Fernando Menezes, da Selfit: “Tem muita demanda e pouca oferta de produtos de qualidade” (Selfit/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de maio de 2024 às 08h12.
Na Selfit, rede de academias criada em Pernambuco em 2012, o maior desafio não é a concorrência, nem a manutenção das lojas ou dos clientes. A briga por ali é contra o sofá.
“O Brasil é gigantesco e um dos mais sedentários do mundo”, afirma Fernando Menezes, CEO da empresa. “O percentual de brasileiros que praticam apenas o mínimo recomendado pela OMS é muito grande”.
Segundo Menezes, cerca de 5% da população brasileira está matriculada em uma academia. O valor é bem inferior ao percentual em mercados maduros, como os Estados Unidos, onde cerca de 20% da população vai à academia. Fica abaixo também de outros mercados semelhantes, porém. Na Argentina, 7% da população se exercita em alguma academia.
Aumentar esse percentual - e ganhar parte desses novos clientes - é uma das principais estratégias para o crescimento da Selfit.
A empresa faturou 236 milhões de reais ano passado, um aumento de 36% em relação a 2022. Para este ano, o objetivo é passar dos 300 milhões de reais em receitas.
Para tirar as pessoas do sofá, a empresa quer investir na qualidade das academias, com ar condicionado, estacionamento e equipamentos de ponta, e em franquias, para levar o modelo de academias mais profissionais a cidades menores.
Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal Exame EmpreendaA rede de academias começou em 2012 com empreendedores do Recife que queriam replicar no Nordeste um modelo de negócio que começava a escalar no Sudeste: a de academias de qualidade com um preço acessível, como a Smart Fit.
“São lojas que têm um conceito seguro, uma loja grande, climatizada, com as melhores máquinas do mundo, e com o objetivo de trazer um público mais amplo, não apenas o marombeiro”, diz. “As principais redes falavam que queriam atender o marombeiro. A Selfit surgiu com a ideia de ser de todos”.
A operação ficou com uma única loja por cerca de um ano. Depois, foi abrindo cerca de uma nova por ano, num investimento de familiares e amigos.
Quando estava na quarta loja, quase quatro anos depois, o caminho da Selfit se cruzou com o da H.I.G. Capital, um fundo de private equity que investiu na academia e fez a plataforma crescer exponencialmente: de quatro lojas, foi para 60 unidades no final de 2019.
Depois veio a pandemia, que freou o crescimento da rede. Passado o pior período da crise de covid-19, o negócio voltou a crescer.
“Em 2021, começamos a reabrir lojas, e em 2022 tomamos uma decisão de franquear nosso modelo, focando principalmente em cidades menores”, afirma. “São cidades desassistidas de produtos pensados, sem máquinas de qualidade, sem ar condicionado, sem estacionamento”.
“ Queremos levar a Selfit aos rincões do Brasil”, conclui.
Em 2022, a rede abriu a primeira loja franqueada. A operação fica na Serra Talhada, cidade do sertão pernambucano com cerca de 70.000 habitantes.
Hoje, são 23 no modelo de franquias. Outras 86 são lojas próprias.
“Acreditamos que o Brasil como um todo, dada as particularidades, tem potencial para nossos negócios”, afirma. “Ao longo desse ano, conseguimos entrar em mercados em que não estávamos, como Santa Catarina, na região de grande Florianópolis”.
A aposta neste ano é seguir crescendo com as franquias. No radar, o aumento de demanda, - e de potencial do setor no país - e os bons números da área.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), o mercado fitness mobiliza cerca de 8 bilhões de reais por ano no Brasil. Além disso, o país é o segundo com maior número de estabelecimentos no setor, perdendo apenas para os Estados Unidos.
“Tem muita demanda e pouca oferta de produtos de qualidade”, afirma. “Com a vertente de franquias, você consegue levar um produto de qualidade para todo mundo. Estamos abrindo em diversas cidades que demorariam muito para serem atendidas se não fossem as franquias”.
Até o final do ano, a empresa quer ter 140 lojas próprias e ter um crescimento semelhante em franquias, com pelo menos 17 novas lojas.
Para crescer, a Selfit (e o setor em si) precisa travar uma luta acirrada contra o sofá. “A grande maioria dos brasileiros não vai para academia. A Selfit tem 300.000 clientes, mas um potencial de crescimento muito grande”.
Essa luta, na visão de Menezes, passa pela qualificação das academias.
“O cara que tá no sofá olha para o lado e vê uma academia xexelenta, quente, com o banheiro nojento. Eu nunca sairia do sofá e pagaria caro por isso”, diz. “É fundamental investir em ar condicionado, banho quente, banheiro climatizado. À medida que desenvolvemos essa indústria, o brasileiro sai do sofá”.
A Selfit foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 55ª colocação na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 52,32%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 97,9 milhões. Em 2022, subiu para R$ 149,1 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%.
Veja os resultados: