Negócios

Os planos da Harley-Davidson para se relançar no Brasil

Harley inaugura subsidiária no país – a segunda da América Latina –, nova fábrica e terá preços mais baixos e novos modelos

Marca americana reforçou o relacionamento com o consumidor para voltar a fazer sucesso

Marca americana reforçou o relacionamento com o consumidor para voltar a fazer sucesso

DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 09h53.

São Paulo – A montadora americana Harley-Davidson está relançando seus negócios no Brasil. A companhia inaugura em março uma subsidiária na capital paulista, a segunda da América Latina, depois da unidade mexicana, com investimentos (não revelados) da matriz no Estados Unidos. Além disso, a Harley, que assumiu o controle das operações brasileiras antes nas mãos do Grupo Izzo no dia 8 de fevereiro, prepara o lançamento de 22 concessionárias em duas fases.</p>

Na primeira delas, que começa a partir de março, serão 12 concessionárias com foco em pós-vendas (já são dois centros de assistência técnica desde o dia 8 de fevereiro – uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte). “Elas estarão concentradas no eixo Sul-Sudeste, onde já tínhamos concessionárias”, disse a EXAME.com Longino Morawski, diretor-superintendente comercial da Harley no Brasil, responsável pelas operações da empresa no país, com passagens por tradicionais montadoras como GM e Toyota. As outras sete ficarão no Rio de Janeiro (com duas), Curitiba, Campinas (SP), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e Brasília (DF). Na fase seguinte, a montadora focará no emergente mercado do Nordeste, em cidades como Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE) – além, claro, de outras cidades do Sul e do interior paulista. “Temos cerca de 30.000 unidades espalhadas pelo país e muitos compradores em potencial naquela região.”

A fabricação das motos também continua no país, em Manaus (AM). A diferença é a inauguração de uma nova fábrica, em setembro, com capacidade para 20.000 unidades anuais contra as 12.000 da antiga unidade (que, no passado, produziu apenas 4.000 unidades). “Grande parte das peças vem dos Estados Unidos para montarmos as motos, mas a ideia é que tenhamos a fabricação local das peças no futuro”, diz Morawski, que responderá à Mark Van Ganderen, vice-presidente de operações para a América Latina, com sede em Miami. Sobre a possibilidade de ter uma unidade fabril perto de seus principais mercados, no Sul e Sudeste, Morawski afirma que não faz parte dos planos da companhia, já que os benefícios fiscais da zona franca de Manaus compensam a instalação na região Norte.

São Paulo, a base da Harley no Brasil - Em São Paulo, onde ficará a subsidiária brasileira, uma equipe de 40 executivos será comandada por Morawski nas áreas de gerência, vendas, marketing, serviços, relacionamento com a imprensa, entre outras. “A partir de março, já mudamos para lá”, diz ele sobre o escritório que ficará na Avenida Morumbi, na zona sul da capital paulista, num prédio exclusivo para a montadora. A partir de maio, lá também funcionará um centro de treinamento dimensionado para capacitar 300 funcionários de toda a América do Sul (nos outros países, a montadora tem contrato de exclusividade com distribuidoras locais, como acontecia no Brasil com o Grupo Izzo).

Na região do Rodoanel, que liga as cidades da Grande São Paulo, a Harley terá um centro de distribuição de peças para evitar a maior reclamaçaão dos clientes: a demora para entregar as encomendas. “Antigamente demorava pelo menos 15 dias para que o cliente conseguisse uma peça. Com essa proximidade, o tempo cairá para um dia em São Paulo e, no máximo, três para outros mercados”, diz Morawski.


Preços baixos e novos modelos - Para ganhar mais a atenção do público, a montadora fará investimentos em marketing e diminuirá os preços de alguns modelos, mas o valor será anunciado a partir de março (os 13 disponíveis variam entre 26.000 a 80.000 reais, e a empresa já prepara novidades para 2012). A ideia é ampliar a participação da Harley no país, que há quatro anos representa 5% das vendas totais do grupo. “Como neste ano estamos começando toda essa reestruturação, vamos manter a previsão para até 5.000 unidades”, diz o executivo. “Mas sabemos que o Brasil tem grande potencial de ser um dos maiores mercados da Harley fora dos Estados Unidos.” Hoje a situação está longe de ser confortável. Neste ano, a montadora vendeu 260 unidades, nem perto da líder Honda, que vendeu 135.141 – o que corresponde a 81,9% do total.

Batalha na Justiça – Antes de assumir as operações brasileiras, a Harley tinha um contrato de exclusividade de vendas com o Grupo Izzo. A montadora apenas produzia as motos na antiga fábrica de Manaus para que o grupo cuidasse de todo o resto – preço, vendas, assistência técnica. O contrato havia sido assinado há 19 anos, até que, em junho de 2010, a justiça determinou a quebra dessa exclusividade. Segundo Morawski, o contrato com o Izzo foi assinado naquela época, porque o mercado brasileiro ainda era pequeno e fechado.

A Harley entrou com o pedido em março passado, alegando que o grupo comercializava outras marcas, como Ducatti e Benelli, além de prestar maus serviços aos clientes e ter estoque de peças insuficiente. Três meses depois, o juiz Carlos Eduardo Borges Fantacini, da 26ª Vara Cível de São Paulo, julgou procedente a ação. A sentença, de primeira instância, ainda previa uma indenização à montadora de 3 milhões de reais por danos materiais e morais, além de proibir o Grupo Izzo de promover, anunciar, expor à venda e/ou alienar produtos de quaisquer outras marcas que não Harley-Davidson. Em abril, o grupo conseguiu derrubar a liminar da montadora americana. Só no final de dezembro, os executivos das empresas resolveram entrar em um acordo (com detalhes não revelados) fora da Justiça. 

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