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Os planos da InDrive para se consolidar como a terceira via da mobilidade no Brasil

O aplicativo russo tem um plano robusto para ganhar espaço no concorrido mercado brasileiro. Entre as estratégias, crédito para motoristas e taxa fixa por corrida

Stefano Mazzaferro, country meneger da Indrive no Brasil  (InDrive/Divulgação)

Stefano Mazzaferro, country meneger da Indrive no Brasil (InDrive/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 12h59.

Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 14h02.

Há seis meses, Stefano Mazzaferro assumiu um cargo no aplicativo de mobilidade InDrive que, até então, não existia no Brasil. Com o título de country manager, o jovem executivo tem o desafio de impulsionar a companhia russa num mercado com dois gigantes consolidados: Uber e 99.

A companhia não informa sua participação de mercado no Brasil. No primeiro semestre de 2023, a Uber detinha 61% do mercado, enquanto a 99 possuía 39%, de acordo com dados da consultoria americana Measurable IA. Outros players, como o Cabify, decidiram encerrar suas operações por aqui durante a pandemia.

Mazzaferro entende bem a complexidade deste mercado. Ele trabalha no setor há sete anos, com passagens pela 99 (antes de ser adquirida pela chinesa Didi) e pela Kovi, na qual trabalhou desde o início da operação. Entretanto, acredita que há espaço para uma terceira via.

"O mercado brasileiro não pode ter dois players. O espaço para crescimento existe quando você traz uma proposta de valor diferenciada, como a que oferecemos", diz Stefano Mazzaferro.

Dos 46 países onde o InDrive opera, poucos têm uma liderança local. Desde 2018 por aqui, o Brasil foi adicionado recentemente a seleta lista de mercados com alto potencial de crescimento, ao lado de países como México e Colômbia.

Para conquistar espaço, o aplicativo oferece a negociação entre passageiros e motoristas. O usuário pode escolher o motorista e negociar o valor da corrida no aplicativo. (Neste ano, passou a testar no Brasil a opção de corridas sem negociação). Mas não para por aí. A ideia é popularizar o aplicativos entre motoristas brasileiros com oferta de crédito e taxa fixa de 10% por corrida.

"Na InDrive, temos o compromisso de lutar contra injustiças sociais. Queremos entregar valor e equidade às comunidades em que operamos", diz Mazzaferro.

O aplicativo já foi baixado 40 milhões de vezes no país. Entre os motoristas, 1,1 milhão já fizeram alguma corrida com a inDrive em seis anos de operação no Brasil. A empresa calcula que a operação já movimentou R$ 10 bilhões no Brasil, valor que inclui pagamento a motoristas, prestadores de serviço, campanhas de marketing e outros investimentos.

Da Sibéria para o Brasil

A InDrive foi criada em 2012 por Arsen Tomsky na cidade de Yakutsk, na Sibéria. Na época, os moradores da cidade enfrentavam um cartel de taxistas. "Os usuários enfrentavam dificuldades para encontrar serviços de transporte acessíveis e confiáveis, e os preços eram muitas vezes altos e injustos", diz Mazzaferro.

A InDrive nasceu com a premissa de permitir que passageiros solicitassem corridas de forma mais justa, escolhendo não apenas o motorista, mas também o preço da corrida. Além disso, a taxa cobrada por corrida é fixa 10%, bem abaixo do que é praticado pelos concorrentes.

Desde seu lançamento, a companhia se expandiu rapidamente. Com sede em Mountain View, Califórnia, a companhia atua em 46 países e 779 cidades e 200 milhões de downloads ao redor do mundo.

O Indrive, assim como outros aplicativos, enfrentam críticas pela oferta de serviços sexuais em suas plataformas. Perguntado sobre o assunto, Mazzaferro disse que a companhia tem investido no uso de inteligência artificial para detectar qualquer tipo de atividade suspeita e banir contar - tanto de motoristas quanto de passageiros.

O lado fintech: microcrédito para motoristas

A InDrive está planejando oferecer microcréditos para motoristas no Brasil. De olho na falta de acesso a crédito dos motoristas, a companhia começou a testar o modelo de empréstimo no México no último ano, com valores entre 200 a 400 dólares. O executivo afirma que a taxa de aprovação de crédito é alta a inadimplência pequena.

"Os motoristas usam esse crédito para cobrir despesas relacionadas à atividade de transporte, como manutenção de veículos e combustível. Ao oferecer acesso a empréstimos, ajudamos os motoristas a realizar mais corridas, beneficiando tanto eles quanto a InDrive", diz o representante da empresa.

Entregas, mas longe do Ifood

A companhia começou a operar no mercado de entregas há cerca de ano e meio, mas não inclui alimentos, mercado dominado pelo Ifood.

A InDrive atende tanto usuários individuais que solicitam transporte de itens, quanto soluções voltadas para atender empresas que necessitam de serviços de "last mile" para conectar mercadorias a seus clientes.

O executivo afirmou que o mercado de entrega de perecíveis é mais concorrido e que os outros segmentos são mais atrativos no momento. Atualmente, a área de entregas da companhia é a principal responsável pelo crescimento no Brasil.

"Estamos comprometidos em explorar oportunidades de crescimento no setor de entregas, pois acreditamos que esse segmento será fundamental para o nosso futuro no Brasil", diz o representante da InDrive.

Aquisições em 2025

A Indrive busca fortalecer seu posicionamento no mercado por meio de aquisições estratégicas. O executivo ressaltou que essas aquisições são vistas como uma maneira de reforçar a presença da companhia em diferentes verticais de negócio.

Neste ano o aplicativo recebeu a segunda parte do aporte de U$ 150 milhões liderado pela venture capital General Catalyst, que também investe em empresas como Canva, Snap e Airbnb.

"Estamos focados em crescer com aquisições estratégicas que nos permitam fortalecer nossa presença e expandir nossas ofertas. Já avaliamos mais de 100 empresas potenciais para aquisições no Brasil", diz o executivo.

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