Negócios

Petrobras se une à Tereos com aporte de R$1,6 bi

Adicionalmente, a Tereos terá a opção de investir na Guarani até 600 milhões de reais

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - A Petrobras e o grupo francês Tereos anunciaram nesta sexta-feira uma parceria estratégica que prevê investimento de 1,6 bilhão de reais da estatal na Açúcar Guarani, ampliando significativamente sua atuação em biocombustíveis no país.

A Petrobras, por meio da subsidiária Petrobras Biocombustível, vai obter no fim dos investimentos 45,7 por cento da Guarani, subsidiária do Tereos, com base no preço por ação de 5,83 reais.

Adicionalmente, a Tereos terá a opção de investir na Guarani até 600 milhões de reais, via aumento de capital, dentro de um período de 12 meses após o ingresso da Petrobras Biocombustível na companhia sucroalcooleira.

O negócio marca a aguardada expansão da estatal na área de etanol, uma vez que a Guarani é a quarta do setor de cana no Brasil.

"Esse investimento traduz o plano estratégico da Petrobras no setor de etanol. Ele consolida a companhia no setor de produção desse combustível", afirmou o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, a jornalistas.

"Esse negócio vai fortalecer o projeto de constituir um grupo forte, sediado no Brasil, para atuar em alimentos e bioenergia", disse o diretor internacional da Tereos, Alexis Duval.

Terceiro maior produtor de açúcar da Europa, o Grupo Tereos anunciou no fim de março o agrupamento da unidade no Brasil, a Açúcar Guarani, com ativos da companhia na Europa e na região do Oceano Índico.

A operação formou a Tereos Internacional, uma das maiores do setor sucroalcooleiro no mundo.

Rossetto afirmou também que com a definição da aliança com a Tereos, a estatal vai concentrar grande parte do investimento que dispuser no futuro no crescimento da Guarani.

Os executivos das duas empresas disseram que a prioridade é para o crescimento orgânico, mas Rossetto falou da possibilidade de "aquisição de projetos regionais."

Jacyr Costa Filho, presidente da Guarani, que continuará à frente da companhia, disse que a transação permite que a empresa se torne "protagonista da consolidação do setor no Brasil."

Rossetto acrescentou que a posição da Tereos no mercado da Europa vai permitir estudos visando exportações de etanol para o bloco.1


 

Próximos passos

De acordo com o comunicado, o acordo estabelece que a Petrobras ingressará no capital da Guarani através de três etapas: primeiramente a Petrobras Biocombustível fará um investimento inicial de 682 milhões de reais via aumento de capital na Cruz Alta Participações S.A., controlada da Guarani.

Após a incorporação das ações da Guarani na Tereos Internacional, a Guarani se tornará uma sociedade anônima de capital fechado. Em seguida, as ações da Cruz Alta Participações serão incorporadas na Guarani, trazendo para a Petrobras Biocombustível participação societária inicial de 26,3 por cento na Guarani, explicou o comunicado.

Por fim, dentro de um período máximo de 5 anos, a Petrobras Biocombustível investirá adicionais 929 milhões de reais, via aumento de capital, de forma a atingir a participação societária de 45,7 por cento.

A Petrobras também terá o direito de realizar investimentos adicionais, via aumento de capital, que lhe confiram uma participação de até 49 por cento na Guarani.

A governança da Guarani será equilibrada entre os sócios, com três representantes de cada empresa no Conselho de Administração.

Mais etanol

A Guarani, como resultado da associação, deverá elevar sua produção de etanol, em detrimento do açúcar. Costa Filho disse que o mix de produção, atualmente em 50 por cento de cana para açúcar e 50 por cento para álcool, deverá mudar para 60 por cento para etanol e 40 por cento para açúcar.

A Petrobras Biocombustível, que nasceu em 2008 com planos ambiciosos para o setor, comprou a sua primeira participação em usina de cana apenas no fim do ano passado, levando 40 por cento da Total Agroindústria Canavieira, em Minas Gerais.

Na área de biocombustíveis, a Petrobras prevê investir 2,8 bilhões de dólares no período de 2009 a 2013.

Para a nova safra 2010/11, a Guarani, quarta maior processadora de cana do país, prevê uma moagem de cerca de 17 milhões de toneladas de cana no Brasil, contra 13,8 milhões na temporada passada.

A empresa, que já moeu 6 por cento do volume de cana previsto, pretende produzir na atual temporada 490 milhões de litros de etanol.

O acordo ocorre na esteira de um intenso processo de fusões e aquisições pelo qual passa o setor sucroalcooleiro do Brasil, visto como o mais competitivo do mundo.

Neste ano, um dos negócios mais representativos envolveu a Shell e a Cosan, que anunciaram a formação de uma joint venture.

As ações da Guarani, em meio a rumores sobre a negociação, dispararam na Bovespa nesta sexta-feira, fechando com alta de 12,29 por cento. A Petrobras teve queda de 0,67 por cento, enquanto o Ibovespa recuou 0,66 por cento.

Acompanhe tudo sobre:BiocombustíveisCapitalização da PetrobrasCombustíveisCommoditiesEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEstatais brasileirasEtanolGás e combustíveisIndústria do petróleoPetrobrasPetróleo

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem