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Para se afastar de Trump, Disney tira o nome "Fox" do estúdio 20th Century

A Disney está apagando qualquer vestígio da Fox na companhia, com medo da polarização trazida pela emissora homônima

20th Century Fox: marca deixará de existir (20th Century Fox/Divulgação)

20th Century Fox: marca deixará de existir (20th Century Fox/Divulgação)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 14h57.

Última atualização em 30 de julho de 2020 às 14h31.

Uma das marcas mais renomadas do mundo do entretenimento deixou de existir. A Disney anunciou nesta sexta-feira 17 que vai deixar de usar o nome "Fox" no estúdio 20th Century Fox, que a companhia comprou em 2017. A companhia agora passará a se chamar somente 20th Century Studios.

O estúdio fazia parte do grupo 21st Century Fox (cujo nome está um século adiante). O conglomerado de mídia inclui de séries como Os Simpsons e canais como National Geographic. O nome geral do grupo já havia deixado de existir com a fusão, quando seus departamentos foram incorporados à outros braços da Disney. Agora, chegou a vez do estúdio 20th Century Fox. 

A mesma mudança anunciada nesta semana valerá também para o estúdio Fox Searchlight, que passará a se chamar Searchlight Pictures.

A aquisição do grupo 21st Century Fox custou à Disney 71,3 bilhões de dólares e só foi finalizada em 2019, após aprovação de órgãos reguladores em diversas partes do mundo.

Segundo o jornal The New York Times, boa parte da motivação para abolir o nome "Fox" das empresas vem do desejo de se afastar das polêmicas do canal de notícias Fox News, que pertence ao empresário Rupert Murdoch e é grande apoiador do presidente americano, Donald Trump.

O movimento acontece sobretudo em um cenário em que a comunidade cinematográfica vem se unindo em torno de movimentos como o "Me Too" (que pede a valorização das mulheres no cinema e fim do assédio), que tem declarações anti-feministas de Trump como alguns dos alvos. A mudança de nomes feita pela Disney acontece também no mês em que estreou no mundo inteiro o filme "O escândalo", sobre um ex-executivo da Fox acusado de assédio.

A Fox News fazia parte do grupo 21st Century Fox, mas não foi comprado pela Disney e hoje faz parte do grupo de empresas que continuou com Murdoch após a venda. O atual grupo de Murdoch passou a ser chamado de Fox Corporation.

A história da Fox

Murdoch tomou controle da 21st Century na década de 80. O estúdio 20th Century Fox, um dos seis maiores produtores de sucessos de Hollywood, era um dos principais ativos do conglomerado de mídia.

O estúdio surgiu oficialmente em 1935, mas o nome "Fox" passou a ser presença constante em filmes de Hollywood já em 1915. Na ocasião, o imigrante húngaro William Fox fundou um estúdio que levava seu nome, batizado de Fox Film Corporation. A crise de 1929 fez a empresa ter de se juntar a uma concorrente, a Twentieth Century Pictures, o que levou à criação do 20th Century Fox em 1935.

A mudança no nome feita pela Disney veio para valer, e o e-mail dos funcionários do estúdio já foi alterado. O nome "Fox" também vai sair dos logos das empresas, mas a imagem do logo, já clássica no mundo do cinema, vai permanecer.

A nova cara da empresa vai ser mostrada ao público pela primeira vez em fevereiro, quando estreiam os filmes "Downhill", pela Searchlight Pictures, e "The Call of the Wild", com participação do ator Harrison Ford, pela 20th Century (os filmes ainda não possuem nome em português).

O ano de 2020 tende a ser de consolidação para a Disney. Além de fazer a digestão de todos os produtos da 21st Century comprados há dois anos, a empresa verá os primeiros resultados do Disney+, serviço de streaming que foi ao ar em novembro e juntou todo o imenso portfólio da empresa para brigar com concorrentes como Netflix, HBO e Amazon Prime Video.

Com a fusão, o Disney+ conta tanto com clássicos da Disney (e de suas empresas, como a Pixar) quanto com produtos da 21st Century, como a série de desenhos "Os Simpsons". Em dois meses no ar em países como Estados Unidos e Canadá -- e ainda sem chegar à Europa e ao Brasil --, o Disney+ já teve mais de 40 milhões de downloads somente em celulares.

Streaming à parte, a produção de conteúdo também teve cifras recordes na Disney nos últimos meses: com sucessos como O Rei Leão Aladdin refeitos, e sequências como Frozen 2, a empresa superou 11 bilhões de dólares em bilheteria.

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