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Participação na Heineken dá à Femsa bilhões para transações

O conglomerado Femsa está um passo mais perto de liberar bilhões de novos fundos, justo quando poderia precisar do dinheiro


	Heineken: a Femsa, empresa avaliada em US$ 34 bilhões, agora pode vender ações da sua posse de 20% na cervejaria Heineken
 (Getty Images/ Getty Images)

Heineken: a Femsa, empresa avaliada em US$ 34 bilhões, agora pode vender ações da sua posse de 20% na cervejaria Heineken (Getty Images/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2015 às 22h03.

O conglomerado Fomento Económico Mexicano SAB está um passo mais perto de liberar bilhões de novos fundos, justo quando poderia precisar do dinheiro.

A empresa avaliada em US$ 34 bilhões, conhecida como Femsa, agora pode vender ações da sua posse de 20 por cento na cervejaria Heineken NV depois que o período de indisponibilidade da participação acabou no fim de abril.

A Femsa adquiriu a participação há cinco anos em um swap por sua unidade de cerveja no México.

A posição se apreciou nesse período para cerca de US$ 9 bilhões, pois as ações da Heineken mais do que dobraram. A participação, combinada com o dinheiro que a Femsa já tem, lhe da mais de US$ 11 bilhões em munição para fusões e aquisições.

“A Femsa não gosta de ser dona de coisas que não possa de fato controlar”, disse Lauren Torres, analista do UBS AG em Nova York, em relação às ações da Heineken.

“Se eles puderem transformá-las em algo que talvez lhes dê outra uma rodada de grandes retornos, porque eles sabem que existe outra oportunidade, eles vão fazer isso”.

As aquisições poderiam reforçar as perspectivas de crescimento que se moderaram porque a divisão de lojas de conveniência da companhia, a Oxxo, está encontrando menos esquinas mexicanas onde fincar sua bandeira.

Uma opção é buscar uma fatia maior do fragmentado negócio de farmácias da América Latina, aproveitando a experiência da Femsa no varejo em formatos pequenos. Outra opção é aumentar suas operações de engarrafar Coca-Cola.

Ponderar alternativas

O diretor financeiro Daniel Alberto Rodríguez Cofré disse, em uma teleconferência no dia 30 de abril, que o fim do período de indisponibilidade “não foi perdido de vista”. Ele acrescentou que a empresa não prevê uma mudança na posse da Heineken no “curto prazo”.

Nos últimos dez anos, o valor de mercado da Femsa se multiplicou quase nove vezes, já que a gestão expandiu o império Oxxo da empresa para cerca de 13.000 filiais.

Neste ano, o UBS projeta que o número de lojas da Oxxo cresça 9 por cento, o ritmo mais lento em pelo menos 15 anos.

Caso a Femsa tente vender sua participação na Heineken em busca de alvos para ajudar a impulsionar o crescimento, a empresa provavelmente encontrará um comprador.

Como as fabricantes mundiais de cerveja estão considerando uma consolidação, a própria Heineken poderia estar interessada, a fim de manter pretensos adquirentes à distância, bem como potenciais compradores da fabricante de cerveja com sede em Amsterdã. No ano passado, a Heineken rejeitou uma aproximação da SABMiller Plc, uma fabricante de cerveja de maior porte.

Expansão das farmácias

A companhia poderia buscar uma rede brasileira de farmácias como a Raia Drogasil SA, avaliada em US$ 4 bilhões, ou a Drogarias Pacheco, de capital fechado, segundo uma nota de pesquisa escrita em 30 de janeiro por analistas do UBS, entre eles Torres e Alan Alanis.

Ela também poderia acrescentar farmácias às aproximadamente 800 que tem no México ou explorar mais transações para adquirir ativos de engarrafamento de Coca-Cola, disse o UBS. Sua unidade Coca-Cola Femsa SAB recorreu a fusões e aquisições para se tornar a maior engarrafadora independente de produtos da Coca-Cola Co. do mundo.

Outra possibilidade é expandir sua conquista do sistema de engarrafamento da Coca-Cola, segundo Miguel Mayorga, analista da Corporativo GBM SAB.

Os alvos no setor poderiam abranger de engarrafadoras de capital fechado até a Arca Continental SAB, a segunda maior engarrafadora no México, com um valor de mercado de 158 bilhões de pesos mexicanos (US$ 10,4 bilhões), disse ele.

Se o conglomerado incorporar uma linha de negócios completamente nova, essa não seria a primeira vez. A companhia começou principalmente como fabricante de cerveja e depois se transformou em varejista e engarrafadora de Coca-Cola. A empresa também se aventurou no setor bancário pelo caminho.

Hoje, entre seus outros interesses há postos de gasolina. A Femsa se mostrou disposta até a explorar novas partes do mundo, sendo que sua unidade Coca-Cola Femsa decidiu comprar uma participação de 51 por cento na Coca-Cola Bottlers Philippines Inc. em 2012.

“Seja nos EUA, na Colômbia ou em outras partes da América Latina, se a parte econômica funcionar, eles vão fazer isso”, disse Torres, da UBS.

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