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Petrobras entra em área desconhecida com ativos de US$ 58 bi

proposta de venda de ativos da estatal por US$ 58 bilhões não teria precedente no setor de petróleo, talvez porque seja impraticável


	Logotipo da Petrobras: plano prevê US$ 15,1 bilhões em vendas até o fim de 2016 e mais US$ 42,6 bilhões até 2018, parte dos quais virá de reestruturações
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Logotipo da Petrobras: plano prevê US$ 15,1 bilhões em vendas até o fim de 2016 e mais US$ 42,6 bilhões até 2018, parte dos quais virá de reestruturações (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2015 às 20h28.

A proposta de venda de ativos da Petróleo Brasileiro SA por US$ 58 bilhões não teria precedente no setor de petróleo – e por um bom motivo: talvez seja impraticável.

O plano, apresentado na semana passada pela petroleira estatal brasileira, conhecida como Petrobras, prevê US$ 15,1 bilhões em vendas até o fim de 2016 e mais US$ 42,6 bilhões até 2018, parte dos quais virá de reestruturações.

A última empresa a chegar perto da meta da Petrobras foi a BP Plc, quando vendeu mais de US$ 30 bilhões em uma estratégia de redução de tamanho depois do vazamento de petróleo de Deepwater Horizon.

A estratégia do CEO Aldemir Bendine consiste em diminuir dívidas sem abandonar os planos de desenvolvimento de descobertas de petróleo a 320 quilômetros do litoral do Rio de Janeiro.

A venda de ativos ajudaria a Petrobras a evitar uma estratégia alternativa de redução de dívida que assusta os acionistas – uma oferta de ações diluidoras em um momento em que os papéis da empresa beiram seu valor mais baixo em uma década. Mas os ativos estão chegando ao mercado no momento em que um colapso dos preços do petróleo afeta seus valores e os recursos financeiros dos supostos compradores.

“Com base líquida, as pessoas estão procurando vender, não comprar”, disse Guy Baber, analista da Simmons Co. Por outro lado, “a Petrobras, como companhia, nos últimos dez anos ou mais ficou cronicamente abaixo das metas que estabeleceu”.

A Petrobras não deu retorno a um pedido de comentários.

Em andamento

As vendas de ativos diminuiriam quase pela metade a razão entre a dívida líquida e os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia para 2020, disse a Petrobras em um fato relevante na semana passada.

Atualmente, essa razão é de cinco vezes o Ebitda, a maior proporção para a Petrobras desde pelo menos 1997, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A nova estratégia de alienação – uma versão consideravelmente expandida de um plano apresentado pela primeira vez neste ano – pretende preservar o rating de crédito com grau de investimento da Petrobras, depois que a Standard Poor’s e a Fitch Rating outorgaram uma perspectiva negativa para sua nota BBB-.

Pelo menos parte do processo está em andamento. Os ativos incluem valiosos campos petrolíferos offshore na chamada região do pré-sal e participações em oleodutos, disseram fontes do setor em abril.

A Petrobras não revelou publicamente a maioria dos detalhes. A perfuradora recorreu a um grupo de bancos, dentre eles o Citigroup Inc., o Banco Bradesco SA, o Banco Santander Brasil SA e o Bank of America Corp., disseram fontes do setor.

Dificuldades

Mesmo se puder suscitar suficiente interesse dos compradores, as dificuldades públicas da Petrobras provavelmente prejudicarão sua posição de negociação, segundo Pavel Molchanov, analista da Raymond James Financial Inc.

O leilão chega enquanto Bendini, que ingressou na Petrobras em fevereiro, conduz a companhia através de revelações diárias sobre um escândalo de corrupção que envolveu ex-diretores executivos e alguns dos seus principais fornecedores.

“Eu não acredito que seja impossível” vender os ativos, disse Molchanov em entrevista por telefone.

“Sempre se pode vender uma nota de US$ 100 por um dólar, mas não é uma boa forma de ganhar dinheiro para ninguém”.

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