Negócios

Para além do pré-sal: Petrobras e Ibama avançam em teste na Foz do Amazonas

APO, etapa final para licenciamento, foi concluída; decisão do Ibama pode liberar perfuração em uma das fronteiras mais promissoras do petróleo no país

Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “O esforço na Margem Equatorial é um complemento natural ao pré-sal. Se quisermos manter o patamar de produção e a relevância energética do Brasil nas próximas décadas, precisamos avançar nessas fronteiras” (Leandro Fonseca /Exame)

Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “O esforço na Margem Equatorial é um complemento natural ao pré-sal. Se quisermos manter o patamar de produção e a relevância energética do Brasil nas próximas décadas, precisamos avançar nessas fronteiras” (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 20h54.

Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 22h52.

Tudo sobrePetrobras
Saiba mais

A Petrobras concluiu nesta quarta-feira, 27, a Avaliação Pré-Operacional (APO) exigida pelo Ibama para o projeto de perfuração na Foz do Amazonas, localizada no litoral do Amapá, na Margem Equatorial - nova fronteira que pode sustentar a estatal após o pré-sal.

A APO funciona como um simulado, em que a estatal precisa demonstrar a exequibilidade de seus planos de resposta em caso de acidentes, incluindo medidas de emergência e proteção à fauna. Agora, o material entregue será analisado por técnicos do Ibama e, em seguida, submetido à chefia do órgão. Se aprovado, o parecer abrirá caminho para a emissão da licença que permitirá a perfuração.

Em nota, a Petrobras informa que mais de 400 pessoas foram envolvidas nos quatro dias de realização do exercício. A estrutura da APO contou com a sonda posicionada na localização do poço, o Centro de Fauna construído em Oiapoque, 6 embarcações de contenção e recolhimento de óleo, 6 embarcações para monitoramento, resgate e atendimento à fauna e 3 aeronaves. Agora, a Petrobras aguarda a manifestação do Ibama sobre os próximos passos.

Em entrevista ao podcast "De frente com CEO", da EXAME, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, comentou sobre o processo que pode definir o futuro da bacia do Foz da Amazonas.

"Se não tiver nenhuma demanda adicional, estaremos na direção da obtenção da licença para a perfuração propriamente dita”, afirma a presidente.

O próximo passo estratégico da Petrobras

A bacia da Foz do Amazonas é hoje uma das principais prioridades da companhia. Segundo Chambriard, trata-se de uma região de águas ultraprofundas, localizada a 540 quilômetros da Ilha de Marajó e 185 quilômetros do Oiapoque, a mais de 2 mil metros de profundidade.

“Não tem nada a ver com a foz do rio ou com a ilha, mas sim com águas ultraprofundas, como já fazemos em outras regiões. É importante relativizar as preocupações”, afirma.

Para a presidente Chambriard, a exploração na Foz do Amazonas não apenas é viável, como também essencial para o futuro da Petrobras e da matriz energética nacional. Os estudos da companhia indicam que a produção do pré-sal deve atingir o pico entre 2030 e 2032. A partir daí, será necessário contar com novas reservas para evitar um declínio abrupto.

“O esforço na Margem Equatorial é um complemento natural ao pré-sal. Se quisermos manter o patamar de produção e a relevância energética do Brasil nas próximas décadas, precisamos avançar nessas fronteiras”, diz a executiva.

Risco elevado, retorno potencial

A presidente da Petrobras reconhece que a exploração em águas profundas é uma atividade de alto risco. No entanto, ressalta que a geologia da Margem Equatorial tem características semelhantes a áreas já exploradas com sucesso em outros países.

“Quando lidamos com exploração, temos que ampliar a base para aumentar as chances de sucesso. A geologia da margem equatorial é semelhante à de áreas já exploradas com êxito, o que nos dá confiança”, afirma Chambriard.

Leia mais: 'Quem apostar contra a Petrobras vai perder dinheiro', diz presidente

Transição e adição energética

O avanço da Petrobras na Foz do Amazonas não se choca com a agenda de energias renováveis, segundo a presidente. Para ela, a estratégia de “adição energética” é o caminho para financiar a transição.

“Estamos falando de um futuro que terá menos participação de fósseis, mas eles ainda serão relevantes nas próximas duas ou três décadas. Ao mesmo tempo, estamos investindo em etanol, biodiesel, eólica e solar. Não há nada de incongruente nisso: a exploração de hoje financia a energia de amanhã”, afirma.

Veja a entrevista completa da Magda Chambriard, presidente da Petrobras, no podcast "De frente com CEO", da EXAME. 

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:PetrobrasMagda ChambriardAmazonas

Mais de Negócios

Quando sair de cena é o melhor para os negócios – esse CEO fatura US$ 131 milhões ao delegar tarefas

Com R$ 180, ele criou um negócio que fatura seis dígitos por ano – e trabalha só duas horas por dia

De entregador a CEO: esse imigrante construiu um império de 270 franquias da pizzaria Papa John’s

Em Curitiba, Sebrae destaca a expansão do empreendedorismo feminino no Paraná