JSL: há o temor de uma nova greve dos caminhoneiros, que derrubou as ações da empresa no ano passado (JSL/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2019 às 06h32.
Última atualização em 8 de maio de 2019 às 06h58.
A companhia de logística JSL, maior empresa do setor no país, divulga resultados nesta quarta-feira, nove dias após cancelar a oferta pública de ações de sua subsidiária Vamos, que atua na locação de equipamentos e caminhões. Os motivos do cancelamento, segundo a controladora, foram as “condições de mercado que afetaram a operação durante o processo”.
De acordo com o jornal Valor Econômico, a explicação seria a falta de investidores interessados em pagar o patamar de preço pretendido pela companhia. Como não havia demanda para a faixa de preço de R$ 17 a R$ 21, a controladora desistiu de fazer a abertura de capital da empresa.
O IPO da Vamos foi visto com ressalvas por parte do mercado. A casa de análises Suno Research, por exemplo, destacou o fato de que 73% dos recursos da oferta seriam direcionados ao controlador, ou seja, à JSL. “Nos parece claro que a principal intenção do controlador com esta oferta é financiar suas próprias atividades acima de tudo, deixando a Vamos em segundo plano, já que a participação do controlador passará de 99% para apenas 56,4%”, escreveu em relatório.
O tema também foi abordado pela Nord Research, que classificou a JSL como um “negócio difícil”. Segundo a casa de análises, a JSL fez seu IPO em 2010 e só conseguiu se erguer recentemente, com ajuda da Movida – locadora de carros também controlada pela JSL e que abriu capital em 2017.
A desconfiança de alguns analistas chama a atenção para os resultados que a JSL divulga hoje. A seu favor, a companhia tem os números de 2018. A receita da empresa cresceu 12,3% no ano passado, chegando a 8,1 bilhões de reais. No mesmo período, a empresa apresentou lucro líquido recorde de R$ 189,2 milhões, resultado 11 vezes maior que o do ano anterior, de 16,7 milhões de reais. O resultado se deve em parte a uma reestruturação interna realizada nos últimos três anos e que dividiu a empresa em cinco empresas independentes: Movida, CS Brasil, Vamos e JSL Logística.
Jogando contra está o momento do setor de logística, que vive dias conturbados no Brasil. Os caminhoneiros têm ameaçado entrar em greve novamente, depois que a Petrobras aumentou o preço do diesel em 5,7%, em abril. O aumento foi revisto após determinação do presidente Jair Bolsonaro e a greve foi cancelada, por ora.
A greve dos caminhoneiros de 2018 fez as ações da JSL despencarem na bolsa. Desde então, os papéis da companhia subiram 180%. Com o cancelamento do IPO da Vamos, caíram um pouco, mas já estão em trajetória de alta. Os números de 2019 vão mostrar a direção que vem pela frente – a não ser que uma nova greve mude novamente os planos.