Negócios

Participantes da Funcef querem plebiscito sobre Vale

A questão em torno da venda da Vale é que, mesmo com os déficits, o retorno foi 81,3% acima das metas de rentabilidade da Funcef

Vale: A questão em torno da venda do ativo é que, mesmo com os déficits, o retorno foi 81,3% acima das metas de rentabilidade da Funcef (Germano Lüders/EXAME.com)

Vale: A questão em torno da venda do ativo é que, mesmo com os déficits, o retorno foi 81,3% acima das metas de rentabilidade da Funcef (Germano Lüders/EXAME.com)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de janeiro de 2017 às 10h57.

São Paulo - A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) vai propor à diretoria da Funcef, o fundo de pensão da Caixa, que faça um plebiscito entre os participantes do fundo para decidir sobre a venda da fatia na Vale. A possibilidade foi informada ontem em reportagem do Estado.

Depois de 20 anos da privatização da empresa e do investimento feito pela Funcef, o fundo terá a opção de deixar a mineradora durante 2017, em função da renegociação do acordo de acionistas da Valepar, que controla a Vale.

O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, diz que a discussão deve chegar aos participantes porque esse é um dos ativos mais importantes da Funcef e representa cerca de 9% do patrimônio total do fundo.

A venda do ativo, que em 2015 era contabilizado por R$ 4,5 bilhões, seria uma forma de reduzir os déficits da fundação durante os últimos cinco anos, que devem levar o rombo da Funcef para R$ 18 bilhões.

A questão em torno da venda da Vale é que, mesmo com os déficits gerados pela companhia durante 2014 e 2015, a rentabilidade líquida desde 1997 ficou 81,3% acima das metas de rentabilidade da Funcef.

O investimento inicial na empresa, segundo a Fenae, foi de R$ 250 milhões. Isso significa que a Vale foi um investimento altamente superavitário.

"A Vale passou por momentos de baixa, mas já chegou a valer R$ 9 bilhões e os participantes receberam os benefícios dos anos de superávit", diz Ferreira.

Boa parte do déficit da Funcef vem do fato de não render dentro de suas metas estabelecidas. Quando isso acontece, os participantes precisam ratear a diferença.

Foi o que aconteceu no ano passado, quando ficou definido que todos deveriam pagar em média 2,78% a mais em suas mensalidades para recompor a capacidade do fundo de honrar as aposentadorias no futuro.

Em anos superavitários, o mesmo acontece, ou seja, os participantes pagam a menos, dividindo assim o lucro.

Momento

Outro ponto levantado pela Federação na proposta que vai encaminhar à Funcef é que será preciso analisar se deve vender o ativo agora.

No ano passado, as ações da Vale valorizaram 127% na Bolsa de Valores. Mas não necessariamente essa valorização será registrada pelo fundo, já que sua participação não é direta e a empresa contrata firmas de avaliação que apuram o valor do investimento a cada ano.

A Funcef é sócia da Litel, junto com os fundos de pensão da Petrobrás e do Banco do Brasil. A Litel, por sua vez, detém 49% da Valepar, que controla a Vale com 32,7% do capital.

Na Valepar, além de Litel, os sócios são Bradespar, Mitsui e BNDESPar.

Os dirigentes da Fenae também vão pedir ao fundo que esclareça como os quatro diferentes planos administrados pela Funcef serão afetados pela venda da Vale.

Segundo a federação, dos quase 140 mil participantes, cerca de 90 mil fazem parte de planos que não possuem investimentos na Vale. Se o objetivo da venda do ativo for para equacionar o déficit dos últimos cinco anos, boa parte dos participantes não terá alívio.

Acompanhe tudo sobre:CaixaFuncefInvestimentos de empresasVale

Mais de Negócios

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida