Loja Pão de Açúcar Adega na rua Augusta (Pão de Açúcar/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 14 de dezembro de 2018 às 10h58.
A rede varejista Pão de Açúcar acaba de lançar uma loja física, um aplicativo e um site dedicados a vinhos, o Pão de Açúcar Adega. Com uma plataforma exclusiva, a empresa deverá conseguir oferecer mais produtos e rótulos mais caros do que é possível no limitado espaço de gôndola de um supermercado.
Os vinhos são uma categoria importante para a rede e representam cerca de 4% a 5% do total de vendas. A rede deve vender 12 milhões de garrafas esse ano, crescimento de 10% em relação ao ano passado. A bandeira Pão de Açúcar corresponde a 13,8% das vendas, que foram de 13,3 bilhões de reais no último trimestre.
A empresa tem uma marca exclusiva de vinhos, o Club des Sommeliers, hoje com mais de 90 rótulos. Também conta com o Viva Vinhos, clube de assinaturas de vinho lançado em 2016.
“A ideia da plataforma exclusiva surgiu para fortalecer a imagem da marca Pão de Açúcar como maior vendedor de vinhos do Brasil”, afirma Frederic Garcia, diretor-executivo dos formatos de Proximidade, Postos e Drogarias.
Na loja física, na rua Augusta em São Paulo, o consumidor contará com a ajuda de quatro atendentes treinados por Carlos Cabral, especialista em vinhos da companhia. Nas prateleiras, vinhos portugueses, franceses, chilenos e argentinos, entre outros. O espaço contará com destilados, como uma seleção de gins, uísques, vodcas e saquês, acessórios como abridores, decanters e taças e cervejas artesanais e premium.
Enquanto os supermercados tem cerca de 500 rótulos, a loja física tem 1.400 e o site, 1.900. Os preços também são diferentes dos praticados nos mercados: na plataforma exclusiva, os vinhos variam de R$ 40 a R$ 8 mil.
"O sortimento será diferente porque o consumidor está em um outro momento de compra. Quando ele vai a uma loja especializada, de qualquer produto, está disposto a gastar mais", afirma Rodrigo Pimentel, diretor de e-commerce alimentar do Grupo Pão de Açúcar. Além disso, expor os vinhos mais caros, ainda que sejam menos vendidos que os populares, é importante para fortalecer a marca Pão de Açúcar como referência no setor, diz o diretor.
Mais do que as vendas na loja física, o foco será nas vendas pela internet, pelo site ou aplicativo e a rede não pretende abrir outras lojas semelhantes no curto prazo. As compras feitas pelo site serão entregues em todo o Brasil, até onde o Pão de Açúcar não tem nenhuma unidade.
Concorrentes
Apesar de ser líder no setor, o Pão de Açúcar enfrenta uma demanda ainda baixa e a chegada de novos concorrentes no mercado. O consumo de vinho no Brasil é baixo perto de outros países, com apenas 2L per capita por ano. Apesar disso, nos últimos anos surgiram diversos concorrentes de venda de vinhos pela internet e clubes de assinatura.
Um dos concorrente da Adega Pão de Açúcar é a loja online Evino, que em 2017 faturou 265 milhões de reais – alta de 144% em comparação ao ano anterior. A empresa, que tinha previsão de faturar 1 bilhão de reais até 2020, no entanto, enfrenta uma série de problemas e precisou rever seu planejamento.
A menor safra dos últimos 60 anos, aliada à desvalorização do real ante dólar e o euro, aumentaram os custos para a Evino. A empresa precisou enxugar sua operação em quase 20%, o fundo Project A saiu da operação e a empresa passou a focar em rentabilidade.
Outro concorrente é a Wine, que em 2016 recebeu investimentos da Península Participações, fundo de Abilio Diniz, antigo dono do Grupo Pão de Açúcar.
Com 140 mil assinantes, o maior e-commerce de vinhos do país quer chegar a 1 milhão de clientes com pacotes mais baratos e assinatura prime, que dá direito a frete grátis.
Além de angariar mais assinaturas, a Wine já começou a colocar em prática seu plano de crescer também em lojas físicas. A intenção é chegar a nove lojas nos próximos doze meses e a 100 unidades em 25 anos.
O Pão de Açúcar afirma que o aumento da concorrência pode ser bom para seu negócio, já que democratiza o acesso à bebida. Com o novo formato, a categoria deve ganhar ainda mais relevância para a companhia.