Repórter de Negócios
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 11h24.
O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil cresceu 4,5% em 2024, superando o desempenho do PIB, que fechou o ano estimado em 3,5%. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que monitora 736 atividades econômicas nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
O crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de Comércio, que avançou 8,1% no período. O desempenho foi alavancado pelo aumento da renda real das famílias, políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho aquecido, com desemprego em 6%, patamar historicamente baixo.
"O crescimento de 2024 reflete uma recuperação econômica em diversos setores, mas já observamos sinais de desaceleração", diz Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores Econômicos da Omie.
O setor de Comércio foi o principal motor do crescimento, com atacado e varejo registrando altas de 9% e 6,4%, respectivamente. Produtos alimentícios, bebidas e itens de higiene e limpeza lideraram as vendas. Já no varejo, os destaques foram materiais hidráulicos e elétricos, produtos farmacêuticos e equipamentos de escritório.
Em contrapartida, o setor industrial teve um avanço mais modesto, com crescimento de 2,2% no ano. No quarto trimestre, a retração de 1,5% mostrou as dificuldades enfrentadas pelas PMEs industriais, sobretudo nos subsetores mais dependentes de crédito.
O setor de Serviços cresceu 2,5%, com contribuições relevantes de atividades financeiras, transporte e saúde, embora tenha desacelerado no último trimestre. Já o segmento de Infraestrutura registrou um crescimento tímido de 0,8%, com impacto positivo em áreas como coleta de resíduos e serviços especializados em construção, mas queda em obras de infraestrutura e construção civil.
A expectativa é de que o crescimento desacelere para 2,4% em 2025, impactado pelo aumento das taxas de juros e a inflação persistente. O setor de Serviços, que cresceu 2,5% em 2024, deve continuar se beneficiando da resiliência do mercado de trabalho e da renda das famílias. Porém, segmentos mais dependentes de crédito, como Indústria e Construção Civil, tendem a enfrentar maiores dificuldades.
Outro ponto de atenção para 2025 é o impacto da Reforma Tributária, prevista para entrar em vigor em 2026. Segundo Beraldi, as empresas já devem começar a se preparar para as mudanças. "O ambiente de negócios neste ano será desafiador, com influências tanto no cenário interno, como a questão fiscal, quanto no externo, como as tensões geopolíticas e o cenário econômico dos EUA", destaca o economista.