Negócios

Otimismo empresarial no Brasil recua no início de 2025

Pesquisa da Grant Thornton revela que o otimismo empresarial caiu de 80% para 74%, com inflação, juros altos e dívida pública entre os principais desafios

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de janeiro de 2025 às 08h08.

O clima entre os empresários brasileiros está mais cauteloso. A confiança no futuro da economia e dos negócios caiu no último trimestre de 2024, mostrando os desafios crescentes enfrentados pelo mercado interno. O International Business Report (IBR), estudo global da Grant Thornton, revelou que o otimismo no Brasil recuou de 80% para 74%, refletindo preocupações com juros altos, inflação e instabilidade econômica.

A pesquisa, que consultou 4 mil líderes empresariais em 31 países, destacou a burocracia, a falta de mão de obra qualificada e a escassez de crédito acessível como os principais entraves para os negócios no Brasil. O cenário se torna ainda mais desafiador com o aumento da dívida pública e as expectativas de elevação da inflação, dificultando o planejamento das empresas.

“Os juros altos retraem o consumo e os financiamentos, o que aumenta as incertezas sobre investimentos e crescimento. A inflação, por sua vez, cria um ambiente econômico instável, complicando decisões estratégicas”, diz Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil.

Apesar das adversidades, alguns setores encontram espaço para crescimento. As exportações brasileiras aumentaram, com o indicador do setor subindo de 60% para 66% no último trimestre. Isso se deve, em parte, à desvalorização do real, que beneficiou os exportadores. Em contrapartida, essa mesma desvalorização pressionou o custo de vida e o planejamento das empresas voltadas ao mercado interno.

“O ano de 2024 foi marcado por uma significativa depreciação do real frente ao dólar, o que encareceu as importações e impactou o poder de compra. Esse cenário reforça as dificuldades enfrentadas pelas empresas brasileiras, especialmente em setores dependentes de insumos externos”, explica Maranhão.

O estudo também apontou que 67% dos empresários pretendem aumentar os preços dos produtos em 2025, o maior índice desde 2011. Ao mesmo tempo, a busca por inovação e eficiência operacional tem sido uma alternativa para contornar a crise.

“Planejamento, preservação de caixa e inovação são fundamentais. No entanto, a escassez de mão de obra qualificada continua sendo um entrave para o crescimento sustentável a longo prazo”, diz Maranhão.

O impacto fiscal e o futuro da economia

Outro ponto de preocupação destacado pela Grant Thornton é o endividamento público, que, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), pode alcançar 82,2% do PIB em 2025. Em 2024, a dívida já representava 78,5% do PIB. Esse cenário levanta incertezas sobre possíveis aumentos de impostos e cortes de gastos, dificultando ainda mais o otimismo empresarial.

Globalmente, os empresários brasileiros também sentem os efeitos de conflitos geopolíticos, como os registrados em outras regiões, que seguem como motivo de preocupação para 30% das lideranças consultadas.

Mesmo com essas incertezas, o mercado brasileiro tem explorado soluções para mitigar os impactos econômicos. Entre as estratégias estão ajustes orçamentários e o uso de tecnologias para aumentar a eficiência e reduzir custos. No entanto, a conjuntura atual exige resiliência e planejamento criterioso para superar os desafios internos e externos.

Acompanhe tudo sobre:Nível de confiançaEmpresários

Mais de Negócios

38 franquias baratas para empreender a partir de R$ 2.500 sem abrir mão dos finais de semana

Cimed fatura R$ 3,6 bi em 2024, bate recorde em dezembro e mira mercado do Ozempic

Este mineiro começou no negócio pendurando fios em postes. Hoje lidera uma empresa de R$ 400 milhões

Elas investiram US$ 600 mil para começar seu negócio; hoje, ele fatura US$ 4,6 milhões por mês