Pedro Herz, fundador da Livraria Cultura (Germano Lüders/EXAME)
Repórter da Home
Publicado em 19 de março de 2024 às 11h45.
Última atualização em 19 de março de 2024 às 12h00.
Pedro Herz, escritor e fundador da Livraria Cultura, faleceu na madrugada desta terça-feira, 19, aos 83 anos. A morte do empresário foi anunciada por seu filho, Sérgio, que assumiu o cargo de CEO da empresa após o pai deixar a liderança.
De acordo com Sergio, a causa provável da morte de seu pai foi um ataque cardíaco durante a madrugada em seu apartamento no edifício Copan, em São Paulo. O velório está marcado para quarta-feira, 20, às 10h, seguido do enterro às 12h no Cemitério Israelita do Butantã.
Pedro Herz foi o visionário por trás da consolidação de uma das livrarias mais emblemáticas de São Paulo, que se tornou um importante ponto cultural na cidade, abrigando lançamentos, debates e até mesmo peças de teatro. Além de oferecer uma vasta seleção de obras literárias.
Apesar de seu legado cultural, nos últimos anos, a Livraria Cultura enfrentou desafios financeiros, culminando em um processo de falência iniciado no ano passado, após uma década de dificuldades econômicas que levaram ao pedido de recuperação judicial em 2018.
Pedro Herz nasceu em São Paulo, em 28 de maio de 1940, vindo de uma família de judeus alemães que haviam migrado para o Brasil no ano anterior, para fugir da perseguição do regime nazista. Em 1947, sua mãe, Eva, fundou a Biblioteca Circulante, um serviço de empréstimo de livros operado na residência da família, que serviu como embrião para o que mais tarde se tornaria a renomada Livraria Cultura.
Em 1969, a Biblioteca Circulante deu lugar à Livraria Cultura, quando se transferiu para uma loja no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Pedro Herz, que se tornou sócio da empresa, tinha experiência prévia de trabalho na Livraria Basileia, em São Paulo, além de ter passado um tempo na Europa, onde teve diversos trabalhos, desde lavar pratos até ser locutor da BBC.
Após o falecimento de Eva em 2001, Herz assumiu definitivamente a direção da empresa, liderando sua expansão e tornando-se o principal livreiro do Brasil.
A Livraria Cultura chegou a operar 18 filiais em várias capitais, com um catálogo impressionante de nove milhões de livros. A loja no Conjunto Nacional, em especial, tornou-se um local renomado para lançamentos literários no país. Além disso, a Cultura diversificou sua oferta, passando a comercializar não apenas livros, mas também CDs, DVDs e eletrônicos. Essa estratégia foi intensificada quando os filhos de Herz, Sérgio e Fábio, assumiram a gestão da empresa, mas posteriormente foi apontada como uma das causas dos problemas financeiros enfrentados pela rede.
Em 2017, a Livraria Cultura adquiriu a operação brasileira da rede francesa Fnac, marcando mais um capítulo na história da empresa.
A empresa teve seu fim anunciado em fevereiro de 2023, após uma série de batalhas na justiça em um cenário de imersão em dívidas. O juiz Ralpho Barros Monteiro, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, expediu a falência da empresa no mesmo período.
Em 2018, já temendo ser alvo do decreto, a empresa chegou a pedir proteção contra a falência. Na época, a dívida da Livraria Cultura era de R$ 285 milhões. Após o pico da pandemia de covid-19, no entanto, a companhia descumpriu o plano de recuperação judicial aprovado por seus credores, embora tenha conquistado um aditivo ao plano com melhores condições para o pagamento das dívidas.
Entre as principais causas para a falência da Livraria Cultura, foram apontados altos custos de produção e a pouca demanda por livros - em especial no cenário do consumo literário digital - que levaram ao acumulo de dívidas da empresa.