André Oliveira, sócio e presidente da Motorista PX: "A ideia de criar a empresa veio do meu sócio, um ex-motorista de caminhão. Ele percebeu a falta de novos profissionais na estrada e o envelhecimento da classe, especialmente nas rodovias” (Motorista PX/Divulgação)
Repórter
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 14h01.
Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 14h20.
O Brasil enfrenta uma crise silenciosa, mas de grande impacto: a falta de motoristas de caminhão. Dados do SENATRAN indicam uma redução de aproximadamente 1,1 milhão de motoristas entre 2013 e 2023, representando uma queda de 20% em uma década.
Com a média de idade dos motoristas no país girando em torno de 54 anos, a escassez de novos profissionais na área se tornou um desafio. A jovem geração parece não se interessar pela profissão, o que só agrava ainda mais o problema. Como resultado, empresas de transporte estão enfrentando dificuldades para garantir a continuidade das operações, o que afeta diretamente a logística - e o fluxo econômico do país.
Foi percebendo esse desafio que surgiu em 2019, em Santa Catarina, a Motorista PX, uma startup fundada pelo empresário André Oliveira e seu sócio Djefrei Pasch, um ex-motorista de caminhão e hoje advogado.
"Foi o Djefrei, meu sócio, quem viu essa lacuna no mercado. Como ex-motorista, ele percebeu a falta de novos profissionais na estrada e o envelhecimento da classe, especialmente nas rodovias”, afirma Oliveira, que divide a gestão da empresa com Pasch, que é diretor jurídico, e Thiago Alam, que chegou na empresa como diretor de crescimento.
A empresa surgiu como uma plataforma digital que conecta motoristas de caminhão autônomos (MEI) com transportadoras, com um serviço que lembra um pouco com o serviço da “Uber ou 99”, mas que segundo Oliveira vai além.
“Oferecemos um serviço que é como um ‘upgrade do Uber’, porque o motorista do Uber tem que entrar com o carro, combustível e paga uma taxa, no nosso caso não cobramos taxa e o motorista não precisa ter um veículo próprio”.
Oliveira explica que a plataforma oferece aos motoristas a flexibilidade de escolher quando e onde trabalhar, mesmo sem caminhão, uma vez que a frota é disponibilizada pelas transportadoras.
“Nossos motoristas podem selecionar viagens com base em critérios como datas, destinos, duração da viagem e tipo de carga, adaptando a jornada às suas preferências”, afirma Oliveira.
Atualmente, a Motorista PX conta com mais de 240 mil motoristas cadastrados e cerca de 1.400 transportadoras parceiras em sua base, com atuação em todo o território nacional.
Com um crescimento expressivo nos últimos anos, a empresa participou pela segunda vez do ranking EXAME Negócios em Expansão e neste ano conquistou o segundo lugar na categoria de R$ 150 a 300 milhões em receita.
Até 2026, o presidente da Motorista PX projeta que companhia chegue ao 1º bilhão em faturamento. Como? Ele conta à EXAME.
Com o fechamento de muitas operações e o adoecimento de motoristas CLT, a Motorista PX encontrou uma oportunidade de mostrar seu modelo de negócio.
"A pandemia foi um divisor de águas para nós. Com a escassez de motoristas e a necessidade urgente de transportar mercadorias, muitos transportadores começaram a enxergar a Motorista PX como uma solução viável”, afirma Oliveira.
Esse momento de crise foi crucial para o crescimento da startup, que em 2021 teve um aumento de 55 vezes em seu faturamento, mostrando a aceitação crescente do modelo de trabalho flexível.
Além do impacto econômico, a Motorista PX também tem um papel social importante ao reativar motoristas aposentados e atrair uma nova geração para a profissão.
"A nova geração quer flexibilidade, experiência e qualidade de vida. Nós conseguimos trazer esse perfil para o setor de transporte, ao mesmo tempo em que aumentamos a capacidade de entrega das empresas”, afirma Oliveira.
A empresa também está desenvolvendo treinamentos para motoristas que operam com veículos elétricos, alinhando-se às práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance) e antecipando-se às tendências de sustentabilidade do setor de transporte.
Com a demanda do mercado e novos investimentos, a companhia apresenta crescimento ano após ano. Em 2024 a empresa cresceu 143%, com faturamento de R$ 180 milhões, conquistando destaque no ranking EXAME Negócios em Expansão 2025.
“No último ano, o nosso crescimento foi impulsionado pela combinação de mais empresas-clientes, aumento de motoristas cadastrados e dois aportes que agora fazem parte do novo conselho”, diz o presidente.
As expectativas para os próximos anos são ainda melhores. No segundo semestre de 2024, a startup recebeu um aporte de R$ 11 milhões da Caravela Capital e R$ 45 milhões da Monashees, fundo que investiu na 99.
Com esse investimento, Oliveira estruturou um conselho com cinco membros e formaram duas camadas de gestão.
"Com essa estrutura, estamos prontos para escalar o negócio, focando em mais soluções para o setor de transporte, como a Radar PX, nossa gerenciadora de risco exclusiva para motoristas PX, que agiliza processos e reduz custos para as transportadoras", diz. “Todo crescimento exige estrutura. Conselho não é só para grandes, é para quem quer ser grande”.
Com mais clientes e investimentos, Oliveira espera um faturamento de R$ 350 milhões este ano e já projeta R$ 1 bilhão até 2026.
“Agora, nos preparamos para acelerar o negócio rumo ao grande salto”, diz o CEO.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2025, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2024. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
São 470 empresas que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros. Conheça o hub do projeto, com os resultados completos do ranking e, também, a cobertura total do evento de lançamento da edição 2025.