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Petrobras ensaia volta ao mercado internacional de títulos

A primeira oferta de debêntures da Petrobras dos últimos 15 anos pode ser uma prévia do seu retorno aos mercados internacionais


	Petrobras: a estatal planeja levantar até R$ 4 bilhões (US$ 1,3 bilhão) já na semana que vem
 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Petrobras: a estatal planeja levantar até R$ 4 bilhões (US$ 1,3 bilhão) já na semana que vem (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2015 às 22h20.

A primeira oferta de debêntures da Petrobras dos últimos 15 anos pode, na verdade, acabar sendo um prelúdio do seu retorno aos mercados internacionais.

A produtora estatal de petróleo, há mais de seis meses sob investigação por supostos pagamentos de propinas na Operação Lava Jato, planeja levantar até R$ 4 bilhões (US$ 1,3 bilhão) já na semana que vem, disse uma fonte informada sobre o assunto na última quarta-feira.

No mesmo dia, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que a Petrobras poderá emitir dívidas na Europa ou na Ásia neste ano.

A possível emissão ressalta as necessidades reprimidas de financiamento de uma empresa que está praticamente excluída do mercado de bonds desde novembro, quando a Operação Lava Jato, a investigação a executivos acusados de aceitar propinas em troca de contratos, empurrou o custo para tomada de empréstimo pela companhia a um nível recorde.

A Petrobras está, agora, retornando aos mercados de dívidas depois que seus resultados financeiros auditados, divulgados no mês passado com os custos da corrupção incorporados, geraram o otimismo de que a empresa deixou a pior parte do escândalo para trás.

“É positivo que a Petrobras esteja retornando aos mercados, que esteja trabalhando para restabelecer suas credenciais”, disse Darin Batchman, que ajuda a gerenciar US$ 62 bilhões na Stone Harbor Investment Partners, de Nova York.

“Essa debênture poderia ser um teste da empresa antes do retorno aos mercados internacionais”.

Yields despencam

A Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro, está buscando levantar R$ 3 bilhões por meio de bonds de infraestrutura, disse a fonte, que pediu anonimato porque os planos não foram divulgados.

O montante poderia chegar a R$ 4 bilhões com um lote adicional, disse a fonte.

Em um comunicado enviado por e-mail, a Petrobras disse que está autorizada a emitir até US$ 19,1 bilhões em dívidas neste ano e que está constantemente observando as oportunidades.

Os yields dos US$ 2,5 bilhões em bonds de referência da Petrobras para 2024 caíram 1,9 ponto porcentual em relação à maior alta, registrada no dia 17 de março, para 6,33 por cento, depois que a empresa adotou medidas para reconquistar a confiança do investidor.

No dia 22 de abril, após um atraso de cinco meses na divulgação de resultados financeiros auditados, a Petrobras reportou uma baixa contábil de R$ 6,2 bilhões ligada à corrupção e uma perda por desvalorização de ativos (impairment) de R$ 44,6 bilhões causada principalmente por projetos de refinarias inacabados e com sobrepreço.

A Petrobras contou com financiamento de bancos brasileiros e chineses neste ano, por meio dos quais levantou US$ 9,6 bilhões.

Rating junk

“Com esses fundos, a Petrobras deve ter suas necessidades de 2015 praticamente satisfeitas, mas existe uma janela e a empresa poderia acessar o mercado local ou internacional para levantar dinheiro para as operações do ano que vem”, disse Luciano Gremone, analista da Standard Poor’s, por telefone, do Rio de Janeiro.

Enquanto a S&P classifica a Petrobras como BBB-, um nível acima de junk (grau especulativo), a Moody’s Investors Service cortou o rating da companhia para dois níveis abaixo do grau de investimento, em fevereiro, devido ao atraso na divulgação do balanço.

A Petrobras, empresa petrolífera mais endividada do mundo, com US$ 133 bilhões em obrigações, está tendo dificuldades para reduzir a alavancagem e aumentar a produção em águas profundas devido à queda nos preços do petróleo.

“Eles claramente precisam do dinheiro”, disse Allan Grauer, chefe de negociação de dívidas da América Latina na Mizuho Securities Co., por e-mail.

Contudo, a venda de bonds locais não terá muito impacto sobre o nível de endividamento da Petrobras, disse Batchman, da Stone Harbor.

“Essa debênture não mudará significativamente a alavancagem da empresa”, disse ele. “Parte desses recursos poderá, inclusive, vir a ser usada para refinanciar dívidas. Se for bem-sucedida, essa emissão aumentará a probabilidade de a empresa efetuar uma outra, só que internacional, ainda neste ano”.

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