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PagSeguro compra Wirecard Brazil

Processadora de pagamentos alemã pediu falência em junho após um escândalo de fraude no balanço

Ações da PagSeguro (PAGS34), Stone (STOC31) e NuBank (NUBR33 caem após decisão do Banco Central (Leandro Fonseca/Exame)

Ações da PagSeguro (PAGS34), Stone (STOC31) e NuBank (NUBR33 caem após decisão do Banco Central (Leandro Fonseca/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 08h35.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 09h12.

A processadora de pagamentos PagSeguro, do grupo UOL, anunciou nesta sexta-feira, 21, a aquisição da operação brasileira da alemã Wirecard. A Wirecard Brazil foi colocada à venda no início de julho depois que a matriz alemã pediu falência em meio a um escândalo de fraude no balanço que fez seu valor de mercado desabar 90% e um ex-presidente ser preso.

"Para a PagSeguro, a compra da Wirecard Brazil traz diversas vantagens, começando pelo aumento no volume total de pagamentos processados. Adicionalmente, a combinação dos pontos fortes da PagSeguro (marca, portfólio completo de serviços para maquininhas de cartão e combinação de transações com o PagBank) com os da WireCard Brazil (um dinâmico conjunto de soluções online que são complementares às principais soluções oferecidas pela PagSeguro) vai nos permitir oferecer opções de pagamento mais amplas e contas de pagamento digitais integradas que funcionam em todos os canais para milhões de consumidores", disse a processadora do UOL em comunicado à imprensa.

A Wirecard valia 13 bilhões de euros até meados de junho e era uma estrela do setor de tecnologia alemão. Apesar de ser a maior economia da Europa, a Alemanha tem um mercado financeiro dominado por empresas tradicionais, como grandes montadoras, bancos e indústrias, e sua economia ainda é menos digitalizada do que a de outras nações como a Suécia e o Reino Unido. Nesse sentido, a queda da Wirecard foi um baque muito além da companhia.

A derrocada começou quando a empresa anunciou que estava faltando 1,9 bilhão de euros em seu caixa, o que a forçaria a renegociar com bancos e a interromper pagamentos. No dia 19 de junho, o presidente e principal acionista da empresa, Markus Braun, deixou o dia a dia da companhia em acordo com o conselho de administração. Quatro dias depois, ele foi preso por suspeitas de manipulação de mercado e, depois, liberado após pagar fiança de milhões de euros.

Em 2018, ano de publicação do último balanço disponível, a Wirecard dizia que havia processado 125 bilhões de euros em pagamentos de cartões de crédito e débito com as bandeiras Visa e Mastercard, o que levou a um faturamento de 2 bilhões de euros. A companhia tinha mais de 250.000 empresas parceiras.

Segundo uma auditoria especial da KPMG, até metade das vendas da Wirecard pode ter ter sido inventada. O foco da aparente fraude eram as operações internacionais da companhia com parceiros obscuros, que compensavam as perdas em outras 40 frentes de negócio domésticas da companhia.

Pagamentos no Brasil

Segundo o comunicado à imprensa, a Wirecard Brazil tem mais de 200.000 clientes, incluindo plataformas de comércio eletrônico, marketplaces e lojas virtuais. Suas soluções estão disponíveis como APIs (application programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicativos, na sigla em inglês) e estão integradas em mais de 40 plataformas de comércio pela internet. Começou a operar o país em 2016, quando comprou a Moip por 165 milhões de reais.

A PagSeguro explodiu no Brasil com a Moderninha, uma maquininha portátil e mais acessível para pequenos comerciantes e prestadores de serviço. No primeiro trimestre do ano, teve faturamento de 1,59 bilhão de reais, uma alta de 26,9% ante o mesmo período de 2019. O lucro subiu 15,2% nesse intervalo, para 356,9 milhões de reais. O número de usuários ativos cresceu 1,1 milhão, para 5,5 milhões.

Detalhes financeiros sobre a compra da WirecardBrazil não foram divulgados. A transação ainda precisa ser aprovada pelos reguladores brasileiros.

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