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Para dona da Peugeot, vantagem do home office é fugir do trânsito

Ainda que seja uma vantagem para os funcionários, depender menos do carro pode ser um problema para o grupo PSA - que, afinal, vive de vender automóveis

 (Peugeot/Divulgação)

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Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 06h00.

Última atualização em 5 de agosto de 2020 às 11h20.

A dona da Peugeot, o grupo francês PSA, irá ampliar a prática de home office para todos os funcionários administrativos mesmo depois do fim da pandemia do novo coronavírus. Os funcionários de todo o mundo poderão exercer seu trabalho de forma remota em dois terços do tempo, ou 3 dias e meio por semana. 

Cerca de 30% da equipe do grupo já vivenciava trabalho em home office desde 2015, poucas vezes por semana de forma voluntária. "A atividade presencial será focada na troca entre os funcionários, não como o trabalho tradicional", diz Lindaura Prado, vice-presidente de recursos humanos para a América Latina do grupo.

A montadoras também detém as marcas Citroën, Opel, Vauxhall e DS. Em 31 de outubro de 2019, o grupo PSA anunciou um acordo de fusão com o grupo FCA, donos das marcas Fiat e Chrysler, operação ainda não finalizada.

Com a expansão do trabalho remoto, no primeiro semestre do ano, o grupo PSA reduziu em 6,8% a área de escritórios e ativos imobiliários, cortando 990.000 metros quadrados. Com isso, reduziu sua pegada de carbono em 6,4%, evitando a emissão de 28.800 toneladas de gás carbônico. 

Para entender as vantagens e desafios do trabalho remoto, a empresa realizou uma pesquisa com seus funcionários, em 23 países, com 20.000 respostas. A pesquisa considerou apenas os trabalhadores administrativos, e não os que trabalham nas fábricas e montadoras do grupo. No geral, 79% dos funcionários são a favor do trabalho remoto e 76% consideram que sua função é compatível com essa modalidade de trabalho, segundo dados obtidos com exclusividade pela EXAME. 

Na América Latina, a aprovação é ainda maior. 91,6% dos funcionários no Brasil e 88,2% na Argentina são a favor do home office e 87,1% no Brasil e 91,3% na Argentina consideram sua atividade compatível com o teletrabalho por 3 dias e meio por semana. 97,4% dos colaboradores brasileiros 96,3% dos argentinos relataram que sua organização familiar é compatível com o trabalho remoto.

Fugir do trânsito

Entre os principais benefícios do home office apontados pelos colaboradores, estão economizar tempo de deslocamento, melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e reduzir custos. Cerca de 78,7% dos brasileiros apontaram a redução no tempo de deslocamento como um benefício de trabalhar em casa.

Na Europa, o uso de transporte público para ir ao trabalho é mais amplo e o tempo de deslocamento é menor. Já na América Latina, o grupo está em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, ambas no Brasil, Cidade do México no México e Santiago, Chile, locais com mais trânsito. 

Ainda que seja uma vantagem para os funcionários, depender menos do carro pode ser um problema para o grupo PSA - que, afinal, vive de vender automóveis. "Somos uma montadora e grande parte do nosso resultado vem da venda de veículos. Mas precisamos garantir a sustentabilidade do ambiente em que vivemos e a empresa tem essa preocupação", diz Prado. O objetivo é ser um grupo de mobilidade, afirma a diretora, que garante que novos negócios estão sendo desenvolvidos nesse sentido. 

Ainda que o carro se mantenha mais tempo na garagem com o trabalho de casa, a empresa aposta que as pessoas devem usar mais o veículo próprio para viajar, evitando transporte público ou aviões. 

Desafios do home office

O maior desafio para tornar o trabalho remoto uma realidade permanente para todo o grupo é dar as condições adequadas aos funcionários. "As pessoas têm condições distintas em casa, de família ou ambiente de trabalho, e temos que garantir a equidade", diz Prado. A montadora ainda está analisando que benefícios irá oferecer, como ajuda de custo para internet ou cadeiras e outros equipamentos. 

Entre as desvantagens apontadas estão o sedentarismo e a redução no convívio social. Ela acredita que, depois da pandemia, a dinâmica do trabalho remoto será diferente da atual - as academias, escolas e encontros com amigos voltarão a fazer parte do cotidiano. O trabalho 100% presencial, no entanto, não deve voltar para grande parte das empresas.

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