Loja da help! no Parque São Jorge: ponto físico ajuda na proximidade com o cliente, diz diretor do BMG (BMG/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 23 de fevereiro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2020 às 15h04.
O BMG está tentando levar seu patrocínio ao Corinthians para além dos gramados de futebol. O banco inaugurou nesta semana uma unidade da loja help!, franquia de lojas físicas de crédito, bem na entrada do Parque São Jorge, centro de treinamento e clube do Corinthians, na zona leste de São Paulo.
É a primeira unidade da help! já aberta nos espaços de um time de futebol, e a única com identidade visual customizada -- todo o espaço terá as cores e o escudo do Corinthians. Adriano Batistela, diretor de franquias a expansão do BMG help!, diz que o Corinthians tem mais de 30.000 sócios, e que mais de 2.000 pessoas circulam pelo Parque São Jorge em dias de fim de semana, podendo chegar a mais de 5.000 pessoas quando há algum evento específico, como campeonatos. "Ter um espaço físico é um chamariz para se aproximar do torcedor e dos frequentadores", diz Batistela.
É parte do que motivou o BMG a criar a própria help!, que tem mais de 800 lojas pelo Brasil. Embora boa parte dos produtos oferecidos possa ser contratado de maneira digital, Batistela afirma que, na loja, os vendedores do BMG conseguem auxiliar os clientes e explicar melhor sobre os produtos. "Muitos clientes são idosos ou adultos que não são nativos digitais, não conseguiriam fazer todo o trâmite sozinhos. Aí temos cadeiras, água, café, vendedores para ajudar", diz o executivo.
Para além do torcedor corinthiano e dos sócios frequentadores do Parque São Jorge, um dos objetivos do BMG é se aproximar também de uma potencial clientela vizinha ao clube. O espaço fica no distrito do Tatuapé, que tinha mais de 75.000 habitantes no Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A abertura da help! no Parque São Jorge faz parte de uma série de ações que o BMG vem fazendo com o Corinthians junto ao patrocínio da camisa, fechado em janeiro de 2019. O banco lançou no ano passado a linha de produtos "Meu Corinthians BMG", em que torcedores podem abrir uma conta digital grátis, contratar um cartão de crédito com crédito consignado ou fazer empréstimos. Toda a identidade visual da linha é estilizada com o escudo e as cores corinthianas.
A conta digital BMG-Corinthians dá também acesso à plataforma Mundo BMG, onde clientes podem comprar produtos com desconto, como camisas comemorativas, e fazer um plano de assinatura para compra de produtos e programa de dinheiro de volta.
Os bancos estão tentando como nunca se aproximar dos mais de 150 milhões de torcedores brasileiros. Na temporada 2019, dos 20 clubes da série A do Campeonato Brasileiro, só a Chapecoense não teve patrocínio de um banco. Dentre os exemplos estão o banco Inter, patrocinador do São Paulo, o Banrisul, de Grêmio e Internacional, a Crefisa, do Palmeiras. A Totvs, fabricante de softwares de gestão, também fechou patrocínio com o Corinthians para 2020, e dividirá a camisa com o BMG, patrocinar principal.
Ao patrocinar um time de futebol, as marcas tentam abocanhar não só o uso da camisa como vitrine na televisão e na mídia, mas a própria fidelidade de parte da torcida. Há quem discorde da estratégia: a estatal Caixa, desde 2012 uma das maiores patrocinadoras de times de futebol no Brasil, encerrou uma série de contratos nesta temporada -- enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que "é possível fazer coisas cem vezes melhores com menos recursos do que gastar com publicidade em times de futebol".
Assim como boa parte de seus concorrentes, o BMG, que vem se intitulando "banco da nação corinthiana", aposta nos mais de 30 milhões de torcedores do Corinthians, dono da segunda maior torcida do Brasil, para massificar seus produtos. Além do patrocínio de 12 milhões de reais fixos ao ano pelo espaço principal na camisa do Corinthians, o banco se comprometeu a dar 3 milhões de reais extras ao clube a cada 100.000 contas abertas na parceria -- ou cerca de 30 reais por conta.
A diretoria corinthiana vem fazendo posts e campanhas em suas redes sociais para que os torcedores usem os produtos do patrocinador. O BMG não revela o número de contas abertas no plano com o Corinthians. O site Meu Timão, especializado no clube, apurou junto à diretoria corinthiana que, até dezembro, haviam sido abertas 30.000 contas. Em entrevista ao portal, um membro da diretoria do Corinthians afirmou que o número ficou abaixo das expectativas, mas que o clube está trabalhando junto ao BMG para otimizar o processo de divulgação e de abertura de contas. A expectativa era chegar a 100.000 contas e, na coletiva que oficializou a parceria com o BMG, o presidente do Corinthians, Andres Sanchez, chegou a falar em 200.000 contas.
O BMG não comenta a performance da parceria. Mas afirma que, para os próximos meses, planeja novas ações. Uma das possibilidades seria integrar o sistema Fiel Torcedor, do programa de sócio-torcedor, à plataforma do BMG, para que os corinthianos que utilizem os produtos do banco tenham vantagens como desconto em ingressos. "Estamos trabalhando perto da diretoria para entender que outros produtos podemos oferecer em conjunto", diz Batistela.
Ao todo, o BMG fechou 2019 com mais de 4,1 milhões de clientes ativos, entre clientes de crédito e correntistas. São mais de 834.000 contas abertas. O banco estreou na bolsa em outubro do ano passado e vale 4,3 bilhões de reais. A instituição tem como público o consumidor final, tendo como especialidade oferecer crédito para o consumo e a missão de "popularizar os serviços financeiros".
O contrato com o Corinthians tem duração de cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco. Enquanto tenta monetizar a parceria com o time masculino, o BMG anunciou no começo de fevereiro que vai patrocinar também o time feminino do clube. A presidente do BMG, Ana Karina Bortoni, disse em nota que o apoio à equipe feminina é uma "evolução da nossa parceria com o time" e um passo rumo ao desenvolvimento do futebol feminino.
Além do Corinthians, o BMG é também patrocinador do Atlético-MG, de Minas Gerais, e do Vasco, do Rio de Janeiro. A abertura da loja física no centro de treinamento do Corinthians ainda é um piloto, mas Batistela afirma que, a depender dos resultados, outros movimentos parecidos podem ser testados nos demais clubes patrocinados.