Negócios

Para atrair lojistas, Magalu vai subsidiar frete do marketplace

Em discurso para plateia de vendedores, Frederico Trajano anunciou também opção de "Retira Loja" e serviços digitais de nota fiscal para o marketplace

Centro de Distribuição do Magazine Luiza em Louveira (SP). (Leandro Fonseca/Exame)

Centro de Distribuição do Magazine Luiza em Louveira (SP). (Leandro Fonseca/Exame)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 25 de setembro de 2019 às 12h12.

Última atualização em 25 de setembro de 2019 às 18h43.

No intuito de expandir seu marketplace, o Magazine Luiza será agressivo. A empresa anunciou que vai passar a subsidiar frete de parte dos lojistas que venderem seus produtos na plataforma e permitir que produtos do marketplace possam também ser retirados em algumas lojas físicas do Magalu, como já acontece com os produtos próprios.

O anúncio foi feito pelo presidente Frederico Trajano durante o Expo Magalu, evento que teve sua primeira edição neste ano. A feira deve se consolidar, segundo a empresa, como espaço de discussão sobre varejo e lançamento de novos produtos do Magalu.

A uma plateia formada sobretudo por lojistas do marketplace -- que vibraram com o anúncio dos novos serviços --, Trajano afirmou que o subsídio no frete vai funcionar, a princípio, durante o próximo trimestre, entre outubro e dezembro. O Magalu vai subsidiar 100% do valor (com limite de 80 reais) de entrega dos vendedores que postarem mercadoria em até um dia útil e para compras acima de 99 reais.

O marketplace responde por mais de 20% das vendas online do Magazine Luiza, e o objetivo é incentivar os lojistas a tentar reduzir o tempo de entrega das mercadorias. Atualmente, 40% dos produtos são entregues em até dois dias, e a empresa não separa as métricas do marketplace e de seu catálogo próprio.

A outra novidade, a opção da modalidade "Retira Loja" para o marketplace, também vai ajudar a melhorar o prazo de entrega. Somando esse formato, mais de 75% das entregas são feitas em até dois dias.

Segundo Trajano, o "Retira Loja" para os lojistas será testado de forma piloto também a partir de outubro. O executivo não deu detalhes sobre quais serão as lojas participantes para o marketplace. Para o portfólio próprio do Magalu, o serviço está disponível em mais de 60 cidades, segundo os dados do último balanço da empresa, em junho.

Para os produtos próprios, a entrega já costuma tradicionalmente ser mais rápida e barata, com mais opções de frete grátis, sobretudo nas compras feitas pelo aplicativo. O Magazine Luiza conta ainda com plataforma própria de entrega, que chama de "malha Luiza", com mais de 2.000 motoristas parceiros e que consegue reduzir o prazo em 60%.

Dentro do mote do "Magalu As a Service", a varejista quer aumentar a relação com os lojistas para além de puramente ofertar os produtos parceiros em seu site. A ideia é, cada vez mais, oferecer seus serviços digitais e logísticos aos lojistas e, assim, atraí-los para a plataforma.

No evento desta quarta-feira 25, Trajano também anunciou que vai oferecer dois novos serviços digitais aos lojistas. O "Magalutax", um portal de faturamento para ajudar pequenas empresas no processo de emissão de nota fiscal, e o "iPDV", plataforma de digitalização do ponto físico, voltada para quem está no marketplace mas, inclusive, para quem atua somente com lojas físicas.

Trajano disse não querer que o marketplace seja visto no Brasil "como uma terra de ninguém, um faroeste". "Quem está com a gente tem de tratar bem o cliente e emitir nota fiscal", disse.

Os serviços fazem parte de soluções digitais desenvolvidas pelo Luiza Labs, laboratório de inovação do Magalu comandado pelo diretor de Tecnologia, André Fatala, que foi responsável por grande parte do salto digital que a varejista deu nos últimos anos. Em entrevista a EXAME em julho, Fatala e outros executivos do Magalu afirmaram que o principal objetivo, agora, era repassar essa tecnologia aos lojistas parceiros.

Marketplace é a estrela da vez

Expandir o marketplace é a principal aposta do Magalu e de outros varejistas -- como as concorrentes B2W e Via Varejo -- para aumentar o número de produtos oferecidos em suas plataformas e, assim, ter maior frequência de compra do cliente, aumentar o faturamento e se consolidar como empresas que oferecem produtos de todo o tipo.

No Magalu, o marketplace existe há dois anos e cresceu mais de 200% nos dois primeiros trimestres de 2019, atingindo faturamento de 1 bilhão de reais nos primeiros seis meses do ano. A expectativa é que o marketplace feche o ano com faturamento de 2 bilhões de reais, segundo Trajano.

O número de lojistas passou de 5.000 no primeiro trimestre para mais de 8.000 em junho, de modo que a variedade de produtos também aumentou, indo de 5,4 milhões de itens no primeiro trimestre para 7,5 milhões no segundo. Quase metade dos clientes do Magalu compraram algum produto vendido no marketplace.

O anúncio dos subsídios para lojistas vem semanas após a americana Amazon anunciar no Brasil a estreia de seu serviço Prime, que, por 9,90 ao mês, oferece frete grátis em uma gama de produtos e acesso a seu catálogo de séries e filmes, o Amazon Prime Video, concorrente da Netflix. Na ocasião, o anúncio fez a ação do Magalu cair 5% (assim como as ações de B2W e Via Varejo).

Para além do primeiro bilhão do marketplace, o ano de 2019 segue sendo um dos mais agitados da história do Magalu. Nos primeiros oito meses, a varejista já comprou a vendedora de artigos esportivos Netshoes, chegou à marca de 1.000 lojas físicas e abriu novas lojas em 34 municípios do Pará, mercado até então inexplorado.

Acompanhe tudo sobre:B2We-commerceMagazine LuizaVarejoVia Varejo

Mais de Negócios

Franquias no RJ faturam R$ 11 bilhões. Conheça redes a partir de R$ 7.500 na feira da ABF-Rio

Mappin: o que aconteceu com uma das maiores lojas do Brasil no século 20

Saiba os efeitos da remoção de barragens

Exclusivo: Tino Marcos revela qual pergunta gostaria de ter feito a Ayrton Senna