Petrobras: troca no comando da companhia aconteceu depois de uma série de altas nos preços dos combustíveis e de o presidente Jair Bolsonaro criticar a política de Castello Branco (Germano Lüders/Exame)
Victor Sena
Publicado em 3 de março de 2021 às 18h53.
Última atualização em 4 de março de 2021 às 16h26.
A Petrobras confirmou no começo da noite desta quarta-feira que Leonardo Pietro Antonelli pediu para não ser reconduzido ao conselho de administração da companhia. Leonardo Antonelli é o quinto conselheiro a pedir para não ser reconduzido.
Nesta terça-feira, quatro conselheiros fizeram o mesmo pedido e dois citaram a troca no comando da companhia como motivo.
João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha Sobrinho são indicados pelo governo, acionista controlador da petroleira. Leonardo Antonelli, porém, é representante dos acionistas minoritários.
A saída dos membros do conselho repercutiu mal no mercado financeiro e as ações da companhia caíram durante esta quarta-feira.
Em nota, a Petrobras afirma que a não recondução do conselheiro não impede que ele seja eventualmente indicado e eleito novamente pelos acionistas minoritários, caso haja solicitação de voto múltiplo e ele receba votos para tanto.
A "debandada" acontece semanas após o presidente Jair Bolsonaro decidir trocar o presidente da estatal Roberto Castello Branco pelo general Silva e Luna.
A troca no comando da companhia aconteceu depois de uma série de altas nos preços dos combustíveis e de o presidente Jair Bolsonaro criticar a política de Castello Branco, que fica até 20 de março.
Castello Branco, que foi indicado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, foi visto pelo mercado e por analistas nos últimos dois anos como um bom gestor, que reduziu o endividamento e ajudou a levar a companhia a focar em ativos mais estratégicos.
Em 2020, apesar da pandemia, a Petrobras teve um lucro líquido de 7 bilhões de reais.
Para ser presidente da Petrobras, é necessário fazer parte do conselho de administração, que reúne 11 nomes que representam os acionistas, incluindo o governo, os trabalhadores e os acionistas minoritários.
Ao decidir dar um cartão vermelho para Roberto Castello Branco, o presidente Jair Bolsonaro deu o primeiro de uma série de passos que são necessários para a troca.
Por meio do Ministério de Minas e Energia, o governo convocou uma Assembleia de Acionistas (o que todo acionista com mais de 5% pode fazer) e colocará em pauta a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Silva e Luna dentro do conselho de administração. Como é acionista majoritário, não tem como perder.
Com a saída dos quatro conselheiros nesta quarta-feira, o governo deverá nomear substitutos para ser eleitos junto com o futuro presidente na assembleia.
Depois de aprovado o novo conselho, em que o nome de Luna deve então constar, haverá a votação para o cargo de diretor presidente, que precisa ser de alguém que está no grupo dos 11. Mais uma vez, como tem maioria, não tem como a União perder.