Aquisições”, em português. “Essas ações têm como objetivo fazer a empresa crescer, ganhar escala, acessar novos mercados, reduzir custos ou obter vantagens estratégicas”, explica Diniz.
“Sempre que uma fusão ultrapassa determinados limites de faturamento — como é o caso da Petz e Cobasi — a operação deve ser submetida ao Cade antes de ser efetivada”, conta o professor.
Ele explica que o Cade é responsável por analisar se transações podem prejudicar a concorrência ou gerar concentração de mercado.O órgão pode aprovar, impor restrições ou até vetar a operação.
Para qualquer M&A, Diniz explica que o principal desafio após a aprovação é o processo de integração, cujo plano deve ser elaborado antes mesmo da fusão ser finalizada.
Segundo o especialista, esse processo é essencial. Isso porque unir a administração de empresas diferentes é uma tarefa complexa que exige alinhar estilos de gestão distintos e integrar sistemas e culturas de forma coordenada.
Aprender a avaliar empresas e analisar casos como a fusão entre Petz e Cobasi é um diferencial para investidores, executivos comerciais e gestores financeiros que desejam ampliar suas habilidades e desenvolver estratégias de avaliação de modo disruptivo: dos negócios clássicos às startups.
Pensando nisso, a EXAME e a Saint Paul Escola de Negócios desenvolveram o curso de extensão Valuation de Empresas.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: José Marcos Carrera, administrador de empresas pela USP e doutor pela FGV, e Giacomo Diniz, economista pela USP e especialista em Mercados de Capitais.