Petrobras: no valor inclui US$ 1,5 bilhão, referente a parte que não foi cumprida do plano de desinvestimento para o período 2015/2016 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 20h35.
A Petrobras tem uma carteira de ativos de US$ 42 bilhões que podem ser vendidos, segundo o diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro.
O valor inclui US$ 1,5 bilhão, referente a parte que não foi cumprida do plano de desinvestimento para o período 2015/2016, cuja meta era vender US$ 15,1 bilhões, mas fechou em US$13,6 bilhões em operações de venda.
O valor da carteira de ativos supera ainda a meta de se desfazer de US$ 21 bilhões de ativos no biênio 2017/2018.
"A gente tem um conjunto de projetos com fluxo financeiro, não recebido em 2016 será recebido em 2017 adicionado a projetos que estamos tocando", disse Monteiro, que junto com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, se reuniram para um café da manhã com jornalistas.
Entre os projetos que a empresa quer colocar à venda estão Braspetro e a participação da Petrobras na Brasken, braço da Odebrecht.
Porém, a Petrobras está impedida de vender alguns dos ativos por causa de questionamentos feitos pelos Tribunal de Contas da União (TCU), no ano passado.
A direção da empresa espera esclarecer os questionamentos após o recesso do tribunal. "Eles [TCU] já têm amplo acesso [às informações]. O que a gente espera é atender aos demais requisitos que stão nos solicitando.
Alguns a gente tem plena concordância, são efetivamente melhorias no processo, e outros, a gente quer ampliar a discussão um pouco, porque podem afetar a competitividade do processo", disse Monteiro.
Para 2017, a Petrobras estima investimentos na ordem de US$19 bilhões, parte deles referentes aos US$ 5 bilhões não executados no ano passado.
O diretor Ivan Monteiro disse que a petrolífera tem atualmente US$ 22 bilhões em caixa, montante suficiente para "total tranquilidade para os próximos dois anos e meio".
Segundo ele, o valor atual não inclui o dinheiro proveniente da venda de ativos em 2016 e nem as operações que serão feitas em 2017. "Se a Petrobras não fizer nada nos próximos dois anos e meio, ela tem caixa suficiente para fazer frente ao serviço da dívida", disse.
Em relação à captação de recursos no mercado, o presidente da estatal Pedro Parente disse que a antecipação na captação feita nesta semana foi motivada por incertezas com a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Há muita especulação, mas certeza é muito pequena do que pode acontecer. Uma das perspectivas muito mencionada é a possibilidade de um aumento de juros em uma velocidade maior". A empresa trabalha com a projeção de captar US$ 4 bilhões no mercado, com o intuito de rolar a dívida futura.
Ivan Monteiro também espera uma revisão das agências internacionais de avaliação de risco do grau de investimento da Petrobras, que perdeu após a revelação do esquema de corrupção na estatal na Operação Lava Jato.
"A melhora da percepção macroeconômica do Brasil parece evidente. A melhora da percepção da Petrobras, também, me parece evidente. Isso agora tem que ser transferido para os ratings" disse.
Pedro Parente negou que a Petrobras esteja contratando apenas empresas estrangeiras para retomada das obras da Unidade de Gás, instalada no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Segundo o presidente, as empresas contratadas geram emprego e renda no país e para aumentar o número de participantes na concorrência, empresas estrangeiras serão convidadas para participar do projeto da unidade de processamento de gás. "Essa unidade é muito importante para nós, porque a ela será conectado o terceiro gasoduto do pré-sal e o escoamento de gás é importante para definir os limites da nossa produção de óleo naquela região", disse o presidente.
O prazo de execução da obra é de 29 meses e o valor gira em torno de R$ 2 bilhões, referente ao que faltava ser aplicado no projeto.