Cão idoso: resultados preliminares indicam um aumento de 9% a 26% na expectativa de vida desses animais (SDI Productions/Getty Images)
Repórter
Publicado em 26 de março de 2025 às 12h00.
Última atualização em 26 de março de 2025 às 13h23.
Identificar quando um cão está mal ou sofrendo, especialmente à medida que envelhece, é um desafio para qualquer dono. Como os animais não podem verbalizar suas dificuldades, é difícil saber o que estão sentindo, principalmente nas fases mais avançadas da vida. Isso é ainda mais complexo quando se trata de doenças degenerativas, que muitas vezes não têm sinais claros.
Querendo resolver esse problema, a biotech brasileira PetMoreTime está aplicando ciência de ponta para melhorar a saúde e prolongar a vida de cães idosos. Focada na longevidade canina, a startup, fundada em 2023, está implementando um protocolo inovador que já apresentou resultados promissores.
No Programa Avançado de Mitigação do Envelhecimento Canino (Pamec), realizado com cães da polícia militar de 11 estados, os testes preliminares indicam um aumento de 9% a 26% na expectativa de vida desses animais.
Antes de fundar a PetMoreTime, Marcello Rachlyn e Daniel Daniel estavam imersos no campo da biotecnologia com foco em saúde humana.
Rachlyn, engenheiro de formação, fundou e liderou empresas no setor de biotecnologia, incluindo a introdução no Brasil de exames toxicológicos com uma janela de detecção mais ampla. Daniel, com uma carreira sólida em administração e operações, também atuou em empresas de saúde e inovação tecnológica. Juntos, traziam vasta experiência no setor e estavam envolvidos em projetos relacionados à biotecnologia e saúde preventiva.
Embora a ciência do envelhecimento tenha avançado consideravelmente nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos, ainda está longe de impactar a humanidade em grande escala. Durante esse período, os fundadores perceberam a oportunidade de aplicar essas descobertas para beneficiar os cães.
“Quando começamos a investigar, percebemos que não existia nenhuma aplicação científica voltada para a longevidade dos cães no Brasil. Isso nos fez ver uma enorme oportunidade”, diz Rachlyn. A partir disso, decidiram criar um protocolo adaptado para as necessidades dos animais, especialmente para os cães mais velhos.
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A PetMoreTime estruturou um protocolo rigoroso, com base em estudos científicos internacionais, como o Dog Aging Project, que já transformou a vida de mais de 55 mil cães nos Estados Unidos.
“Nosso foco é utilizar fármacos e nutracêuticos para intervir nas causas do envelhecimento, além de monitorar a saúde dos cães com uma coleira inteligente que coleta dados vitais em tempo real”, explica Bianca Franzoni, médica veterinária da PetMoreTime, que lidera o acompanhamento dos cães no programa.
O protocolo oferece acompanhamento veterinário completo, incluindo exames de biomarcadores genéticos e tratamento contínuo. A coleira inteligente monitora dados como frequência cardíaca, níveis de atividade física e até sinais de dor, permitindo que os veterinários detectem problemas de saúde mais precocemente e de forma mais eficiente.
Como é calculada a idade dos cachorros? Entenda o processo de envelhecimentos dos cãesO programa de 12 meses custa entre R$ 12 mil e R$ 14 mil, e inclui todos os serviços: a coleira, acompanhamento médico, exames e fármacos.
“Essa tecnologia nos permite monitorar o comportamento dos cães 24 horas por dia, o que é fundamental para detectar qualquer alteração. Muitas vezes, os sinais de dor são sutis e não perceptíveis, mas a coleira ajuda a identificar mudanças de postura e comportamento com mais precisão”, explica Bianca.
O protocolo da PetMoreTime está disponível para o público, mas a empresa está em fase de validação com um número restrito de pacientes. Interessados podem se inscrever no site da plataforma.
A expectativa é que o programa seja aplicado a cerca de 100 cães inicialmente, para testar a eficácia do tratamento antes da expansão.
A partir dessa validação, a empresa planeja oferecer o protocolo para cães civis, especialmente os mais velhos, e gradualmente especializar mais veterinários.
“Nosso foco agora é continuar a pesquisa e validação do protocolo, expandindo gradualmente para mais animais e veterinários”, afirma Marcello Rachlyn.