Petrobras: "na realidade, a Petrobras estava podre até seu núcleo", ressalta um documento apresentado pelos advogados do Pomerantz (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2015 às 08h38.
Nova York e Brasília - O Pomerantz, escritório que representa investidores que processam a Petrobras nos Estados Unidos, enviou o balanço auditado do quarto trimestre de 2014 e de todo o ano passado da estatal à Justiça americana, para que os números possam fazer parte da ação coletiva contra a empresa brasileira.
O informe de resultados, dizem os advogados, evidencia a enormidade do impacto do escândalo de corrupção na Petrobras, que durou uma década e provocou uma reavaliação de ativos ("impairment") e perdas que ultrapassam US$ 19 bilhões, mostrando o quão longe foi a conduta incorreta da companhia.
"Na realidade, a Petrobras estava podre até seu núcleo", ressalta um documento apresentado pelos advogados do Pomerantz, que tem 72 páginas, fora os 30 itens que fazem parte do anexo, que trazem as demonstrações financeiras auditadas da empresa, divulgadas dia 22 de abril, e outros documentos.
Um deles é uma resposta da Petrobras de 28 de janeiro de 2010 que ressalta que não havia irregularidades em seus contratos, incluindo nos trabalhos de construção da refinaria Abreu e Lima (PE).
O texto do Pomerantz refuta os argumentos apresentados pela Petrobras em sua defesa de que a empresa também foi vítima do esquema de corrupção, orquestrado pelas construtoras, e afirma que a petroleira serviu como um reservatório de dinheiro para o "partido político no poder no Brasil", que usou propina para pagar legisladores, bem como utilizou os recursos para financiar um elevado padrão de vida para executivos-chave da empresa.
O Pomerantz ressalta que o esforço da Petrobras em mostrar ao juiz Jed Rakoff, designado para cuidar do caso, que desconhecia o esquema de corrupção tem como objetivo "ajudar a sustentar o reinado do Partido dos Trabalhadores no poder, cujos diretores controlaram a Petrobras".
O Pomerantz afirma ainda que a Petrobras desrespeitou práticas de transparência e governança corporativa e não divulgou adequadamente o esquema de corrupção ao mercado.
No fim de março, a Petrobras apresentou na Corte sua defesa em um documento de 155 páginas, no qual afirma que foi montado um "cartel criminoso das maiores construtoras e empresas de engenharia" do Brasil para roubar os ativos da empresa.
A Petrobras também afirma que avisou o mercado das investigações de forma apropriada. A estatal terá uma nova chance de contestar a resposta dos investidores, podendo enviar seus argumentos ao juiz até 22 de maio.
O juiz convocou uma audiência para o dia 29, às 14 horas (de Brasília), para ouvir os argumentos orais de todas as partes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.