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Pets no avião: empresa fatura R$ 3,5 milhões com ‘serviço de primeira classe’

PETFriendly Turismo, fundada por Juliana Stephanie, oferece desde consultoria até a emissão de passagens e documentos

Juliana Stephanie, fundadora do PETFriendly Turismo: “Meu sonho é tornar a PET um ‘Google’ do transporte de animais de estimação”

Juliana Stephanie, fundadora do PETFriendly Turismo: “Meu sonho é tornar a PET um ‘Google’ do transporte de animais de estimação”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 15h35.

Última atualização em 28 de janeiro de 2025 às 16h28.

O amor por animais e viagens pautou as principais decisões de carreira da paulistana Juliana Stephanie. Primeiro para cursar medicina veterinária e fazer especializações fora do país e, depois, para a fundação da PETFriendly Turismo, uma agência voltada para o transporte de cães e gatos que, em 2024, atingiu um faturamento de R$ 3,5 milhões, com a perspectiva de crescer 15% em 2025.

A empresa atua desde o planejamento e elaboração de rotas até a emissão de documentos internacionais e passagens aéreas, acompanhamento durante o deslocamento sem o tutor, possíveis traslados terrestres e venda dos produtos necessários, como caixas e bolsas de transporte.

Só no ano passado, foram 1,9 mil pessoas atendidas com aproximadamente 70 viagens mensais. A meta agora é alcançar 3 mil atendimentos e 100 viagens por mês, e transformar a empresa em um ecossistema completo que abranja tudo o que um pet precisa para ser deslocado com conforto, bem-estar e segurança. “Meu sonho é tornar a PET um ‘Google’ do transporte de animais de estimação”, adianta.

Segundo ela, a ideia é adicionar serviços como suporte presencial nos aeroportos, emissão de certificações, vistos dos países para os tutores e aplicativos que facilitem a conversa entre eles e as companhias aéreas.

Formada pela Unesp de Araçatuba (SP), ela passou um ano em Santiago da Compostela (Espanha) para complementar a graduação, fez mestrado em Ciência Animal em British Columbia (Canadá) e morou três anos no Texas (EUA), para atuar em uma multinacional da área de reprodução animal.

“Thor, meu fiel companheiro de quatro patas, foi a grande inspiração da empresa. Passei muitos anos viajando para aperfeiçoar meus estudos e nunca tive coragem de levá-lo. Tinha receio da documentação e do transporte, como eu chegar nos Estados Unidos e ele na China, de como ficaria no porão do avião e, até, dele falecer no percurso”, conta.

A primeira viagem internacional de Juliana foi em 2008, uma época em que não era tão comum levar pets e havia pouca segurança e informação sobre o assunto. “Deixei Thor com minha família, mas com o coração apertado. Lembro de ‘falar’ diariamente com ele por Skype, sempre pensando em quando o veria novamente”.

Pesquisas de mercado e estudos para abrir a empresa

Em 2017, quando decidiu que voltaria para o Brasil, começou a pensar no que poderia fazer profissionalmente para unir suas grandes paixões: pets e turismo. A ideia surgiu após a leitura de uma reportagem sobre uma agência que realizava passeios a cachoeiras, por exemplo, para grupos de pessoas que tinham golden retriever.

"Pesquisando mais o mercado de viagens aéreas para animais de estimação, só me deparava com empresas que os transportavam sem nenhum cuidado e queria oferecer um serviço como eu gostaria de ter encontrado na época das minhas viagens.”

Em paralelo ao trabalho no Texas, passou um ano juntando dinheiro e realizando pesquisas com o público-alvo para entender as demandas e os serviços que disponibilizaria, elaborou um plano de negócios e checou com um contador o que precisaria para abrir a companhia.

Além disso, iniciou a criação de um site e estudou todas as questões referentes à área, como legislações e regulamentações para importação e exportação de animais, requisitos de cada país e medidas sanitárias. “Assim que cheguei ao Brasil, em 2018, abri oficialmente a PETFriendly Turismo”, diz.

Juliana ressalta, ainda, que buscou cursos de empreendedorismo no Sebrae e capacitações em vendas, marketing e turismo de animais. “Fiz, praticamente, uma faculdade da ‘vida’ para ser empresária”. Outro ponto fundamental foi contar com uma rede de apoio no início. “Juntei R$ 18 mil para a estruturação, mas não teria conseguido montá-la e me sustentar sem o apoio de meus pais e minha avó, com quem morei por um período.”

“Precisei aprender o que era ser CEO”

A veterinária tocou o negócio sozinha durante três anos e só depois de conquistar mais clientes fez a primeira contratação, um funcionário para atuar no marketing. “Foi uma grande virada e consegui mais visibilidade.” Um pouco depois, com a entrada de um sócio, a PETFriendly Turismo deslanchou.

A dupla delimitou os cargos e funções, e estruturou as áreas, como RH, financeiro e comunicação. Atualmente, são 27 colaboradores e Juliana consegue se dedicar mais à estratégia de crescimento. No entanto, o processo até aqui não foi simples. Ela costuma dizer que ‘bateu’ muita cabeça para entender sobre gestão e os pilares importantes para contratar pessoas alinhadas ao propósito da companhia.

“Até então, eu era só uma profissional autônoma, não uma empresa. Precisei aprender o que era ser CEO”, ressalta. Para isso, buscou mentorias e participou de grupos com empresários.

As mentorias, inclusive, são parte da aposta para crescer. Toda a equipe – operacional e liderança – passou por sessões, além de capacitações relacionadas aos valores e direcionamento da empresa. E o desenvolvimento é algo sempre olhado pelo RH. O intuito é que todos estejam alinhados para o melhor atendimento aos clientes.

“Nosso diferencial é oferecer uma consultoria completa e nunca soltar a mão do tutor, independentemente das dificuldades. Isso significa prestar atenção em tudo: do transporte em si até se será necessário algum documento extra, tradução juramentada, traslado terrestre ou exame veterinário”, explica a empreendedora.

Estudar a ideia, planejar e agir

Esse é o conselho de Juliana para quem deseja empreender. Se o medo surgir? “Siga mesmo assim porque esse sentimento sempre vai existir, tendo mais ou menos experiência na área”, afirma. Para ela, o importante é realizar um bom planejamento e se capacitar para tirar do papel o projeto.

Nesse sentido, o medo tem seu lado positivo: ajuda na precaução de alguns riscos. “O importante é não deixá-lo te paralisar”, finaliza. Thor faleceu aos 15 anos, em 2022, e hoje a veterinária tem três cachorras – Star, Stella e Bella.

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