Negócios

Petrobras precisa de R$ 10 bi para investir

Estatal precisaria de mais cerca de R$ 10 bi para conseguir repetir nos próximos 12 meses mesmo ritmo de investimento feito no 1º semestre de 2014, diz estudo


	Petrobras: atual plano de negócios prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões de 2014 a 2018
 (Acordo salgado)

Petrobras: atual plano de negócios prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões de 2014 a 2018 (Acordo salgado)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 20h06.

Rio - O reajuste dos combustíveis anunciado na quinta-feira, 6, pela Petrobras e o fim da defasagem em relação aos preços internacionais darão fôlego financeiro para a petroleira, mas não serão suficientes para a estatal cumprir o seu plano de investimentos apenas com geração de caixa.

Um estudo feito com exclusividade para o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pelo professor do Insper e diretor da M2M Consultoria, Eric Barreto, calcula que a Petrobras precisaria de mais cerca de R$ 10 bilhões para conseguir repetir ao longo dos próximos 12 meses o mesmo ritmo de investimento feito no primeiro semestre deste ano.

"O aumento melhora bastante a situação da Petrobras, mas não resolve completamente a questão dos investimentos. Para isso, a empresa teria que também gerar mais caixa, o que poderia vir por meio do aumento de produção", afirmou Barreto.

O atual plano de negócios da Petrobras prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões de 2014 a 2018.

O setor com a maior fatia de investimentos nos próximos quatro anos é o de exploração e produção, com 70% do total.

Além do aumento de produção, a Petrobras pode recorrer também a novos financiamentos e ainda à venda de ativos para tentar fechar a conta do seu orçamento.

A estatal já informou que trabalha em um plano de desinvestimento para se desfazer de projetos que não são estratégicos.

O problema da alternativa do financiamento é que ao se elevar o endividamento, a companhia iria pressionar ainda mais seu nível de alavancagem.

O estudo feito por Barreto mostra também que o reajuste e o fim da defasagem terão impacto estimado em R$ 16,8 bilhões no lucro líquido da Petrobras ao longo dos próximos 12 meses.

Só o reajuste irá gerar uma receita adicional de R$ 8,1 bilhões no mesmo período.

"Mesmo com a rentabilidade baixa, a Petrobras já estava gerando resultados positivos. A geração de caixa, no entanto, era menor do que o potencial dela", afirma.

O professor do Insper faz um paralelo entre a companhia e as concorrentes internacionais.

De 2011 a 2013, a margem de lucro era negativa na Petrobras, enquanto empresas do mesmo setor no mundo tinham o porcentual oscilando entre 0,8% e 3,5%.

O especialista em petróleo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Maurício Canedo ressalta que Petrobras tem um plano de investimento ambicioso, mas que, "com o represamento dos preços dos combustíveis por meses, estava em uma situação difícil, a ponto do preço do petróleo cair e a companhia comemorar, o que é impensável para uma petroleira".

Canedo chama atenção para os efeitos positivos do reajuste no plano de negócios.

Com mais geração de caixa, a empresa não vai ter tanta necessidade de recorrer a dívidas ou de vender ativos para levantar os recursos necessários ao desenvolvimento do pré-sal e à conclusão, ao menos, de duas refinarias, a Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Comperj, no Rio de Janeiro.

"Não é possível saber o quanto de fôlego a empresa ganha com essa proporção de reajuste, mas a notícia é boa do ponto de vista da capacidade da Petrobras cumprir o seu plano de negócios, exatamente em um momento em que acaba de ter sua nota rebaixada pela Moody's e que vai pagar mais caro por financiamento", afirmou o especialista.

Além disso, diz que o reajuste não resolve completamente o problema da estatal, "mas sinaliza na direção correta" de que reajustes serão concedidos periodicamente.

Tiago Biscuola, economista da RC Consultores, diz que o tamanho do alívio que o reajuste trará à companhia está condicionado ao retorno ou não da cobrança da Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) no preço da gasolina.

A expectativa é que o governo retome o imposto para aumentar a arrecadação. A Cide está zerada desde 2012. Esse foi a solução, na época, que o governo encontrou para aumentar os preços dos combustíveis sem afetar a inflação.

"Se a Cide realmente voltar e se não for repassada para o consumidor, a Petrobras vai ter outro peso sobre seu caixa", destacou.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEstatais brasileirasEmpresas estataisPetrobrasCapitalização da PetrobrasPetróleoGás e combustíveisIndústria do petróleoInvestimentos de empresasPETR4

Mais de Negócios

Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente