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Petrobras faz ajustes pesados e efeitos começam a aparecer

A empresa se focou no que era possível ajustar: cortes de funcionários, diminuição de custos, aumento da produção e mudança no portfólio


	Petrobras: a empresa se focou em cortes de funcionários, aumento da produção e mudança no portfólio
 (Germano Lüders / EXAME)

Petrobras: a empresa se focou em cortes de funcionários, aumento da produção e mudança no portfólio (Germano Lüders / EXAME)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 11 de agosto de 2016 às 21h54.

São Paulo –A Petrobras passou por grandes dificuldades no último ano. No último trimestre, porém, os primeiros resultados de um pesado plano de ajustes, com cortes de funcionários, vendas de ativos e paralisação de obras, começaram a aparecer. 

Veja os principais dados do balanço no infográfico abaixo.

A empresa é o centro da Operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção entre a companhia, empreiteiras e políticos.

Ao mesmo tempo, no último semestre, os preços do petróleo despencaram no mercado mundial e o dólar se valorizou perante o real, pressionando os custos e principalmente a sua dívida, que chegou a quase meio trilhão de reais.

A crise da companhia culminou com  prejuízo de R$ 36,90 bilhões no último período do ano passado. Depois disso, ela divulgou um plano severo de cortes e desinvestimentos.

Em 2015 e 2016, seriam investidos 20% a menos que no plano anterior, além de vendas de ativos no valor de US$ 15,1 bilhões nos dois anos.

Em maio, Pedro Parente assumiu como presidente da petroleira, substituindo Aldemir Bendine. Com sua atuação em recuperação e reorganização de empresas, a aposta é que ele poderia reerguer a estatal.

Resultado positivo, mas ainda desanimador

Agora, os primeiros resultados dos pesados ajustes começaram a aparecer em seu balanço.

A empresa apresentou lucro líquido de R$ 370 milhões no 2º trimestre do ano. Ainda que o valor represente queda de 30% em relação ao mesmo período do ano passado, é o primeiro resultado positivo depois de três trimestres de prejuízo bilionário.

Os analistas esperavam uma recuperação mais rápida, para lucro de R$ 2,1 bilhões. Um dos motivos para o crescimento abaixo das expectativas, segundo o diretor financeiro Ivan Monteiro, foi o impairment do valor do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

As obras no complexo, que já custaram cerca de US$ 13,5 bilhões para o bolso da empresa, estavam paradas desde o ano passado. A Petrobras não sabe se irá conseguir recuperar esses investimentos, postergou o avanço do projeto e irá apenas manter o equipamento do local.

Por causa disso, ela cancelou fases do projeto e precisou fazer uma baixa no seu portfólio de R$1,1 bilhão em relação ao valor do complexo, o impairment, o que levou a despesas operacionais.

Muito trabalho e suor

Apesar da decepção de investidores, a companhia mencionou diversas ações para sua recuperação.

Dois motivos para a melhora do resultado no período são externos: o preço do petróleo no mercado internacional se recuperou no último trimestre, assim como o valor do real frente ao dólar. A valorização do real ajudou ainda a diminuir a dívida da empresa, que foi de R$ 450 bilhões no 1º trimestre do ano para R$ 397,8 bilhões.

Além dos fatores externos, que a empresa não pode controlar, ela se focou no que era possível ajustar: cortes de funcionários, diminuição de custos, aumento da produção e mudança no portfólio.

Em abril, a Petrobras ofereceu um Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), com objetivo de enxugar R$ 33 bilhões em custos.

Em conferência com a imprensa, Monteiro afirmou que até julho 5 mil funcionários tinham se inscrito no programa e que a expectativa era atingir 7 mil pessoas.

Ainda que esse corte nas vagas de trabalho leve a corte de despesas no futuro, ela teve custos relacionados a esse programa no período.

A contrapartida para que o funcionário se desligue de forma voluntária da empresa é o pagamento de incentivo. Esse gasto foi uma das razões para o aumento de 22% nas despesas operacionais em relação ao 1º trimestre do ano.

A receita de vendas subiu ligeiramente em relação ao trimestre anterior, apenas 1,4%. Um dos motivos é o balanço mais positivo entre importações e exportações. As exportações de petróleo e derivados cresceram 14% no trimestre e os custos com as importações de gás diminuíram, afirmou a diretora executiva de Exploração e Produção, Solange Guedes.

Reorganização de ativos e projetos

Em função da menor demanda de exploração, a Petrobras está diminuindo a frota de sondas contratadas, de 48 em 2015 para as atuais 31.

No entanto, muitos desses equipamentos continuam ociosos, o que gera custos para a companhia. Ela está reavaliando com seus fornecedores outras possibilidades para essas sondas, como “hibernar” os equipamentos da Odebrecht.

A empresa espera cumprir a meta de desinvestir US$ 15,1 bilhões no período de 2015 a 2016. Ela vendeu recentemente ativos no Peru por US$ 2,6 bilhões e na Argentina, por US$ 892 milhões.

A busca por sócios para a BR Distribuidora continua, afirmou Monteiro. Ele também disse que há muitos interessados na compra da Liquigás.

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