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Parceria entre Airbnb e hotéis de SP é rechaçada por associação

Dias depois do anúncio da parceria do Airbnb com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo, associação nacional critica o acordo

Airbnb: para a associação nacional, a briga com o Airbnb ainda passa por mudanças na tributação (Airbnb/Divulgação)

Airbnb: para a associação nacional, a briga com o Airbnb ainda passa por mudanças na tributação (Airbnb/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 16h20.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 16h47.

Poucos dias depois que o Airbnb assinou um acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP) para impulsionar o turismo na região, fazendo as pazes em um dos mercados mais importantes para o turismo no país e na América Latina, a disputa entre a plataforma de hospedagens e o setor hoteleiro ganha uma nova etapa.

A ABIH Nacional — Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, órgão que concentra  as associações regionais, divulgou comunicado afirmando ser contrária à parceria.

"A ABIH Nacional informa que não endossa acordos unilaterais celebrados sem a sua anuência, tendo em vista que as ABIH's estaduais devem observar as diretrizes da entidade nacional", diz Manoel Cardoso Linhares, presidente da associação, em nota. De acordo com o órgão, a parceria foi feita sem o seu consentimento, e suas associadas devem seguir diretrizes e políticas nacionais. 

Para a associação nacional, a briga com o Airbnb ainda passa por mudanças na tributação, "com amplas discussões inclusive no Congresso Nacional para sua regulamentação e/ou mudanças". "Informa ainda que a ABIH Nacional tem trabalhado incansavelmente para que a legislação que trata da regulamentação dessas plataformas seja apreciada pelo Congresso Nacional, fazendo assim justiça e dando o tratamento isonômico às partes, evitando distorções que coloquem a hotelaria formal em desvantagem tributária em relação às referidas plataformas", diz.

A parceria da discórdia

A indignação da associação nacional vem de uma parceria anunciada na terça-feira, 8, entre o Airbnb e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), por meio de um memorando de entendimentos. O objetivo da união, válida apenas para São Paulo, é fomentar negócios entre as partes, dividir informações estratégicas e desenvolver os pontos turísticos. O negócio prevê um programa educativo para ampliar o conhecimento e as práticas do turismo responsável, a promoção turística por meios digitais de destinos paulistas, e a adoção das melhores práticas de segurança. 

Tanto para a plataforma global criada na Califórnia quanto para a associação regional, a união das forças é essencial para desenvolver o mercado de turismo, ainda mais em um momento de crise causado pela pandemia“Quando veio a pandemia, essa parceria fez muito sentido. Precisamos nos unir”, afirma Flávia Matos, diretora de relações institucionais e governamentais do Airbnb para a América Latina, em entrevista à EXAME no lançamento da parceria. “O mundo mudou e a tecnologia está aí. Precisamos estar ao lado deles para recuperar juntos o turismo no Brasil”, diz Ricardo Roman Jr., presidente da ABIH-SP. 

Mesmo com a discussão ainda acirrada, o cenário aos poucos muda para eliminar distinções entre hotéis e aluguéis de apartamentos ou casas — pelo menos para alguns players. Pequenos hotéis e pousadas independentes já buscavam a plataforma do Airbnb como uma forma de aumentar seu alcance. Agências digitais de turismo e plataformas de hotelaria globais, como Booking, Expedia e Decolar, que normalmente ofereciam apenas quartos de hotéis, passaram a listar também apartamentos e casas para temporada. “Ou seja, é tudo uma coisa só. Nós, hoteleiros independentes, precisamos ter o Airbnb do nosso lado”, afirma Roman.

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