Negócios

Petrobras divulga balanço: o que esperar da maior estatal brasileira

Redução da dívida e alta na receita e no lucro devem compor os resultados financeiros da Petrobras neste segundo trimeste

Plataforma: empresa tem focado no pré-sal (Photo by Martinez/ullstein bild/Getty Images)

Plataforma: empresa tem focado no pré-sal (Photo by Martinez/ullstein bild/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 06h20.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 08h01.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

Os primeiros resultados financeiros da Petrobras com o general Silva e Luna realmente à frente da gestão da companhia serão conhecidos nesta quarta-feira, 4.

Quando a empresa divulgou o balanço do primeiro trimestre, em abril, Silva e Luna já era o presidente, mas aqueles dados mostraram ainda todo o fim da gestão de Roberto Castello Branco. Agora, os dados da nova gestão virão à tona.

Quer aprender a investir melhor? Inscreva-se no curso Manual do Investidor da EXAME Academy.

O balanço do segundo trimestre da petroleira deve trazer bons resultados, influenciados principalmente devido ao preço do petróleo, alta na produção trimestral e à continuidade da política de venda de ativos que a gestão tem mantido desde que assumiu o comando da Petrobras.

No primeiro trimestre, o preço do barril de petróleo era negociado em média em 61 dólares. Agora está em 69. 

O mundo vive um movimento de alta na demanda pelos combustíveis, enquanto a oferta ainda segue “apertada” pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Eles até decidiram abrir as torneiras dos poços, mas num ritmo lento, de modo a manter os preços da commodity em alta.

Quanto à produção, a Petrobras teve um crescimento de 1,4% neste segundo trimestre em comparação com o primeiro deste ano, com destaque para aumento do pré-sal. 

No total, a produção do primeiro semestre de 2021 foi ligeiramente menor do que o mesmo período de 2020. O motivo: a venda de campos maduros em terra sem interesse comercial para a Petrobras. 

Os dados da produção trimestral, divulgados mês passado, também mostraram que as exportações de petróleo subiram 45,4% no segundo trimestre contra o trimestre anterior e avançaram 8% na comparação com um ano antes, para 743 mil barris por dia.

Com a combinação de fatores positivos, a companhia deve apresentar uma receita de 98 bilhões de reais, EBITDA de 47 bilhões de reais e lucro líquido de 5,6 bilhões de reais segundo projeções da Ativa Investimentos.

Já o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) prevê uma receita maior, de 105 bilhões de reais, EBITDA de 61 bilhões e um lucro líquido bem superior ao da Ativa, de 23 bilhões.

Ambas as perspectivas são consideradas muito positivas.

Um dado que deve chamar a atenção do mercado na divulgação de resultados desta quarta-feira é o tamanho da dívida bruta da companhia. 

De acordo com o analista da Ativa Investimentos Ilan Albertman, a Petrobras deve apresentar um valor de cerca de 64 bilhões de reais de dívida, próximo da meta de 60 bilhões de reais, que é considerado um marco para o mercado.

Isso porque após reduzir o endividamento para abaixo deste valor, a empresa aciona uma política de distribuição de dividendos nova, mais generosa aos acionistas.

Desde a gestão de Pedro Parente, no governo de Michel Temer, a empresa tem focado em reduzir o endividamento e a alavancagem, que dispararam nos anos anteriores.

Na gestão de Roberto Castello Branco, foi colocado em prática um plano ambicioso de venda de diversos ativos, como refinarias, poços de petróleo em terra e águas rasas. 

O presidente Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia de posse do General Joaquim Silva e Luna, como diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.

Jair Bolsonaro e general Silva e Luna: militar foi nomeado para a Petrobras após demissão de Roberto Castello Branco (Alan Santos/PR/Agência Brasil)

A empresa também abriu mão de participar de negócios que não tinham a ver com o foco de explorar e produzir petróleo das águas profundas do pré-sal. Um dos exemplos foi a venda da participação da BR Distribuidora.

Os dados da produção de petróleo do segundo trimestre mostram que o pré-sal já é responsável por 70% do óleo da companhia.

Para analistas, a marca é positiva porque esses poços podem ser mais produtivos e de baixo custo de operação como alguns nos países do Oriente Médio, fonte de boa parte da energia consumida no mundo.

Mesmo com a perspectiva de bons resultados financeiros no trimestre, parte do mercado ainda não se convenceu de que a empresa superou a turbulência do início do ano, quando a Presidência da República trocou o comando da petroleira devido às altas dos combustíveis.

Como a empresa segue a paridade internacional do petróleo para precificar o diesel e a gasolina, se o petróleo sobe, os derivados também sobem para os consumidores internos do país.

Em relatório sobre os 100 dias da gestão de Silva e Luna, o banco BTG Pactual manteve a recomendação de compra de ações como neutra e afirma que ainda existe uma defasagem entre os preços internacionais da gasolina e o cobrado pela Petrobras nas refinarias.

Ou seja, apesar dos protestos de consumidores, os combustíveis saem abaixo do que deveriam para a empresa. 

Mas, fora isso, a continuidade na política dos desinvestimentos e o foco no pré-sal dão boas perspectivas para a Petrobras, que deve apresentar nos próximos meses seu novo plano quinquenal, em que devem ser vistos para onde a maior empresa brasileira quer caminhar num mundo em transformação energética. 

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGoverno BolsonaroPetrobrasPetróleo

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem