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Os surreais resultados da Alibaba, que vendeu US$ 1 trilhão em um ano

Apesar do coronavírus na China, dona do AliExpress divulgou vendas acima do esperado para o primeiro trimestre e o ano fiscal encerrado em março

Alibaba: lucro caiu 99% com perdas em investimentos, mas empresa foi menos impactada pelo coronavírus (Aly Song/File Photo/Reuters)

Alibaba: lucro caiu 99% com perdas em investimentos, mas empresa foi menos impactada pelo coronavírus (Aly Song/File Photo/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 22 de maio de 2020 às 10h44.

Última atualização em 22 de maio de 2020 às 13h41.

Há muito pouco da crise do coronavírus na empresa de comércio eletrônico Alibaba. A varejista chinesa divulgou nesta sexta-feira, 22, seus resultados do primeiro trimestre de 2020 e do ano fiscal encerrado em março, e os números fazem inveja a outras empresas mais impactadas pela pandemia.

No ano fiscal encerrado em março, que inclui a operação de 2019, a empresa chegou ao recorde interno de 1 trilhão de dólares em produtos vendidos (o chamado GMV), incluindo as vendas de terceiros no marketplace. Dessas vendas, o faturamento anual foi de 72 bilhões de dólares, alta de 35%.

Entre janeiro e março deste ano, já com maior impacto da crise do coronavírus, o faturamento cresceu 22% na comparação com o mesmo período de 2019, para 16,1 bilhões de dólares.

Mas apesar da alta nas vendas, o lucro líquido da empresa caiu 99% no primeiro trimestre, para 49 milhões de dólares. A Alibaba afirma no balanço que as perdas vieram da queda nos mercados, que levou a empresa a perder dinheiro com investimentos. Descontados estes fatores, a companhia afirma que o lucro foi de 3,5 milhões de dólares, alta de 11%.

O resultado da empresa também foi impactado por interrupções na cadeia logística em meio à paralisação de diversas cidades chinesas.

"Apesar do trimestre desafiador devido à redução das atividades econômicas à luz da pandemia da covid-19 na China, atingimos nosso guidance anual", escreveu Maggie Wu, diretor financeiro da empresa, no balanço. "Embora a pandemia tenha impactado negativamente a maior parte do nosso negócio comercial a partir do fim de janeiro, temos visto uma recuperação estável desde março."

Ano de ouro

O ano de 2019 foi nada menos que de crescimento exponencial para a varejista chinesa. Além da alta no faturamento, o lucro líquido, ao contrário do resultado do trimestre, subiu 75%, para 19,8 bilhões de dólares, puxado também por ganhos em investimentos.

Boa fatia dos resultados ainda vem da China, que concentra a maior parte da operação da empresa. Do total de 1 trilhão de dólares em vendas anuais, só cerca de 50 bilhões de dólares são fora do país (ou cerca de 5% das vendas).

A Alibaba tem dado alguns passos rumo a uma maior internacionalização, mas ainda pequenos: a empresa abriu no ano passado sua primeira loja física fora da China, em Madrid, e, no Brasil, fez parceria com a fintech Ebanx para uma exposição temporária de produtos da AliExpress em Curitiba.

Por ora, o mercado interno vem se mostrando suficiente. O varejo chinês está acostumado a números estrondosos: no ano passado, só o Dia do Solteiro, organizado pela Alibaba e conhecido como uma espécie de "Black Friday" chinesa, gerou 38 bilhões de dólares em vendas, um recorde.

Para empresas de e-commerce como a Alibaba, que não tem operação física relevante, a quarentena também intensificou as compras online. Entre janeiro e março, a empresa adicionou 22 milhões de novos usuários únicos mensais só na China. São 960 milhões de usuários ativos anualmente no mundo, 780 milhões deles na China e 180 milhões no exterior.

A Alibaba, assim como outras empresas chinesas, viu a crise do coronavírus chegar mais cedo do que nas companhias ocidentais, como as brasileiras. O primeiro caso de coronavírus na China foi oficialmente divulgado em janeiro, começando na cidade de Wuahn, e, em fevereiro, parte do país já estava em lockdown, bloqueio total de atividades.

A gigante chinesa também fatura com seus serviços de tecnologia em nuvem, em alta com as empresas buscando alternativas de home office. No longo prazo, a companhia deve ser beneficiada pela crise com o avanço da digitalização na já digitalizada China. No país, 40% das vendas já são feitas online -- ante cerca de 6% no Brasil, segundo dados da consultoria especializada em negócios digitais eMarketer.

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