Nova York - A distribuidora e fabricante norte-americana de produtos de bens de consumo em massa Procter & Gamble negou nesta segunda-feira as acusações de evasão fiscal lançadas pelas autoridades argentinas que suspenderam suas atividades no país, e assegurou que paga "todos" os seus impostos.
"A P&G cumpre com todos os impostos que deve em cada país, em cada jurisdição no mundo todo", escreveu em em um comunicado a fabricante de lâminas de barbear Gillette e fraldas Pampers. A fabricante explicou ainda que a Argentina representa apenas 1% de suas vendas e uma "pequena porcentagem de seus lucros".
Em seu último exercício fiscal, a P&G faturou 83,1 bilhões de dólares.
"Estamos tentando entender melhor as acusações (da Argentina) para responder de forma construtiva", completou a firma.
A autoridade fiscal da Argentina suspendeu a multinacional por fraude fiscal relacionada com operações de importação do Brasil por 138 milhões de dólares, informou à AFP no domingo.
A Administração Federal de Receitas Públicas disse que as mercadorias que entraram no país vindos do Brasil eram faturadas através de uma filial localizada na Suíça, o que teria permitido que a empresa enviar divisas ao exterior.
O governo afirma que a manobra, que inclui mais de 2.500 operações, pode constituir contrabando grave.
Procter & Gamble pode voltar a operar na Argentina após pagamento de impostos e multas.
"A P&G leva a sério suas responsabilidades, entre elas respeitar as leis dos países onde opera", se defendeu a empresa, que afirma valorizar suas relações com Argentina e com os consumidores argentinos.
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1. O jeitinho americano
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1/6 (AFP)
São Paulo – Elas faturam bilhões de dólares por ano e são referências mundiais nos setores em que atuam. O que é pouco conhecido é que algumas das maiores empresas do mundo são, também, hábeis em driblar o Tesouro dos Estados Unidos. Um levantamento da ONG americana
Citizens for Tax Justice apontou 30 multinacionais sediadas nos Estados Unidos que, de um jeito ou de outro, passaram os últimos três anos sem pagar nenhum centavo de imposto – algumas conseguiram, inclusive, restituir parte do que deveriam pagar. O descontentamento da ONG com a situação a levou a apelidar o grupo com o nada honroso título de “Dirty 30”, algo como “30 Sujas”. Para se esquivar do Fisco, as empresas gastaram milhões de dólares em lobbies e advogados. Veja, a seguir, alguns casos reproduzidos pelo jornal
The Daily Beast.
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2. General Electric
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2/6 (Getty Images)
Entre 2008 e 2010, a
GE obteve um lucro de 10,5 bilhões de dólares somente nos Estados Unidos. Apesar disso, a companhia não pagou nada de impostos federais no país, e ainda obteve uma restituição de 4,7 bilhões de dólares. Como? A GE possui um batalhão de 975 especialistas em tributação, muitos dos quais já trabalharam em órgãos do governo americano como o próprio Tesouro. Além disso, gastou 84 milhões de dólares em lobbies no Congresso.
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3. Wells Fargo
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3/6 (Justin Sullivan/Getty Images)
O
Wells Fargo lucrou 49 bilhões de dólares entre 2008 e 2010. Os impostos a pagar foram cobertos por 680 milhões de dólares em restituições. No mesmo período, a instituição gastou 11 milhões em lobbies com parlamentares.
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4. Verizon
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4/6 (Justin Sullivan/GETTY IMAGES)
Um dos maiores grupos de telecomunicações do mundo, a
Verizon lucrou 32 bilhões de dólares nos Estados Unidos entre 2008 e 2010. O imposto americano sobre lucro, nesse setor, é de 35% - o que a obrigaria a pagar cerca de 11 bilhões de dólares. Contudo, a empresa investiu 52,2 milhões de dólares em lobbies no período, e o resultado foi uma restituição de 950 milhões de dólares em impostos. Segundo o The Daily Beast, na prática, isso significa um subsídio de 12 bilhões à empresa (o imposto não pago, mais a restituição).
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5. Boeing
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5/6 (Divulgação)
A
Boeing, que disputa com a europeia Airbus a liderança do mercado mundial de aviões, lucrou 10 bilhões de dólares somente nos Estados Unidos entre 2008 e 2010. Apesar disso, obteve uma taxa negativa de impostos (pagamentos menos restituições) de 1,8%. A estratégia? Empenhar 52 milhões de dólares na pressão de parlamentares.
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6. DuPont
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6/6 (Gladstone Campos/DuPont/Gladstone Campos/DuPont)
A
DuPont, um dos maiores grupos de química do mundo, obteve uma taxa negativa de impostos de 3,4% entre 2008 e 2010. Isto porque, entre impostos pagos e restituições, a empresa conseguiu de volta 72 milhões de dólares em tributos federais. A companhia desembolsou 13,8 milhões de dólares em lobbies no período. Além disso, mantém 12 subsidiárias em paraísos fiscais, segundo o The Daily Beast.