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Pão de Açúcar revê condições de crédito para os clientes

Para reduzir despesas, grupo vai diminuir prazo de financiamento sem juros nos hipermercados, no Ponto Frio e até na Casa Bahia

Pão de Açúcar: o grupo prevê investimentos de 1,3 bilhão de reais até o fim de 2010 (DIVULGAÇÃO)

Pão de Açúcar: o grupo prevê investimentos de 1,3 bilhão de reais até o fim de 2010 (DIVULGAÇÃO)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2010 às 17h31.

São Paulo - Para reduzir despesas financeiras e melhorar o resultado líquido, o Grupo Pão de Açúcar vai adotar condições de crédito menos facilitadas para os clientes. A revisão concentra-se nos prazos de financiamento sem juros, que serão reduzidos de 9,5 meses para 7,5 meses em suas lojas. São duas políticas diferentes, uma para o GPA e outra para a Globex. Outra medida tomada pelo grupo foi recorrer a um FIDC.

No GPA Alimentar, era possível financiar em 18 vezes sem juros no cartão FIC (Financeira Itaú CBD) ou em até dez vezes sem juros nos outros cartões. A partir de outubro, as condições de financiamento mudaram. "Concluímos que estávamos dando crédito grátis para quem não precisava", disse Hugo Bethlem, diretor de Relações Corporativas.

Agora, o prazo é menor. No cartão FIC, sem juros, as compras podem ser divididas em oito vezes. Nos outros cartões, em quatro. Há um plano de pagamento diferenciado para os cartões FIC, de 18 vezes com juros de 0,99% ao mês.

No Ponto Frio e Casas Bahia, "que tem vendedores que sabem negociar e acertam com o cliente caso a caso", segundo o diretor, haverá prazos de pagamento diferenciados por produto. Existirão itens de dez, oito, seis e quatro vezes sem juros – os produtos serão decididos e sua condição de pagamento poderá mudar com o tempo.

Nessas lojas, a condição especial será de 18 vezes com juros de 2,99%. No Ponto Frio, será usado o FIC; nas Casas Bahia, será usado o carnê da rede. O resultado tem sido positivo, segundo Bethlem. "Houve ganho de market share e o ritmo de crescimento de venda não se alterou. A prova maior é que, em outubro, eletroportátil e linha branca venderam mais que no Dia das Mães", disse.

A Casas Bahia continua com seu acordo de crédito com o Bradesco. A relação não foi alterada, segundo o diretor, mesmo com a entrada da Globex no capital da FIC. Desde o terceiro trimestre de 2009, a FIC assumiu também a operação de cartão de crédito da Globex e, em função do patrimônio líquido das empresas, a participação do GPA, sem Globex, na FIC passou a ser de 36%, e da Globex na FIC, de 14%. A participação consolidada do GPA na FIC continua a ser de 50%.

Outra medida do grupo para melhorar os resultados financeiros foi a estruturação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). A demanda foi acima de 2 bilhões de reais. O número obtido foi de 1,3 bilhão. A taxa é de 107,75% CDI – "uma taxa excepcional", segundo o diretor. O prazo médio tem sido de cinco meses.

Resultados

O Grupo Pão de Açúcar encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de 115,1 milhões de reais. O valor está "impactado pela despesa financeira", segundo Enéas Pestana, diretor-presidente do grupo. "Muitas decisões já foram tomadas", disse.

O valor é 30,1% inferior ao valor registrado no mesmo período de 2009. No balanço, a empresa atribuiu a queda à despesa financeira líquida do grupo e da Globex. "Reconhecemos que temos ajustes importantes a fazer nas receitas financeiras", disse Hugo Bethlem.


Nos três meses até setembro, o resultado financeiro líquido do grupo representou perda de 191,7 milhões de reais, ante 67,4 milhões de reais negativos um ano antes. O valor representou 2,7% das vendas líquidas. Se desconsiderado o efeito não-recorrente, a despesa financeira líquida teria sido de 173,7 milhões de reais, e o lucro líquido ajustado, de 132,6 milhões de reais, segundo a empresa.

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia somou 493,5 milhões de reais de julho a setembro, aumento de 41,8% ano a ano. Já a margem de ebitda cresceu de 5,7% para 7%.

O grupo prevê investimentos de 1,3 bilhão de reais até o fim de 2010. A expectativa é que a área de vendas atinja algo acima de 1,5 milhão de metros quadrados – serão inauguradas cinco lojas Extra e nove Assai. Os resultados dessas duas redes foram destacados pelo grupo.

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