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Petrobras alerta sobre gasolina de aviação, e empresas suspendem vendas

Petrobras identificou um lote de gasolina de aviação importada, usado em aviões de pequeno porte, que tinha alterações na sua composição

Avião:  Petrobras tem importado gasolina de aviação junto a grandes empresas norte-americanas desde 2018 (Roman Becker / EyeEm/Getty Images)

Avião:  Petrobras tem importado gasolina de aviação junto a grandes empresas norte-americanas desde 2018 (Roman Becker / EyeEm/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 13 de julho de 2020 às 15h17.

A Petrobras decidiu interromper "preventivamente" o fornecimento de um lote de gasolina de aviação importada após detectar alterações no combustível, o que levou BR Distribuidora, Raízen e BP a suspenderem temporariamente a comercialização do produto na sequência.

A Petrobras informou no sábado ter identificado um lote do produto, utilizado principalmente em aviões de menor porte, com "teor de compostos aromáticos diferente dos lotes até então importados", embora dentro dos requisitos de qualidade exigidos pela reguladora ANP.

"A Petrobras estuda a hipótese da variação da composição química ter impactado os materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte", afirmou a empresa, embora com a ressalva de que ainda não há diagnóstico completo que permita assegurar essa relação de causa e efeito.

Uma fonte da empresa informou à Reuters nesta segunda-feira que a estatal tem outros lotes de gasolina de aviação para ofertar ao mercado, o que evitaria qualquer problema de abastecimento.

"Temos GAV de outros lotes e portanto não faltará produto", afirmou a fonte, sem dar mais detalhes.

Nesta segunda-feira, empresas abastecidas pela Petrobras também informaram que suspenderam a comercialização de gasolina de aviação e recomendaram a revendedores que façam o mesmo enquanto aguardam mais detalhes sobre as apurações da estatal ou orientação de reguladores.

A BR Distribuidora disse em comunicado ao mercado que tomou a decisão porque tem a Petrobras como única fornecedora do produto, assim como a Raízen, uma joint venture entre a brasileira Cosan e a petroleira Shell.

A BR afirmou que a medida é válida "até que mais informações estejam disponíveis e haja orientações específicas pelos órgãos reguladores".

A Raízen disse que "está em contato constante com a Petrobras para obter mais informações sobre o caso e alternativas para novos suprimentos", em nota à Reuters.

A BP afirmou que sua unidade Air bp suspendeu as vendas do combustível e comunicou aos clientes sobre os lotes comercializados.

"Permanecemos em contato com a Petrobras para obter outras informações sobre os lotes de gasolina de aviação e diagnóstico completo dos testes realizados no seu centro de pesquisas (Cenpes), para fins de rastreabilidade e alternativas para suprimento deste produto ao mercado", disse a BP em nota, após questionamento da Reuters.

O alerta da Petrobras sobre o combustível para aeronaves veio após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) terem informado na sexta-feira a criação de um grupo de trabalho conjunto "para apurar denúncias sobre a qualidade da gasolina de aviação utilizada no país".

As reguladoras informaram que equipes da ANP iniciaram fiscalizações, incluindo no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo.

As denúncias foram encaminhadas às reguladoras pela Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil, que falou em ofício à Anac em "suspeita de contaminação" do combustível.

Os pilotos pediram que a agência realize uma investigação sobre as condições técnicas e de qualidade do combustível distribuído no Brasil nos últimos 180 dias.

No comunicado divulgado no final de semana, a Petrobras disse que um diagnóstico completo sobre o produto exigirá "rastreamento em todo o território nacional".

A estatal também disse que "todos os lotes importados estão dentro dos parâmetros exigidos pela ANP e que dispõe de produto importado para comercialização imediata, mantendo-se, desta forma, o fornecimento de produto ao mercado".

A estatal acrescentou que seguirá cooperando com Anac e ANP sobre o tema.

Procurada, a ANP não respondeu de imediato a um pedido de comentários sobre os comunicados de Petrobras, BR e Raízen.

A Petrobras tem importado gasolina de aviação junto a grandes empresas norte-americanas desde 2018, quando a unidade que produzia o combustível, em sua refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), foi paralisada.

A produção local deve ser reiniciada em outubro de 2020, após um atraso em obras associado à pandemia de coronavírus, acrescentou a estatal.

A Petrobras não informou o volume do lote cujas vendas foram suspensas.

Segundo informação do site da Petrobras, entre os aviões que utilizam o combustível estão aeronaves empregadas na aviação particular, na agricultura, em treinamento de pilotos, na aviação comercial de menor porte e nos experimentais e esportivos.

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