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Para sobreviver, petroleiras terão que vender ativos

Em um cenário desafiador e afundando em dívidas, empresas precisarão vender seus ativos menos rentáveis, segundo consultoria A. T. Kearney


	Petróleo: empresas precisarão vender seus ativos menos rentáveis, diz consultoria A. T. Kearney
 (Bloomberg)

Petróleo: empresas precisarão vender seus ativos menos rentáveis, diz consultoria A. T. Kearney (Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de abril de 2016 às 13h53.

São Paulo – Pressionadas por dívidas e pelo preço baixo do barril de petróleo, as empresas de petróleo e gás deverão buscar vender seus ativos menos rentáveis.

De acordo com uma pesquisa da consultoria A.T. Kearney, este ano será de consolidação do setor com aumento no número de fusões e aquisições.

No último ano, por conta da queda do preço dos combustíveis fósseis, as empresas viram seu faturamento diminuir e endividamento aumentar.

Nesse cenário, para sobreviver “elas vão precisar vender seus ativos. Muitas estão chegando ao seu limite de endividamento”, diz o sócio do escritório brasileiro da A.T. Kearney, Dario Gaspar, em entrevista a Exame.com.

No entanto, há muitas empresas querendo vender seus ativos, mas nem tantas assim dispostas a comprá-los.

Segundo a consultoria, as empresas capitalizadas e com caixa forte irão buscar oportunidades de capturar as sinergias de reservas e fusões.

“Há compradores limitados atualmente, mas a situação atual representa uma enorme oportunidade para aqueles com a solidez financeira necessária”, afirmou Alvin See, diretor e coautor do estudo de M&A no setor de petróleo e gás.

Porém elas irão buscar as melhores condições de compra e "podem esperar as empresas estarem mais apertadas”, analisa Gaspar. Por isso, segundo ele, “algumas empresas sentem que estão vendendo seus ativos a preço de banana”.

No Brasil

A Petrobras, maior empresa do setor no Brasil, enfrenta não só o cenário mundial complicado, mas também graves problemas internos, como a Operação Lava Jato.

No ano passado, a petroleira afirmou que pretende vender 15,1 bilhões de dólares em ativos neste ano e 59 bilhões de dólares até 2018.

Ela negocia sua fatia na Braskem, a subsidiária na Argentina e a malha de gasodutos do Sudeste, além de poços pouco rentáveis.

Por enquanto, o único negócio que saiu foi o repasse de 49% da Gaspetro, da área de distribuição de gás natural, por 1,9 bilhão de reais, para a japonesa Mitsui.

A brasileira está disposta inclusive a fornecer descontos e receber valores menores pelos seus ativos para tornar a negociação mais vantajosa.

Ainda que existam compradores interessados, a Petrobras irá concorrer com ativos à venda em todo o mundo, afirma Gaspar.

Vacas gordas e magras

Nos últimos anos, o setor de petróleo e gás viveu tempos de vacas gordas. Os preços estavam altos e os investimentos eram fartos.

Em todo o mundo, empresas gastaram milhares de dólares para aumentar sua produção e aproveitar o momento positivo.

No entanto, o cenário mudou. O consumo mundial de petróleo e gás está caindo, puxado principalmente pela desaceleração da China. 

Enquanto isso, o Oriente Médio não desacelerou sua produção, gerando excesso de oferta de petróleo e gás. Como consequência, o preço do barril de petróleo despencou no último ano. 

Além da queda na demanda e, consequentemente, no preço, as companhias ainda enfrentam dívidas pesadas, contraídas para investir nos tempos de bonança.

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