Frentista atendendo a um cliente em um posto de gasolina da Petrobras em Brasília (Adriano Machado/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 21h03.
São Paulo - A decisão do governo federal de não autorizar a Petrobras a reajustar o preço dos combustíveis, como forma de evitar pressão nos indicadores inflacionários, continua prejudicando a estatal.
No segundo trimestre, a área de Abastecimento amargou prejuízo de R$ 3,883 bilhões, resultado 54,8% mais adverso do que o prejuízo de R$ 2,509 bilhões reportado no mesmo período do ano passado.
Esses números ajudam a explicar a queda de 20% do lucro líquido da estatal na comparação entre segundos trimestres, para R$ 4,959 bilhões, a despeito do maior volume de produção de petróleo e gás natural.
O descasamento de preços entre os valores praticados pela Petrobras no Brasil e aqueles pagos pela gasolina e o diesel no exterior foi agravado pelo dólar mais valorizado.
A moeda norte-americana, que no início do ano passado ainda era negociada na casa dos R$ 2, tem se mantido acima do patamar de R$ 2,20.
Com isso, a importação de combustíveis se tornou mais cara para a estatal e o prejuízo com a revenda doméstica cresceu. Para piorar, a estatal precisou importar 55,9% mais derivados de petróleo (principalmente gasolina e diesel) durante o segundo trimestre.
O balanço do segundo trimestre também foi afetado pela linha Outras Receitas/Despesas, com impacto negativo de R$ 2,1 bilhões no trimestre - contra apenas R$ 174 milhões negativos no segundo trimestre do ano passado.
A pressão negativa veio principalmente do maior volume de despesas com paradas não programadas e gastos pré-operacionais e com plano de pensão e saúde. Juntas, as duas despesas superaram R$ 1 bilhão entre abril e junho.
A Petrobras reportou, por outro lado, expansão de 21,2% no lucro da área de Exploração e Produção (E&P) durante o segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.
O resultado foi impulsionado pelo avanço de 1,8% da produção total de óleo e gás natural da companhia, em igual base comparativa, e o dólar mais favorável à exportação.
A receita líquida da estatal atingiu patamar recorde de R$ 82,298 bilhões, alta de 11,8% sobre o segundo trimestre de 2013, porém o custo dos produtos vendidos se expandiu em 15,2%, para R$ 63,283 bilhões.
As despesas com custos exploratórios para extração de petróleo e gás também aceleraram na comparação entre segundos trimestres, pressionando o lucro trimestral.
A linha financeira, embora ainda negativa, teve pressão favorável na comparação entre os segundos trimestres. A despesa financeira líquida de R$ 3,5 bilhões de abril a junho do ano passado caiu para R$ 940 milhões no segundo trimestre deste ano.
A companhia também informou que os ganhos com vendas de ativos somaram R$ 400 milhões, volume inferior ao montante registrado no segundo trimestre do ano passado.
Em junho de 2013, a Petrobras formalizou a venda de ativos na África para o BTG Pactual, uma operação avaliada em US$ 1,5 bilhão.
Áreas de negócio
A área de Gás e Energia apurou expansão de 21,7% no lucro líquido do segundo trimestre, para R$ 702 milhões, muito em função da maior geração de energia elétrica, reflexo do acionamento das térmicas.
Na área de Distribuição, o lucro cresceu 4,4%, para R$ 472 milhões em igual base comparativa.
A área Internacional, por outro lado, viu o lucro trimestral encolher 80% na comparação anualizada, para um total de R$ 393 milhões.
Além de estar menor após a venda dos ativos, a área Internacional apurou redução dos ganhos na participação em coligadas, em função da baixa de poços no Gabão e do menor resultado na Nigéria.
Na área de Biocombustível, a Petrobras continua a amargar prejuízo. Entre abril e junho, o resultado negativo ficou em R$ 66 milhões, contra R$ 74 milhões do mesmo intervalo do ano passado.