Negócios

Petrobras: diretoria quer poder de decisão, diz conselheiro

A diretoria da estatal defende que a petroleira possa recusar a participação obrigatória de 30% nos consórcios exploradores


	Pela atual legislação, a estatal é obrigada a investir pelo menos 30% em todos os consórcios de áreas leiloadas no polígono do pré-sal
 (REUTERS/Sergio Moraes)

Pela atual legislação, a estatal é obrigada a investir pelo menos 30% em todos os consórcios de áreas leiloadas no polígono do pré-sal (REUTERS/Sergio Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 14h47.

Rio - O conselho de administração da Petrobras debateu, na última sexta-feira, a proposta em tramitação no Congresso sobre a alteração no marco regulatório do pré-sal, que prevê a retirada da obrigatoriedade da estatal atuar nos consórcios investidores.

Segundo o conselheiro Deyvid Bacelar, representante dos funcionários da empresa, a diretoria da estatal defende que a petroleira possa recusar a participação obrigatória de 30% nos consórcios exploradores.

O projeto de lei, de autoria do senador José Serra, está em tramitação e deve ser levado à votação ainda nesta terça-feira, 30.

O tema foi levado aos conselheiros pelo próprio presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Segundo ele, em apresentação aos conselheiros, a negociação para evitar alterações teria chegado a um "limite" e a opção agora seria garantir à Petrobras a possibilidade de decidir se irá ou não participar dos consórcios responsáveis pelos campos do pré-sal.

Pela atual legislação, a estatal é obrigada a investir pelo menos 30% em todos os consórcios de áreas leiloadas no polígono do pré-sal.

"A fala do Bendine foi no sentido de que o governo está no limite da tentativa de evitar que o projeto avance, e que por isso a empresa propõe que tenha ressalva. Ouvir da alta cúpula da empresa essa posição é no mínimo contraditório. Qualquer petroleira brigaria com unhas e dentes para manter o direito de explorar as áreas", afirmou Deyvid Bacelar.

Segundo o conselheiro, a posição da empresa foi bem recebida entre os demais integrantes do colegiado - mesmo os indicados pelo governo. "Parece que é uma posição do governo, o que é um absurdo, pois foi este mesmo governo quem construiu o modelo que dá certo", completou.

Ontem, durante a coletiva de apresentação do plano de negócios da estatal, Bendine informou que a decisão sobre mudanças na legislação cabe ao Congresso. "A empresa tem o máximo interesse na participação da exploração do pré-sal. Não tenha dúvida que o interesse da Petrobras permanece muito forte na exploração do pré-sal. A forma que se dará isso, o Estado decide", afirmou o executivo.

Segundo Bacelar, a alteração no atual marco regulatório além de prejudicar a Petrobras, com a retirada de potenciais reservas de seu portfólio, diminuiria o controle do governo sobre a produção das reservas.

"O Estado não tem condição de fiscalizar a produção desses campos, como já ocorre em áreas concedidas em relação ao custo e à produção total de empresas privadas. Seria possível burlar a contribuição para o fundo social do pré-sal", argumenta.

O conselheiro também criticou o atual plano de negócios e desinvestimentos da estatal, classificado como um "fatiamento" dos ativos da companhia, com a venda de campos exploratórios em áreas do pré-sal.

Segundo ele, todas as propostas alternativas apresentadas para a capacidade de financiamento da empresa nos próximos anos, como isenção tributária e empréstimos com pagamento em óleo, foram refutadas pelo Conselho.

"Fica evidente que a companhia está se desvencilhando de ativos que não são o foco dela agora, que não trazem rentabilidade. Ela está focada em Exploração e Produção, que é sua expertise. Isso é de uma irracionalidade absoluta. Na indústria de petróleo não se olha com lupa de quatro anos, mas de longo prazo", critica Bacelar. "Os investidores precisam entender que a petroleira só dá lucro quando atua integrada, com áreas de abastecimento e energia", avaliou.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCongressoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoJosé SerraPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Negócios

Jovem de 29 anos de um bairro pobre de Londres ficou milionário ao vender sua empresa de marketing

Empresário falido de 39 anos ficou milionário vendendo pedras como animais de estimação

Brasil tem mais de 43 mil rótulos de cerveja; versões sem álcool crescem 537%

Esta empresa mineira perdeu tudo num incêndio e mesmo assim cresceu 1.999%