Petrobras: crescimento se daria a partir do incremento da produção nas áreas do pré-sal (Dado Galdieri/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 24 de maio de 2017 às 10h52.
Última atualização em 24 de maio de 2017 às 14h25.
Rio de Janeiro - A Petrobras indicou nesta quarta-feira que suas exportações de petróleo este ano deverão ficar acima do projetado inicialmente, ao mesmo tempo em que planeja aumentar em quase 50 por cento os embarques da commodity até 2021.
Em uma palestra nesta quarta-feira, o gerente-executivo de comercialização e marketing da Petrobras, Guilherme França, afirmou que a empresa tem a expectativa de exportar 742 mil barris por dia (bpd) em 2021, ante 503 mil bpd em 2017, a partir do desenvolvimento das áreas do pré-sal, de onde se extrai um produto mais leve que a média nacional com grande demanda no exterior.
Em entrevista à Reuters em março, o executivo havia afirmado que as exportações de petróleo da empresa atingiram 420 mil barris por dia em 2016 e que poderiam alcançar 450 mil barris/dia neste ano.
França não explicou os motivos da mudança na projeção para este ano. Disse apenas que os números já foram atualizados com base no avanço das vendas nos primeiros meses do ano, que foram bastante elevadas.
Entretanto, para 2021, a previsão permanece com poucas alterações.
"Uma exportação considerável (prevista para 2021), mas a gente tem uma carteira de mais de 50 clientes que processam o nosso óleo em todo mundo, não vemos dificuldade de colocação do nosso óleo", afirmou França, nesta quarta-feira, ao participar da conferência Argus Rio Crude, no Rio de Janeiro.
Apesar de destacar que estrategicamente a Petrobras faz questão de estar presente em todas as regiões do mundo, o executivo frisou que a China é o mercado mais importante, com grandes previsões de crescimento da demanda pela commodity.
Segundo o executivo, 56 por cento das exportações da empresa no primeiro trimestre de 2017 foram para a China, contra 11 por cento para outros países da Ásia, 26 por cento para as Américas e 7 por cento para a Europa.
"Estamos estudando, trabalhando infraestrutura para atingir mais companhias chinesas... mas sem deixar de lado outros mercados", frisou.
Conforme informações anteriores da Petrobras, parte do petróleo indo para a China está ligada ao pagamento de dívida com o Banco de Desenvolvimento Chinês. Os chineses fizeram empréstimos de 15 bilhões de dólares à estatal nos últimos anos.
Entretanto, o executivo disse a jornalistas, após sua palestra, que a demanda do gigante asiático cresce de forma importante e que é estratégico para a empresa fazer parte desse mercado.
Para o incremento da produção, a Petrobras tem a seu favor o aumento da participação de petróleo leve na sua produção, em função das características do pré-sal.
O executivo destacou que em 2021, do total de petróleo exportado pela empresa, 76 por cento serão de óleos médios e 24 por cento de óleos pesados.
Para 2017, a previsão da empresa é que 62 por cento da exportação de petróleo seja de óleos médios, contra 57 por cento registrados em 2016.
As previsões para as exportações ocorrem em linha com o avanço da produção da empresa, que deve atingir 2,77 milhões de bpd no Brasil em 2021, ante 2,07 milhões de bpd neste ano, conforme as metas da empresa.
O executivo destacou que o posicionamento do Brasil para a atração de outras petroleiras para operar no país é uma oportunidade para a empresa, que busca intensificar a sua área de comercialização de produtos.
Sem entrar em detalhes, França destacou que a área de comercialização da empresa passou por recentes reformulações e que no segundo semestre deste ano e em 2018 planeja incrementar a sua atuação.
"A Petrobras tem escritórios nos principais mercados... tem uma frota considerável... estamos colocando a expertise da Petrobras à disposição", afirmou o executivo, para uma plateia do setor.
França destacou que a Petrobras representou no primeiro trimestre 80 por cento da produção total de petróleo do Brasil, contra 91 por cento em 2013.
Já a participação do petróleo da Petrobras no total exportado do Brasil caiu para 46 por cento no primeiro trimestre, ante 52 por cento em 2013, uma vez que outras petroleiras estão avançando na extração.