Funcionários da Petrobras em uma plataforma de petróleo em construção na bacia de Angra dos Reis (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2014 às 21h07.
Rio - A aposta de especialistas é de que a Petrobras irá antecipar a produção de áreas no pré-sal e no pós-sal para exportar petróleo e, assim, tentar gerar receitas adicionais nos próximos anos.
A medida seria uma solução à necessidade de conseguir recursos e arcar com os R$ 15 bilhões que deverá pagar por quatro áreas no pré-sal de Santos - Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi -, além do total que será necessário para a instalação de plataformas e infraestrutura logística de escoamento da produção.
"Não existe outra saída", avaliou Pedro Galdi, da Corretora SLW, já que, em sua opinião, um aumento de capital seria mal recebido pelos acionistas e teria repercussões negativas no mercado financeiro.
No curto prazo, disse Galdi, o pagamento de R$ 2 bilhões neste ano como bônus de assinatura terá pouco efeito sobre o endividamento da empresa.
"A Petrobras tem geração de caixa e vai ter mais. Daria para pagar pelas áreas, mas o momento não é favorável", disse Galdi, referindo-se aos R$ 10 bilhões que a companhia registrou em caixa no primeiro trimestre deste ano, livres para serem gastos.
A grande preocupação é com o endividamento no médio prazo, também por causa do plano de investimento de US$ 220,6 bilhões, com o qual a estatal está comprometida até 2018, avalia.
Levantamento realizado em relatórios financeiros de grandes petroleiras e reunidos pela colombiana Ecopetrol aponta que a relação da dívida total da Petrobras comparada à geração de caixa é muito maior do que a de outras companhias.
No caso da norte-americana Exxon, por exemplo, a relação é de 0,4 vez; da Shell, de 0,9 vez; enquanto a da Petrobras é de 4,1 vezes.
A medida calcula a capacidade de pagamento da dívida - a Petrobras precisa gastar 4,1 vezes seu caixa se quiser pagar toda a dívida de uma vez.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ressaltou ainda que o aumento dos preços dos combustíveis, uma das opções levantadas pela presidente da estatal, Graça Foster, para financiar os investimentos não seria suficiente.
Pelas suas contas, para isso, o governo deveria reajustar a gasolina em 30%.
"Toda petroleira estatal utiliza os preços dos combustíveis como instrumento de política e a exportação de petróleo como fonte de lucro", afirmou.
Graça anunciou nesta quarta-feira, 25, que a petroleira pretende aproveitar as condições favoráveis do barril do petróleo e do câmbio, o que, segundo Pires, reforça a hipótese de que a estatal tem interesse em atuar mais no mercado internacional.
Neste ano, a Petrobras já conseguiu ampliar a venda de petróleo ao mercado externo em 20,1% de janeiro a abril, comparado a igual período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Nos primeiro quatro meses deste ano, foram exportados 43,17 milhões de barris. Mas o desempenho das exportações vem perdendo ritmo a cada ano desde 2011, na mesma proporção em que a produção também vem diminuindo.
Foram 230,5 milhões de barris em 2010, ante 139 milhões de barris no ano passado.