Oi: empresa quer voltar a ser a supertele impulsionada pela Portugal Telecom (Marcelo Correa)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 08h26.
São Paulo – Sete meses depois do desembarque da Portugal Telecom no capital da Oi, os portugueses finalmente começam a desenhar um plano de negócios para fazer com que a companhia brasileira se transforme na supertele sonhada pelo governo passado. Entre as primeiras ações pedidas pelos portugueses à direção da Oi, está o investimento pesado em telefonia móvel.
Depois de reforçar a presença no mercado brasileiro, a PT e a Oi também querem expandir seus negócios para América Latina e África, além de reorganizar o emaranhado da estrutura societária e unificar seus call centers para atender melhor os clientes. “O objetivo é ser uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo nos próximos cinco anos”, disse a EXAME.com uma fonte ligada à Portugal Telecom. Veja abaixo quais serão os primeiros passos das operadoras.
Foco no mercado brasileiro, principalmente em telefonia móvel - Com 19,4% de participação em telefonia móvel, a Oi ocupa apenas a quarta posição do ranking, longe da líder Vivo, que tem 29,71%. Para reverter essa situação, a operadora concentrará esforços – boa parte dos 12 bilhões de reais vindos dos dois aumentos de capital previstos na chegada dos portugueses à empresa – na telefonia móvel. Em 2009, aliás, a situação era mais confortável: a Oi tinha 20,73%. “É imprescindível ganhar mercado em celulares para fazer frente às outras operadoras, e é isso que será priorizado. É um segmento com grande potencial de crescimento para a Oi”, diz a fonte. “Em São Paulo, por exemplo, estamos há pouco tempo e não exploramos todo o potencial”.
Hoje, a Oi contabiliza perda também nos segmentos de telefonia fixa, banda larga e internet. Eles receberão investimentos em novas tecnologias, vindas dos centros de pesquisa da PT no país. A perda de mercado da Oi aconteceu em redutos onde ela era mais tradicional, como o Nordeste e o Rio de Janeiro, onde ainda tem participação dominante. Os planos incluem crescer em áreas relativamente novas para a companhia, como São Paulo e as regiões Sul e Centro-Oeste.
Internacionalização - “É natural que, depois de se estabelecer no mercado brasileiro, a empresa expanda suas operações. Entre os mercados promissores, estão a América Latina e a África, onde a PT tem operações”, diz a fonte ligada aos portugueses. O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, já havia assinalado boas chances de parceria com a PT no exterior, seja criando operações ou adquirindo empresas locais. O plano estratégico da PT, que termina neste ano, era ter 100 milhões de clientes, presença na América Latina e África, e metade da receita vinda de fora de Portugal (hoje, 60% vêm do Brasil).
Na África, a Portugal Telecom é acionista da Unitel, a maior empresa de telecomunicações de Angola, com participação de 25%. A empresa atende a 4,5 milhões de clientes, distribuídos em 115 municípios - o equivalente a quase 56% do mercado. A PT não é a única portuguesa no país; há também a TMN na briga por clientes.
O último passo concreto que a Oi tomou, sozinha, em direção a outras fronteiras foi a parceria firmada, no final de janeiro, com a rede portuguesa de televisão SIC Internacional, que passa a integrar a oferta da Oi TV. A SIC já é distribuída pelas principais operadoras como a NET, a Sky e a Embratel. O grupo conta atualmente com uma cobertura de cerca de 80% do mercado de televisão por assinatura no Brasil.
Simplificação societária - O emaranhado de empresas e acionistas que compõem a estrutura societária da Oi e da Portugal Telecom é outro ponto a ser visto, a fim de dar mais agilidade à administração da empresa e melhorar o diálogo com o mercado financeiro. “Não se trata de um problema, porque a Oi conseguiu organizar sua estrutura depois da fusão com a Brasil Telecom”, diz a fonte. Tempos atrás a entrada dos acionistas minoritários da BrT, empresa adquirida pela Oi em 2008, foi considerada mais um complicador para a estrutura da empresa.
Hoje quatro acionistas (AG Telecom, LF Tel, Fundação Atlântico e BNDES/Fundos de pensão) controlam 100% das holdings Telemar Participações, que controla a Tele Norte Leste (TNL), que por sua vez controla a Telemar Norte Leste (TMAR). No total, são sete ações diferentes listadas em bolsa. Com a associação, a Portugal Telecom passará a controlar 35% da AG Telecom e da LF Tel e terá participação direta na TNL e na TMAR.
Unificação dos call centers - O eterno problema das empresas de telecomunicações: os call centers que deixam os clientes esperando por horas e nem sempre resolvem os problemas. Para dar mais agilidade aos serviços e evitar a irritação dos usuários, a PT e a Oi vão fundir as respectivas empresas de atendimento ao cliente, a Dedic e a Contax.
Para isso, a PT vai entrar na CTX Participações, empresa da Oi que detém a Contax. Para a operação seguir, a portuguesa, a AG Telecom e a LF Telecom vão adquirir participações do BNDES, Previ, Funcef e Petros, num total de 44,2% da CTX, calculada em 316 milhões de reais. A fusão vai dar origem ao maior grupo de call center e terceirização de serviços do Brasil, com mais de 100.000 funcionários. Espera-se uma qualidade condizente ao tamanho da empresa.
O acordo para a fusão das operações prevê a compra da Dedic por meio de uma troca de ações. Ao final das negociações, a PT terá também 19,9% de controle direto na CTX. A Portugal Telecom tentou vender a Dedic para a espanhola Telefônica, sem sucesso. O maior cliente da empresa é a Vivo e, a expectativa é de que essa conta seja transferida para a Atento, braço da Telefônica para atendimento ao cliente.