Unidade do Pão de Açúcar: analistas do Itaú BBA não estão convencidos de que a política de mudança de juros não vá impactar as vendas (Vanderlei Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2011 às 19h15.
São Paulo – Os resultados de vendas apresentados hoje pelo Grupo Pão de Açúcar indicam crescimento em relação ao mesmo período de 2010. Mas, enquanto as vendas líquidas no terceiro trimestre foram 10,6% superiores às do mesmo período de 2010, no ano anterior, o crescimento havia sido de 16,6% em relação ao terceiro trimestre de 2009.
“Apesar do Pão de Açúcar continuar apresentando crescimento robusto de vendas, acreditamos que haverá uma desaceleração frente ao crescimento que foi entregue no ano de 2010”, segundo relatório da Ativa Corretora, assinado pela analista Julia Monteiro. O relatório explica a expectativa de desaceleração com base na “comparação robusta” com 2010 e no cenário macroeconômico interno mais contraído.
“Em 2011, ao longo dos trimestres, vimos um ano mais difícil”, disse Hugo Bethlem vice-presidente de relações corporativas da varejista. O ano de 2010 foi considerado “fora da curva e excepcional” por Bethlem, que discorda da comparação entre 2011 e 2010. “Os resultados atingidos agora são muito bons em um ano que todo mundo fala que está ruim’, disse
Os resultados vieram em linha com o esperado pelo mercado, e até melhores, considerando a atual situação da economia brasileira, segundo relatório do Raymond James Latin America assinado pelos analistas Daniela Bretthauer e Leonardo Libori. “Os resultados mostraram vendas sólidas, apesar da geral redução de velocidade na economia brasileira”, segundo o relatório.
Os analistas do Itaú BBA esperam ver melhorias contínuas na lucratividade na Globex, mas não estão convencidos de que a política de mudança de juros não vá impactar as vendas. O relatório do Itaú BBA ainda completou que “uma disputa entre os acionistas (Abilio Diniz e Casino), que pode distrair a atenção da administração, também não ajuda” – em referência a proposta de Abilio Diniz de união com o Carrefour, contrariando seu sócio Casino.
No terceiro trimestre, sem a Casas Bahia, as vendas brutas do GPA consolidado cresceram 9,5% em relação ao terceiro trimestre de 2010. As vendas líquidas aumentaram 10,6% no mesmo período.
Ponto Frio
É provável que a consolidação dos resultados da Casas Bahia no balanço tenha compensado um desempenho mais fraco no Ponto Frio, segundo relatório do Itaú BBA assinado pelas analistas Juliana Rozenbaum e Francine Martins.
O Ponto Frio teve um impacto de vendas nesse período, segundo Roberto Fulcherberguer, vice presidente comercial Globex. A rede trocou seus sistema de vendas durante esse trimestre, o que impactou as vendas durante alguns dias, segundo o vice-presidente.
A empresa não comenta separadamente as operações de Ponto Frio e de Nova Casas Bahia, mas afirma que o Ponto Frio não opera da maneira desejada, por causa do Cade – que ainda não avaliou a aquisição do Ponto Frio e da rede de lojas Casas Bahia pelo grupo. “Hoje ele não opera mesmo da forma que queríamos, lojas que deveriam ser convertidas ainda não foram”, disse Bethlem. No período, as vendas líquidas totais de Globex, que incluem as lojas do Ponto Frio, da Casas Bahia e da Nova Pontocom atingiram 4,926 bilhões de reais.
Destaques
A Ativa acredita que o destaque positivo da prévia de vendas foi o segmento de eletrônicos (que cresceu 12,6%) e ressaltou as vendas da Nova Pontocom. Para o Itaú BBA, a performance da Nova Pontocom foi mais fraca que o esperado. Os resultados da Nova Pontocom estão em linha com as expectativas, segundo Bethlem. A empresa deve encerrar o ano de 2011 com 20% de participação no mercado de internet, segundo o vice-presidente.
Dentro do GPA Alimentar, o Grupo Pão de Açúcar destacou o crescimento de venda em perecíveis (por causa da mudança de Compre Bem e Sendas para Extra Super, que tem mais perecíveis e melhor margem), os eletro eletrônicos (cuja venda nos hipermercados cresce alinhada ao crescimento da Globex) e o destaque em postos de gasolina, por causa da preferência por gasolina em 2011, em detrimento do álcool, que foi preferido em 2010.