Negócios

Para além das maquininhas: Cielo aposta no crédito e na emissão de cartões

Em novembro, a credenciadora passa a oferecer conta de pagamento para seus clientes por meio do Cielo Pay que vai emitir seus próprios cartões

Cielo: primeira parceria é com Donus, a conta digital da Ambev, para comodato (Reuters/Reuters)

Cielo: primeira parceria é com Donus, a conta digital da Ambev, para comodato (Reuters/Reuters)

NF

Natália Flach

Publicado em 29 de julho de 2020 às 14h35.

Última atualização em 31 de julho de 2020 às 18h47.

Há tempos, a Cielo vem tentando diversificar a sua atuação para que a receita das maquininhas (com aluguel, venda e taxas) não seja a única a aparecer em seu balanço – que, aliás, registrou o primeiro prejuízo da história da adquirente, de 75 milhões de reais, no segundo trimestre. Mas agora a maior credenciadora de cartões entra, de fato, em um segmento que pode mudar os rumos de seus resultados: a concessão de crédito.

É verdade que a Cielo já faz antecipação de recebíveis e, ao longo de um ano, foram concedidos 100 milhões de reais em recebíveis não performados via um parceiro – pode parecer muito, mas representa uma receita marginal nos resultados da Cielo. Até agora.

Segundo EXAME apurou, neste mês, entraram em operação três outras modalidades: empréstimo com garantia de imóveis – também conhecido como home equity – em parceria com a Bcredi; antecipação de duplicatas de clientes e de fornecedores de clientes com a flip+ e com a Liberação Capital, além da concessão de financiamento que leva em consideração o faturamento médio em cartões do empreendedor, em parceria com a Money Plus.

"Pela importância do assunto, criamos uma superintendência separada para cuidar de crédito", diz Paulo Caffarelli, presidente da Cielo, durante entrevista com jornalistas na manhã desta quarta-feira, 29. "Essa nova estrutura específica vai modelar produtos de crédito, fazer parcerias e estruturar cobranças", afirma.

EXAME apurou também que, em novembro, a Cielo passa a oferecer conta de pagamento para seus clientes por meio do Cielo Pay – que hoje já conta com 100.000 clientes –, o que significa trazer o domicílio bancário dos usuários para a Cielo (que é controlada pelo Banco do Brasil e Bradesco). Isso será possível, porque o Banco Central autorizou que a credenciadora se torne emissora de moedas digitais.

Além disso, a adquirente será a emissora dos cartões das contas de pagamento que, até novembro, fica sob responsabilidade de sua controlada Cateno. Em determinado momento, a Cielo Pay poderá vender essa solução como um serviço para terceiros, no formato de white label (em que aparece a marca do cliente e não da adquirente).

Comodato

A maquininha, no entanto, ainda continua nos planos da companhia. Se até então a Cielo vendia ou alugava os POS, agora passará a fazer parcerias para fornecê-los na forma de comodato, ou seja, de graça desde que passem por eles um valor pré-definido. A primeira parceira é com a Donus, a conta digital da Ambev. "Ocorre em momento importante na recuperação da economia e do varejo", afirma Caffarelli.

Acompanhe tudo sobre:Cartões de créditoCielomeios-de-pagamento

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades