Petrobras: empresa quer participar de megaleilões do pré-sal (Paulo Whitaker/Reuters)
Beatriz Correia
Publicado em 25 de outubro de 2019 às 14h37.
Com o aquecimento do mercado de afretamento de plataformas, a Petrobras avalia voltar a construir plataformas próprias, segundo o diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Rudimar Lorenzatto, que participou nesta sexta-feira, 25, de teleconferência com analistas de mercado.
A opção pela construção nunca saiu do radar da companhia, acrescentou ele. Mas dependerá da viabilidade econômica dos projetos. Lorenzatto informou também que a empresa pretende reforçar sua presença e investimentos na Bacia de Campos. O avanço da produção na região, porém, não será imediato, apenas acontecerá ao longo dos anos.
A diretora de Refino da Petrobras, Anelise Lara, afirmou que os próximos investimentos da Petrobras na área de escoamento da produção de gás natural, que envolvem gasodutos de unidades de processamento, serão feitos em parceria com outras operadoras da área.
Em teleconferência nesta sexta-feira, a diretora foi perguntada como a estatal pretende fazer o escoamento do grande volume de gás natural que virá do pré-sal.
"A gente já está pensando na capitalização desse gás que ainda vai ser produzido nos novos projetos, mas a maioria será em parcerias", disse ela a analistas ao comentar o balanço do terceiro trimestre deste ano.
Segundo ela, principalmente o sul das bacias de Campos e Santos são "prolíferas para gás" e certamente as três rotas que haviam sido programadas pela Petrobras com essa finalidade não serão suficientes.
A estatal "está se movimentando para participar dos leilões" de pré-sal, inclusive a megalicitação de áreas excedentes da cessão onerosa, que acontecerá no próximo dia 6. No dia seguinte, 7, o governo realizará a 6ª Rodada de Licitações.
A informação é do diretor de Exploração e Produção, Carlos Alberto Oliveira, em teleconferência com analistas. Ele evitou, no entanto, antecipar informações sobre a estratégia que a empresa vai adotar nas concorrências.
A diretora Financeira, Andrea Almeida, que também participou de teleconferência com analistas, afirmou que a Petrobras dependerá do ressarcimento de R$ 34,6 bilhões pela União, relativo ao contrato da cessão onerosa, para ultrapassar a meta de caixa de US$ 6,6 bilhões no fim do ano. "Estamos vendo com será o pagamento."
A dúvida é se o ressarcimento pela União acontecerá no curto prazo ou se haverá uma distância entre a realização do leilão de excedente da cessão onerosa, no dia 6, e o pagamento. A União vai utilizar a arrecadação no leilão para ressarcir a Petrobras.
Na teleconferência, a diretora reforçou ainda que a empresa precisa continuar vendendo ativos e reduzindo custos para atingir a meta de alavancagem de 1,5x, prevista para 2020. Já a redução da dívida para o nível de US$ 60 bilhões dependerá, principalmente, da venda das refinarias.
Segundo Almeida, em 2020, o ambiente ainda será desafiador para as finanças da empresa. Por isso, a distribuição de um dividendo maior somente acontecerá de 2021 para frente.