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Petrobras segue com prêmio na venda de combustíveis

Segundo cálculos de consultoria, o barril do Brent teria que tocar US$ 58 por barril para que a gasolina no Brasil seja negociada pelo mesmo valor no exterior


	Gasolina: a paridade nos preços de combustíveis é um dos parâmetros perseguidos pela Petrobras em seu novo plano de negócios
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Gasolina: a paridade nos preços de combustíveis é um dos parâmetros perseguidos pela Petrobras em seu novo plano de negócios (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2016 às 23h23.

Rio de Janeiro - A disparada dos preços do barril do petróleo no mercado global nos últimos dias, com o Brent tocando máximas desde junho acima de 52 dólares nesta quarta-feira, reduz os ganhos da Petrobras com a venda de gasolina e diesel no país, mas a estatal ainda segue vendendo combustíveis com prêmio ante o mercado externo, no atual valor da commodity.

Segundo cálculos da Tendência Consultoria, o barril do Brent, referência global, teria que tocar 58 dólares por barril para que a gasolina no Brasil seja negociada pelo mesmo valor no exterior.

No caso do diesel, o petróleo teria que estar cotado a 66 dólares o barril.

A paridade nos preços de combustíveis no Brasil e no exterior, onde os valores dos derivados oscilam em linha com o petróleo, é um dos parâmetros perseguidos pela Petrobras em seu novo plano de negócios, para evitar perdas da divisão de Abastecimento.

"Os preços dos combustíveis estão se aproximando (da paridade), a diferença fica menor, mas tem chão (para chegar na paridade)", afirmou o analista de petróleo da Tendências Walter De Vitto.

A valores de fechamento do petróleo desta quarta-feira, a Petrobras vende o diesel com um prêmio de cerca de 24 por cento ante o mercado internacional, e a gasolina com um ganho de quase 16 por cento.

Desde novembro de 2014, a petroleira estatal tem mantido os preços de ambos os combustíveis bem acima dos valores praticados no exterior, permitindo lucros importantes na divisão de Abastecimento.

Antes, quando os preços do petróleo eram o dobro dos valores atuais, a estatal vendia derivados com perdas, até por uma opção do governo, que visava controlar a inflação.

O Brent tocou nesta quarta-feira a máxima desde o começo de junho, a 52,09 dólares por barril, subindo cerca de 13 por cento desde que o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para cortar a produção, e pela queda dos estoques de petróleo nos Estados Unidos pela quinta semana consecutiva, divulgada nesta quarta-feira.

Espaço para concorrentes

A manutenção dos preços da Petrobras acima dos praticados no exterior tem permitido que empresas concorrentes da Petrobras realizem importações, fato que deu margem para comentários de que a Petrobras poderia até mesmo reduzir os preços dos derivados nas refinarias.

Entretanto, a perda de participação no mercado da BR Distribuidora, subsidiária de combustíveis da Petrobras, tem tido pouca importância perto dos lucros que a estatal vem tendo ao vender no mercado interno combustíveis a preços mais altos do que no exterior, segundo o consultor.

De novembro de 2014 até junho deste ano, a Petrobras Distribuidora, como é formalmente conhecida, perdeu 4,6 pontos percentuais de participação no mercado de venda de diesel para 33,76 por cento, segundo dados do Boletim de Abastecimento da agência reguladora do setor de petróleo (ANP) de junho.

Já no mercado de gasolina, a BR perdeu 2,6 pontos percentuais e atingiu 25,9 por cento do mercado.

Para o analista, o aumento da concorrência não preocupa a Petrobras, já que outras distribuidoras não devem investir em maior capacidade, já que não existem garantias de que a Petrobras permanecerá praticando preços acima do mercado.

"(O aumento da concorrência) não deve fazer muitas cócegas na Petrobras, eles (Petrobras) ganham mais praticando preços mais altos neste momento do que perdendo algum share (participação) de mercado", afirmou Vitto.

O analista lembrou que a capacidade de logística para importação, tanto de terminais quanto de estocagem, está concentrada na Petrobras, limitando os movimentos de outras companhias realizarem importações.

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