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Para a Avianca, a saída está no exterior

Em Santiago, a empresa anuncia a nova rota da empresa ligando o Chile a São Paulo

Aeroporto: quarta maior aérea do país, investe em novas rotas internacionais para driblar a crise no Brasil (Germano Lüders/Exame)

Aeroporto: quarta maior aérea do país, investe em novas rotas internacionais para driblar a crise no Brasil (Germano Lüders/Exame)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 07h18.

Última atualização em 11 de agosto de 2017 às 12h08.

Santiago A companhia aérea Avianca virou notícia há duas semanas quando decidiu cancelar seus voos a Caracas na esteira do acirramento da crise econômica e política do país. Isso não significa um recuo na estratégia internacional da companhia, como ficou claro nesta segunda-feira. Em Santiago, no Chile, o fundador da Avianca Brasil, José Efromovich, anunciou a nova rota da empresa, ligando o Chile a São Paulo.

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Os dois voos diários para a capital chilena com aeronaves Airbus são parte do processo de expansão de destinos e internacionalização da Avianca, projeto que começou a ganhar forma em julho deste ano, quando a empresa passou a voar para Miami, nos Estados Unidos (o destino de Bogotá, na Colômbia, já funcionava como hub da empresa há alguns anos). “A crise econômica fez com que adiássemos os planos desde 2015. Ainda não acho que este é o cenário mais favorável do Brasil, mas achamos que era hora de voltar a investir”, afirmou. O próximo destino deve ser Nova York, no fim do ano.

Quarta maior empresa aérea do país, a Avianca foi a única a crescer no primeiro quadrimestre deste ano entre as quatro brasileiras – com alta de 15,3%– e taxa de ocupação superior ao mercado, de 85,6%. Com 240 decolagens diárias e 50 aeronaves, a previsão é que a Avianca Brasil transporte 11 milhões de passageiros no país, ante 9,4 milhões em 2016 – o que garantiu 13% de participação e o quarto lugar no mercado.

Seus investimentos em novas rotas internacionais reforçam a estratégia das três maiores concorrentes: Azul, Gol e Latam. Para driblar a crise de passageiros no Brasil, todas elas buscam aumentar sua malha de voos internacionais. A previsão de consultores é de que cerca de 89 milhões de passageiros sejam transportados em voos domésticos esse ano, mesmo número que em 2016. A expectativa do setor, antes do agravamento da crise econômica, era de que ao menos 100 milhões de pessoas andassem de avião neste ano.

A Avianca vai aproveitar o período difícil do setor para também tirar da gaveta outro antigo projeto: ser incorporada pela holding colombiana – a família Efromovich comprou a Avianca, com sede na Colômbia, em 2004. Desde o início deste ano, uma equipe multidisciplinar da Avianca Holdings, que opera com sede na Colômbia, e da Avianca Brasil, preparam os trâmites para a união. “O banco UBS está ajudando na formatação desse negócio e queremos que esteja com tudo pronto até o final deste ano”, diz.

Com a incorporação da Avianca Brasil na holding, a empresa estaria automaticamente listada na Bolsa de Valores de Nova York e na Bolsa de Bogotá, na Colômbia, e deixaria de ser a única aérea brasileira fora do mercado de capitais. O negócio, explica Efromovich, não mudaria a estrutura societária, para ficar em acordo com as leis do mercado brasileiro, que limita a participação estrangeira em companhias de aviação. “Ainda não cogitamos a Bovespa, mas é um projeto em vista”, diz Efromovich.

O objetivo da união, segundo o executivo, não se baseia na necessidade de fomentar o caixa da companhia brasileira. “Estamos em uma situação financeira estável. Tivemos Ebitda positivo em 2015 e 2016 e este ano prevemos nosso primeiro lucro desde o começo da operação”, afirma. “A união das empresas traz sinergias importantes e robustez ao negócio”.

Baixo custo? 

Enquanto prepara a nova fase da companhia, Efromovich exerce um papel de conselheiro dos negócios, uma vez que a operação é tocada no dia-a-dia por Frederico Pereira, presidente da Avianca Brasil. “Meu foco é a questão estratégica, cuidar para que a nossa essência seja mantida”, afirma. E a essência, segundo ele, em nada tem a ver com uma companhia de baixo custo. “Não temos pretensão de ser a empresa com passagens mais baratas, nossa meta é ter o preço mais competitivo com serviços de qualidade”, diz.

Por isso, ele nem pensa em rever a questão de servir comida a bordo de graça, assim como fizeram as concorrentes. “Nunca fiz questão de saber detalhadamente quanto gastamos servindo alimentos, mas garanto que isso não faz uma grande diferença no caixa quando comparada a satisfação dos clientes”, afirmou.

Outro ponto em que a Avianca se mantém de fora das convenções do mercado, ao menos por enquanto, é a questão das bagagens. A empresa desenha um programa de precificação para beneficiar quem leva menos bagagens, mas fará isso em cerca de três meses.

Neste cenário de menos passageiro e mais competição, a verdade é que não é um bom momento para desagradar os clientes – e também é uma ótima hora para encontrar novas frentes de crescimento fora do Brasil. Na concorrente Latam, por exemplo, o tráfego internacional de passageiros representou aproximadamente 59% do total de passageiros em julho. Depois de dois anos ensaiando o que fazer fora do Brasil, a Avianca corre tenta acelerar seus planos internacionais – menos na Venezuela, evidentemente.

(A jornalista viajou a convite da empresa)

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