A Brasil Foods (ex-Perdigão) informou nesta terça-feira (1) que, até o fim de 2009, irá transferir 3,5 bilhões à Sadia para que ela possa pagar as dívidas com derivativos. Em comunicado, a empresa diz que esse repasse estava previsto no prospecto da oferta pública de ações em que levantou 5,3 bilhões de reais junto a investidores em julho. A companhia lembra ainda que, do total, 950 milhões de reais já foram transferidos para o caixa da Sadia.

Mais de 80% desse levantamento de capital será utilizado para acertar obrigações da Sadia e da Perdigão, que vão se unir na Brasil Foods. A nova empresa surgiu com uma dívida líquida superior a 10 bilhões de reais, bastante inflacionada devido às perdas cambiais da Sadia com derivativos tóxicos.

Atualmente, a fusão entre as empresas está congelada, aguardando julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No final de julho, o presidente do Cade, Arthur Badin, afirmou que o processo de incorporação da Sadia pela Perdigão, anunciado em maio, está respeitando as diretrizes estabelecidas pelo órgão e que o julgamento ainda não tem prazo para acontecer. O Cade avalia os impactos da alta concentração de mercado prevista e do enorme poder de negociação da nova empresa.

Na ocasião, analistas afirmaram que a fusão será benéfica para as companhias. Em relatório, a corretora Brascan anotou que os ganhos de sinergia chegariam a 2,2 bilhões de reais e trariam um aumento de 23,4% no valor de mercado das duas juntas. De acordo com a corretora Santander, que trabalha de forma independente do banco, as maiores sinergias estariam principalmente nas operações de logística e transporte, trazendo maior eficiência na distribuição dos produtos.

Às 10h49, as ações preferenciais da Sadia (SDIA4, sem direito a voto) permaneciam estáveis, negociadas a 5,55 reais. Os papéis ordinários da Perdigão (PRGA3, com direito a voto) registravam queda de 0,28%, negociados a 41,88 reais. No mesmo instante, o Ibovespa subia 0,55%, aos 56.986 pontos.